Ruínas - Capítulo 55

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- Tá legal, você venceu. – Suspirou. – Talvez ele tenha passado um pouco do limite.

- Talvez? – Manteve a sobrancelha erguida. – Talvez?

- Você já chegou aqui irritado, Micael. – A mulher cruzou os braços. – Já chegou me tratando mal, ele só te irritou porque ele sabe que você me magoa com as suas palavras.

- Eu não tiraria o nosso filho de você. – Ele sorriu. – Eu só estava com raiva, tá legal?

- Você estava assim desde que ficamos, desde que contou pra fulaninha, mas eu não tenho nada a ver com os seus problemas, eu não te obriguei a cair em tentação, obriguei? – Ele negou com a cabeça. – Eu sei que é difícil, mas e se a gente tentar?

- Você acha que a gente consegue simplesmente tentar? – Seu rosto era divertido.

- A gente se ama, Micael! – Ela colocou as duas mãos no rosto do ex namorado. – Vamos ter um bebê. Eu digo ao Douglas pra se afastar, você dispensa a mocreia e a gente tenta!

- Não, isso não vai dar certo! – Tirou as mãos da loira da cabeça. – Eu vou virar um poço de ciúme, eu não vou deixar você respirar e isso não é bom pra ninguém, não é saudável. É muito cedo pra qualquer reaproximação que seja. Se a Fernanda me ligar e disser que vai ficar comigo, eu vou voltar com ela.

- Eu não acredito que você está falando uma coisa dessa pra mim, logo depois de dizer que me ama. – As lágrimas brotaram em seus olhos. – Não consigo acreditar.

- Eu estou sendo sincero. – Ele mantinha o tom baixo.

- Pro inferno com a sua sinceridade! – Estourou e o rapaz respirou fundo. – Toda vez eu falo que não vou mais me humilhar pra você e não dá um minuto eu já estou aqui fazendo papel de trouxa novamente.

- Sophia, estávamos tendo uma conversa de adultos. – Manteve a voz controlada. – Será que você pode se acalmar?

- Está todo mundo certo mesmo. – Dobrou os joelhos e colocou a cabeça no meio deles. – Eu devia seguir em frente, assim como você.

- Você está se escutando? – Tentou colocar a mão em seu ombros, mas ela ficou de pé e caminhou até a porta do quarto. – Você devia descansar.

- Só quando você for embora daqui. – Fungou.

- Eu não vou te deixar sozinha, você tem que ficar de repouso.

- Antes só do que mal acompanhada! – Retrucou com um ditado. – Me deixa em paz, Micael. Por tudo que é mais sagrado, me deixa em paz.

- Sophia, você está exagerando, eu não te falei nenhuma novidade! – Se forçava a manter a calma.

- Chega! – Gritou. – Vai embora!

- E como eu vou te deixar sozinha no escuro? – Cruzou os braços. – Isso não vai acontecer.

- Por favor. – Chorava feito louca. Aquela conversa pra ela, tivera sido a pior entre todas, porque não teve gritos, não teve xingamentos, foi tão sincera e mesmo assim ele tinha dito que escolheria Fernanda. Micael suspirou e saiu do quarto, ela bateu a porta e não olhou pra vê-lo sair.

Se jogou na cama e se pôs a chorar. Eram tantos sentimentos que passavam pela mulher, sofria tanto por uma coisa que ela mesmo tinha causado, mas aquilo já tinha passado dos limites. Não sabia que horas eram, não sabia quanto tempo ficou chorando na cama e também não percebeu quando acabou adormecendo, o rosto coberto de lágrimas.

Micael se ajeitou no sofá, não quis ir para o quarto de hospedes, porque queria vigiar Sophia caso ela resolvesse levantar de noite, no escuro. Pegou no sono refletindo sobre suas escolhas. Será que realmente estava sendo teimoso? Será que se fizesse um esforço pra perdoa-la, não seria mais feliz?

Sophia acordou de madrugada com fome, mas não se levantou pra comer. A casa estava escura, como Micael tinha dito. Tinha medo de tropeçar em algo e se machucar, machucar seu bebê. Ficou bastante tempo repensando sobre tudo aquilo que Micael tinha lhe dito, sobra ama-la e sobre voltar com Fernanda. Aquela noite estava sendo difícil, sentia que os dois sofriam de forma tão desnecessária, mas a decisão de encerrar o sofrimento não estava consigo.

Já de manhã, Sophia se levantou da cama e foi direto ao banheiro. Não parecia nada bem, constatou ao se olhar no espelho. Bolsas enormes estavam sob seus olhos, resultado de mais uma noite chorando por Micael. Suspirou e escovou os dentes, acabou tomando logo um banho, depois de fazer xixi.

Saiu do banheiro renovada, vestia uma camisa grande e um shortinho que mais da metade da bunda ficava de fora. Caminhou devagar pra fora do quarto, tinha tempo que não fazia seu próprio café, que não ficava sozinha em casa.

Mas a sensação durou pouco, assim que entrou na sala, deu de cara com Micael dormindo em seu sofá, estava todo torto, via-se de longe o quão desconfortável ele estava, mas no final das contas, por que ele dormiu ali? Resolveu não acordar o moreno, foi até a cozinha ligar a cafeteira, precisava de um café urgente, só assim pra acordar. Só reparou que a luz já tivera sido religada quando o café já estava em seu copo. A mulher sentou á mesa, partindo uma fatia de bolo de laranja.

- Viu, meu amor. – Acariciou a barriga. – Mamãe já está alimentando você, não precisa ficar com pressa. – Escutou uma risada e quando olhou pra cima, viu Micael parado com os braços cruzados, a encarando. – Está me espionando?

- Não, eu só ia perguntar se já estava mais calma. – Deu de ombros. – Você estava muito nervosa.

- Por que será né? – Rolou os olhos.

- Você está com uma cara péssima. – Ele riu, pelo visto tinha acordado bem humorado.

- O que está fazendo aqui? – Seu olhar era sério. – Eu mandei você ir embora ontem.

- E eu disse que não ia deixar você sozinha, ainda mais no escuro. – Sorriu de lado. – Mesmo dando todo aquele chilique, é do meu filho que estamos falando.

- Já pode ir. – Continuava com raiva. – Como pode ver, graças a você a luz já voltou. Eu sou perfeitamente capaz de esperar a Lua sozinha.

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