Ruínas - Capítulo 32

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- Eu não achava que nosso namoro era tão frágil a ponto de você fazer chantagem com ele. – Ela balançou a cabeça incrédula. – Você está sendo um babaca, e eu espero que enxergue isso antes que seja tarde demais. – Saiu do grande salão apressada. Lua, Arthur, Chay e Mel seguiram a modelo. Micael ficou ali um tempo sozinho, era coisa demais pra sua cabeça.


- E se ela não sobreviver? – Lua falou baixinho, já a caminho do hospital com Arthur. Vestia uma calça jeans e uma camiseta preta, sapatilhas baixas era o que tinha nos pés. – Ela não pode fazer isso, Arthur. Ela não vai ver nosso bebê? Não vai pegar no colo? – Resmungava por todo caminho. – Era pra ela ser dinda dele, nós sempre sonhamos com isso, desde que nos conhecemos, não é justo.

- Ei, se acalma. – Ele passou a mão no rosto da mulher enquanto estavam parados num semáforo. – Sophia via ficar bem, Douglas não já avisou que ela foi encaminhada para exames? Ela está viva e é forte o suficiente pra permanecer viva.

- Acontece que ela já desistiu da vida, senão não tinha feito essa loucura. – Abaixou a cabeça no painel do carro. – Eu devia ter levado ela pra um tratamento psicológico, ela disse muitas vezes que se mataria se Micael aparecesse com outra. Gente, como isso tudo parece surreal agora.

- Não se culpa, você não tinha como saber que ela faria isso de verdade. – Não tinha sucesso em acalmar Lua.

- Douglas avisou que Fernanda acabou de chegar lá no hospital. – Ela disse após o telefone apitar, estivera trocando mensagens com Douglas desde que entraram no carro. – E sem o Micael.

- Isso já era de se esperar, com o show ridículo que ele deu lá no salão. – Balançou a cabeça negativamente. – Eu vou te falar, eu não esperava que ele estivesse tão seco em relação a Sophia a ponto de não se importar com esse acidente.

- Eu não sei não, pra mim ele não quis deixar transparecer nada. – Lua falou baixinho. – Micael é muito reservado, fica naquela de durão e paga de idiota ao invés de dizer logo o que sente.

- Só que isso faz mal pra todo mundo. – Arthur falou num suspiro. Os dois ficaram em silêncio e não demoraram muito a chegar no hospital. Douglas e Fernanda sentados num canto, o casal foi até eles.

- Alguma notícia. – Douglas balançou a cabeça como resposta a pergunta de Arthur.

- Eles encaminharam ela para a emergência, assim que chegamos, me pediram pra preencher uns papeis ali na recepção, e desde então ninguém apareceu pra falar nada, já tem mais de uma hora. – Ele tinha a voz tão baixa que parecia que ia chorar a qualquer momento. – Disseram que só podemos esperar, que quando tiverem alguma notícia, vão aparecer.

- Ela vai ficar bem. – Fernanda segurou a mão do amigo. – Isso tudo vai ser só um susto. – A amizade dos dois era real, se conheciam há tanto tempo que nem se lembravam mais. Lua sorriu ao ver os dois, eram gente boa, metidos na confusão chamada Sophia e Micael.

- Quem está com Sophia Abrahão? – Ouviram uma voz perguntar depois de um tempo. Chay e Mel já estavam presentes. Os seis se levantaram quase que ao mesmo tempo, mas foi Lua quem respondeu ao médico. – Ela está bem, está dormindo e seu quadro já é estável. Sophia quebrou três costelas, teve uma pequena fratura no braço direito e uma concussão devido a ter batido a cabeça no asfalto. Fizemos todos os exames, e por enquanto só podemos esperar pra ver como ela vai reagir quando acordar.

- Quando nós vamos poder vê-la? – Lua perguntou aflita, só acreditaria que a amiga está bem, quando a visse com seus próprios olhos.

- Eu posso até liberar a entrada de vocês, mas vai ser por um breve período, ela tem direito a um acompanhante só. – Ergueu a mão mostrando um dedo. Todos assentiram e o médico virou de costas, começou a caminhar, sendo seguido pelos amigos a passos lentos pela ala das internações.

- Meu Deus. – Lua exclamou chorando novamente ao olhar a amiga deitada naquela cama, imóvel. Tinha a cabeça enfaixada, igualmente com o tórax, seu braço com o gesso, além de muitos hematomas na pele clara. Lua encarou a bolsa de sangue pendurada e antes que perguntasse o médico respondeu.

- Ela perdeu bastante sangue, estamos fazendo essa transfusão. – Apontou pra bolsa. – Vou deixar vocês com ela, por alguns instantes. – Disse antes de se afastar.

- Eu vou matar a Sophia quando ela acordar. – Lua falou chorosa. – Ela não pode fazer uma coisa dessa comigo.

- Calma, Lua. – Mel pediu com a voz baixa. – Ela já está bem, tudo deu certo, é o que importa.

- A gente não pode passar a mão na cabeça dela não! – Resmungou novamente. – Isso foi muito irresponsável. – O celular de Fernanda tocou e fez com que todos a encarassem, ela olhou para o visor, bufou e desligou na cara de Micael.

- Você tem certeza de que não vai atender? – Chay perguntou apreensivo, não tirava totalmente a razão de Micael.

- Você não viu o chilique que ele deu mais cedo? – Estava verdadeiramente magoada. – O jeito que falou comigo, a chantagem ridícula que fez? – O telefone tocou mais uma vez, e novamente ela desligou.

- Mas não dá pra tirar toda a razão dele. – Chay continuou a defender. – Você entrou no carro dele. – Olhou de lado para Douglas, era o único dos quatro que não ia com a cara do rapaz, por solidariedade a Micael.

- Idai, ele sempre foi meu amigo. – Douglas riu, um pouco sem graça, percebendo que ainda não tinha tido tempo de explicar pra ela tudo o que tinha acontecido. – Era uma emergência, ele não tinha que ter feito aquele show todo. Sem contar que a menina foi namorada dele, ele devia estar um pouco mais preocupado.

- É porque é complicado. – Douglas coçou a cabeça.

- O que você fez de tão ruim pra ele te odiar tanto? – Perguntou com os braços cruzados e ele por reflexo olhou Sophia.

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