Ruínas - Capítulo 152

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Sophia saiu da casa de Lua pouco depois do meio dia. Correu em casa pra pegar as malas e entrou no mesmo carro com destino ao aeroporto. Estava a cada momento mais nervosa, conversava com Lua e com Mel por mensagem.

Chegou extremamente cedo no local e ficou agoniada com a espera, mas quando finalmente deu por si, estava sentada no avião aguardando a decolagem. Não dormiu em nenhum momento, a ansiedade a corroía por dentro, ficou olhando pela pequena janela imaginando a reação de Micael ao vê-la.

Quando desembarcou no aeroporto de Caxias do Sul, que até onde sabia era o mais próximo de Gramado, a mulher quase que imediatamente se abraçou. Sentiu quase que uma saudade imediata do Rio de Janeiro.

Vestiu seu casaco que carregava na mão e logo saiu do aeroporto, procurando um carro que a levasse ao seu destino. Não demorou a aparecer um taxista bem simpático.


- Ajuda com a bagagem? – Sophia assentiu, ansiava pelo interior quentinho do carro. – Qual o destino? – Sophia olhou o endereço que agora estava anotado no celular.

- Av. das hortênsias, 4919 – Carniel, Gramado. – Comunicou ao homem que assentiu e colocou o endereço no GPS.

Sophia novamente trocava mensagens com Lua pra avisar que já tinha pousado. Pouco mais de seis horas da tarde e a mulher estava fisicamente exausta daquela viagem. Finalmente chegou no endereço já passava das sete. Quase uma hora de viagem de carro.

- A senhora tem certeza que o endereço está correto? – O taxista perguntou ao ajudá-la com as malas novamente.

- Sim. – Olhou a fachada do restaurante que tinha diante de si e sorriu ao ler o nome "Borges Bistrot" e aquela logo com os bês entrelaçados. – Eu com certeza estou no local certo.

Sophia vasculhou na bolsa até achar sua carteira e pagar o rapaz. Em seguida pegou suas malas e se entrou no restaurante. O metre rapidamente veio prestar atendimento e ajudar a mulher com aquelas malas.

- A senhora gostaria de uma mesa? – Perguntou bem educado forçando um sotaque francês que as vezes Rael também tentava. Provavelmente todos os funcionários de Jorge faziam aquilo.

- Na verdade, eu preciso saber se o chef Micael Borges ainda está aqui. – Disse com a voz baixa, mas a verdade é que não sabia pra onde iria se ele já não estivesse mais.

- Sim. – O rapaz sorriu. – Quer que eu veja se ele pode falar com você?

- Quero. – Ela observou o homem sumir de sua vista pra dentro do restaurante. Se fosse no Rio, ela tinha entrado direto sem sequer dar satisfação a ninguém, mas como estava num local novo, tinha que ter cautela.

- Micael? – O metre o chamou, o moreno nem olhou, estava concentrado montando um prato de steak tartare. – Tem uma cliente que deseja falar com você.

- Eu estou um pouco atarefado agora, Jean. – Disse ainda sem olhar. – Não estamos com a equipe completa ainda, não posso ficar saindo da cozinha. Diga a ela que eu agradeço e peça que volte outro dia.

- Parece meio urgente. – Insistiu mais uma vez.

- Jean, eu estou ocupado e não tenho nada pra falar com ninguém. – Colocou o prato na parte de entrega para que o garçom viesse buscar e já pegou outro pedido pra montar. O metre desistiu e voltou pra onde Sophia aguardava.

- Infelizmente ele não vai poder falar com você agora. – Sophia fez uma careta. – Está bastante atarefado na cozinha.

- Claro que ele disse que não vai me atender, você nem sabe o meu nome pra falar. – Rolou os olhos. – Eu vou lá sim!

- Lamento, mas eu não posso permitir uma coisa dessa. – Entrou na frente da mulher impedindo a passagem. – Ele disse que não queria falar com ninguém, por favor, não faça uma cena aqui na porta do restaurante.

- Eu vou ligar pro seu chefe e pedir a ele pra te dar uma bela bronca. – Rangeu os dentes e pegou o celular pra ligar pra Jorge por chamada de vídeo, que já estava em casa, porque atendeu quase que imediatamente. – Boa noite, Jorge. – O metre arregalou os olhos ao ouvir aquele nome.

- E ai, Soph? – Ele tinha uma expressão empolgada. – Já chegou? Encontrou Micael?

- Chegar eu cheguei, mas tem um funcionário seu aqui que não me deixa ir falar com o Micael. – Jorge deu risada. – Não é engraçado, ele está me barrando.

- Deixa que eu falo com ele. – Sophia virou o celular e foi ai que o metre arregalou mais os olhos. – Jean! – Apesar de não ter passado muito tempo em Gramado, Jorge tinha participado de uma reunião com os funcionários assim que foram contratados pela equipe de RH. – Eu preciso de leve a Sophia até meu filho, será que pode me fazer essa gentileza?

- Sim, senhor. – Ele balançou a cabeça.

- E a ajude com as malas, devem estar pesadas. – Ele seguiu balançando a cabeça, Sophia virou o telefone de volta pra ela.

- Obrigada, Jorge. – Mandou um beijo para o ex-sogro. – Mais tarde eu ligo pra falar o que aconteceu.

- Vê se grava a reação do Micael ao te ver, vai ser impagável. – Ele brincou, mas logo os dois encerraram a ligação e Jean foi ajudar Sophia a chegar perto da cozinha.


- Micael? – Chamou novamente.

- Jean, eu já disse que não estou afim de falar com cliente nenhuma. – Reforçou o que tinha dito. – Não adianta insistir.

- Seu pai mandou deixar entrar. – Ele comunicou e Micael paralisou por um instante, já imaginando quem era.

- Não tem tempo mesmo se a cliente for eu? – Sophia disse com a voz doce e então Micael finalmente se virou. Ele tinha uma expressão muito surpresa que contrastava muito com a de felicidade de Sophia.

- Rafael, finaliza esse prato pra mim. – Entregou o prato que tinha na mão e gesticulou para que Sophia o seguisse até uma parte mais reservada. Os dois estavam quase no estoque. – Como que você veio parar aqui?

- De avião, de que forma mais seria? – Ela brincou.

- Sophia, eu... – Ela colocou dois dedos em sua boca e o fez ficar em silêncio.

- Eu precisava te ver, você não vai sumir da minha vida e achar que tá tudo ótimo. Se for o que você realmente quer, você vai ter que dizer isso olhando nos meus olhos. – Os dois estavam tão próximos, a ponto de se beijarem. 

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