Ruínas - Capítulo 48

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- Eu acabei de falar de confiança! – Se aproximou e lhe deu um beijo nos lábios, um beijo bem calmo. – Eu te ligo. – Foi só o que disse antes de sair da casa da namorada e entrar no carro. Dirigiu até sua casa com um sorriso que não saia do rosto. Se jogou no sofá e tirou do bolso da frente o papel do teste. Ficou sorrindo olhando aquele positivo, completamente amassado. Estava bem feliz, era realização de um sonho. Seria pai.

Ele perdeu a noção do tempo que permaneceu no sofá, tinha a televisão ligada, mas não conseguia prestar atenção, sua cabeça estava a mil. Pegou seu celular e desbloqueou o número de Sophia, sabia de cor. Discou e ficou aguardando que ela atendesse, quando sua voz surgiu, seu sorriso aumentou ainda mais.

- Oi, Soph. – Ele estava bem calmo. Sophia ficou surpresa ao ouvir a voz de Micael. A essa altura, só Lua e Arthur permaneciam no quarto e no apartamento com ela.

- Micael? – Ela tirou o telefone do ouvido e olhou o número que não estava salvo em sua agenda. – Está me ligando? Sabe que agora todo esforço que fez pra esconder seu número de mim foi para o ralo né?

- Nem fiz tanto esforço assim. – Ele riu. Se levantou do sofá e foi até a cozinha, pegar água. – Como você está? Quem ficou ai com você?

- Lua e Arthur, são sempre eles. – O casal riu e Sophia não deixou de acompanhar. – A Mel e o Chay são pessoas ocupadíssimas.

- Eu sei, se você precisar... – Parou de falar, estava sem graça. – Eu posso ficar com você, algum dia que a Lua e o Arthur precisarem.

- Ficar comigo? – Sophia ergueu uma sobrancelha pra Lua. – Não, obrigada. – Ele sentiu uma tristeza repentina. – Eu não quero você nem dentro da minha casa, quem dirá ficando aqui comigo.

- Ei, como assim não me quer dentro da sua casa? – Ficou um pouco chateado. – Meu filho está na sua barriga, você vai ter que me aturar.

- A sua presença não me faz bem, muito menos a da Fernanda, então, me liga que eu te conto como o bebê está, e fica todo mundo feliz.

- Sem chance! – Se manteve firme. – Eu já proibi a Fernanda de ir ai, mas eu vou. Não vou me afastar.

- Vai ficar difícil desse jeito. – Já estava quase se dando por vencida. – A primeira gracinha que você soltar eu nunca mais te deixo subir aqui, tá entendido?

- Sim, pode deixar. – Ela sentia o sorriso na voz dele. – Vou desligar pra ir tomar um banho, se cuida. – Desligou antes que tivesse resposta da mulher. Entrou no banho quente e com certeza permaneceu bastante tempo ali embaixo do chuveiro. Vestiu uma cueca box, foi preparar algo pra comer e voltou pra frente da televisão. Quase dez da noite foi a hora em que ele se levantou pra escovar os dentes e ir para a cama. Precisava descansar.

No dia seguinte ele trabalhou mais animado do que nunca. Ele cozinhava com tanta empolgação que surpreendeu até mesmo os ajudantes da cozinha. Por volta de duas da tarde seu pai chegou e o chamou em sua sala, no segundo andar.

Jorge estava pronto pra dar uma bronca em Micael por conta de ter sido tão relapso e irresponsável nos últimos dias, mas acabou não conseguindo e sendo pego completamente desprevenido pela notícia de que seria avô. Ele adorava Sophia, mesmo depois de tudo que tivera feito a seu filho, não conseguiu deixar de sorrir e de dar parabéns ao filho.

Por volta de seis da tarde Micael finalmente pôde sair do trabalho, era hora do outro chefe assumir, queria ver Sophia, precisava saber como estava. Não demorou a chegar na casa dela, quem abriu a porta foi Chay. Os amigos se cumprimentaram e ele logo foi atrás de sua loirinha, estava preocupado. Micael tinha feito uma ligação rápida a Fernanda quando saiu do restaurante pra avisar que iria ver Sophia. A mulher chiou, mas não foi de todo mal, ela acabou ficando feliz que ele realmente a tivesse avisado.

E assim os dias foram passando. Sophia agora já sem gesso no braço e sem dor nas costelas podia respirar fundo e rir a vontade, mas ainda seguia com a recomendação de repouso. Pelo menos o ginecologista que a estava auxiliando tinha liberado que ela se levantasse pra ir até o sofá da sala, de vez em quando e isso já tinha a deixado extremamente feliz.

O clima entre Sophia e Micael não era o melhor do mundo, mas como ele tinha prometido, estava se comportando e isso transformava a convivência agradável. Sophia tinha acabado de entrar em seu terceiro mês, com pouco mais de doze semanas. Sua barriga já com um pequeno relevo era acariciada o tempo todo por ela mesma, estava apaixonada pela ideia de ser mãe, aquilo não podia ser melhor.

Na consulta em que Soph recebeu autorização para ir ao sofá, o médico colocou o coraçãozinho do bebê pra bater via sonar doppler. Era muito mais audível e Sophia não se aguentou e chorou como uma criança sem doce. Segurou a mão de Micael e eles sorriram um para o outro. Ambos viviam um momento único, e aquilo era incrível.

Douglas aparecia pra saber de Sophia com muito menos frequência do que antes, visto que com todas as visitas de Micael, ela tinha pedido a ele pra se afastar um pouco, não seria nada bom que eles se cruzassem naquele apartamento.

Naquela tarde, nem Lua e Arthur ou muito menos Chay e Mel poderiam ficar com Sophia. Ela ainda não tinha pedido ajuda a mãe, adiava aquilo enquanto podia. Então, contrariando todo seu instinto que agora se dizia imune a Micael, ela o chamou para lhe fazer companhia aquela noite.

- Ei. – Ele disse animado ao passar pela porta. Já passava das sete, ele tinha uma mochila nas costas e parecia animado. – Você não devia atender a porta.

- E você pretendia entrar como? – Ela caminhou de volta para o sofá. – Lua e Arthur tiveram que sair tem quase uma hora, você que demorou.

- Eu mal cheguei e a pessoa já segue brigando comigo. – Ele rolou os olhos, mas seu tom era de brincadeira. Tirou a mochila das costas e se sentou no sofá.

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