Ruínas - Capítulo 155

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- Eu disse por precaução, mas devia saber que não ia adiantar nada, meu pai come na sua mão. – Riu junto com ela.

- Na verdade, ele estava bem decidido a não me entregar, mas ai eu falei que ia vir sem o endereço e ficar perdida, ai ele ficou preocupado.

- Você não faria isso. – Micael arregalou os olhos.

- Eu estava tão decidida que eu faria sim. – Piscou um olho. – Não vou deixar você se livrar de mim.

- Será que a gente é louco? – Ele colocou as mãos atrás da cabeça e ficou olhando o teto. Sophia se aproximou e deitou em seu colo. – Louco de embarcar nessa de novo, mesmo todas as vezes anteriores terem dado errado?

- Um pouquinho. – Se apertou. – É clichê demais dizer que agora vai ser diferente?

- Acho que sim, já que toda vez a gente falou isso. – Soltou uma risadinha. – Mas eu prometo que vou tentar fazer tudo diferente.

- Eu não preciso de promessas. – Os dois estavam no escuro, não conseguiam ver as expressões um do outro. – Eu preciso de atitudes, eu quero que confie em mim.

- Eu também quero isso. – Tirou um das mãos detrás da cabeça e abraçou Sophia. – Eu quero que a gente consiga seguir nossa vida longe de toda confusão.

- Nós somos a confusão. – Sophia soltou uma risada. – Parece que a gente atrai.

- Precisamos de um banho de pipoca. – Riu junto com a namorada. – Urgente.

- Sabia que eu tenho um teste amanhã? – Contou empolgada. – Você podia ir comigo.

- Um teste? – Esticou a outra mão para acender o abajur. – Aqui no Sul? Como conseguiu assim tão rápido?

- Pedi ajuda pra Beth, eu descobri que ela é bem menos carrasca com os modelos do que com os funcionários da agência. – Micael balançou a cabeça.

- Claro que é, depende deles. – Os dois se ajeitaram na cama. – Ai ela te arrumou um teste assim, rápido e fácil?

- Sim, eu queria uma desculpa pra vir pra cá. – O moreno sorriu. – Douglas deu essa ideia e bom...

- Douglas? – Ergueu uma sobrancelha e Sophia bufou.

- Ciúmes? Jura? – Fez uma careta.

- Que ciúmes o quê. – Rolou os olhos. – Eu só quis entender qual foi a ideia. Aliás, foi esse filho da mãe que te contou que eu vim pra cá né?

- Nem foi. – Encolheu as pernas. – Foi o Arthur. O Matheus nasceu, estávamos todos lá e quando eu perguntei sobre você, ficou todo mundo com cara de bosta e eu os obriguei a me contar.

- O Matheus nasceu? – Arregalou os olhos. – Como assim ele nasceu e ninguém nem me liga? Eu vou comer o cu do Arthur!

- Ele tem três dias. – Sorriu ao se lembrar do bebê. – Três dias e a Lua já está acabada. Ela não ficou muito tempo no hospital não, escolheu ficar de observação em casa. Tem uma enfermeira particular que vai lá olhar os dois nesse comecinho, tem a empregada que Arthur contratou...

- Enfermeira particular? – Questionou. – Por que a Lua não ficou no hospital que nem uma pessoa normal?

- E desde quando a Lua é uma pessoa normal? – Sophia debochou. – Ela odeia hospital, foi lá, teve o nenê, passou um dia e deu um jeito de escapar o mais rápido possível.

- Soph, você já parou pra pensar em como vamos fazer isso? – Falou depois de um suspiro. – Como vamos levar esse namoro? Porque tipo, sua vida é no Rio e eu prometi ao meu pai que ficaria aqui por pelo menos seis meses.

- Seis meses? – Falou surpresa. – Por que tudo isso?

- Porque é um restaurante novo, precisa se estabilizar e meu pai não conseguiu ninguém de confiança pra ficar aqui. São todos funcionários novos, o metre do rio não pôde vir. – Suspirou. – Eu estava tão decidido quando me ofereci pra vir que não pensei em mais nada.

- Eu não vou pro Rio, não quero ficar longe de você, vou tentar por aqui mesmo, ou qualquer coisa eu pauso e recomeço daqui a seis meses. – A careta de Micael foi quase instantânea.

- Foi por isso que eu não quis te contar que estava aqui. Eu não vou deixar você parar a sua vida por causa de mim, Sophia. – A mulher bufou. – E nós dois sabemos que aqui não tem tanta oportunidade quanto lá.

- E então você está sugerindo que eu vá embora? De novo isso? – Seus olhos se encheram de lágrimas e Micael suspirou. – Eu achei que tínhamos decidido ficar juntos.

- Quem é que está fazendo drama agora? – Ele sorriu. – Eu comecei essa conversa dizendo que tínhamos que encontrar um jeito e não que queria que você fosse embora. Eu só sou contra você parar sua vida. Você está em ascensão, meu amor. Se der uma pausa agora e depois de seis meses ninguém lembrar de você?

- E você sugere o que então? – Já estava consideravelmente mais calma.

- Que você volte pro Rio e faça suas campanhas, que venha pra cá ficar comigo quando não estiver trabalhando ou ocupada.

- Um namoro á distância, é isso? – Ela riu. – Isso nunca dá certo.

- São seis meses, não é como se fosse a vida toda. – Deu de ombros. – E pode ser até menos, vou tentar persuadir a cabeça do meu pai. Jean me parece gente boa.

- Jean me barrou, ele não é gente boa. – Micael deu uma gargalhada.

- Mas ai fui eu que mandei barrar. – Sophia fez cara de brava. – Você não pode me julgar, ele não disse seu nome pra mim. Ele disse que tinha uma mulher muito gostosa querendo falar comigo.

- É o quê? – Ela fez careta de espanto.

- Pois é. – Seguiu brincando. – Ai eu respondi "Não quero falar com mulher gostosa nenhuma, não deixa entrar. Já tenho a minha gostosa." – Sophia segurou o riso. – Como que eu ia imaginar que era a minha gostosa na porta?

- Você é muito idiota quando você quer. – Ela lhe deu um selinho.

- Eu juro que esse dialogo aconteceu. – Deu um beijo nos dedos indicares cruzados.

- Lógico que isso não aconteceu. – Os dois estavam rindo, mas logo Sophia ficou séria. – Então viraremos dois adolescentes namorando a distância?

- Quer prova de confiança melhor do que essa? – Encheu o rosto da mulher de beijinhos. – Vai dar certo, eu sei que posso confiar em você e você sabe que pode confiar em mim.

- O único problema vai ser que eu vou morrer de saudades.

- Vou te chamar no facetime. – Piscou pra ela. – Quero ver com qual pijama você vai dormir.

- Deixa de ser pervertido! – Gargalhou. – Vamos dormir porque já passa das três e amanhã eu tenho um teste.

- Vai achando que vai fugir das vídeo chamadas mesmo! – Virou pro lado e apagou o abajur. Os dois se abraçaram e não demoraram muito a estarem dormindo novamente. 

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