- E se ela se apaixonar por alguém do meio? Já aconteceu uma vez...
- Você contou pra ela sobre sua decisão? – Jorge perguntou um tanto quando apreensivo.- Não. – Deu de ombros. – A gente ia brigar.
- Micael, você não pode fazer isso sem falar com ela antes. – Jorge insistiu. – Você está com medo dela se apaixonar por outra pessoa e vai simplesmente sumir?
- Da outra vez, quando ela disse que ia embora eu atropelei tudo e deu no que deu. Se eu falar pra ela que estou indo, vai acontecer a mesma coisa. – Deu de ombros. – É melhor deixar pra lá.
- Você vai daqui a dois dias, Micael, pelo menos se despede dela. – Ele negou com a cabeça.
- A Sophia está no começo da carreira dela, ela não pode simplesmente largar tudo pra me acompanhar e eu tenho medo de que ela faça isso. Não quero atrapalhar a vida dela.- Muito drama. – Jorge bufou. – Vai trabalhar. – Saiu de perto e deixou ali um Micael bem pensativo.
Dois dias depois ele estava com a mala pronta, no aeroporto aguardando o horário de seu voo. Com ele só estavam Jorge e Antônia. Micael não tinha contado a ninguém que iria para o Rio Grande do Sul ficar à frente do novo restaurante que já estava pra inaugurar.
- Você não falou com a Sophia? – Antônia perguntou baixo. – Você tem pouco tempo pra falar com ela.
- Mesmo se eu falar agora, não vai dar tempo dela chegar aqui, depois eu ligo. – Ele estava com um olhar distante, queria fazer aquilo, porém nem tinha embarcado no avião e já estava morrendo de saudades da loira.
- Você que sabe da sua vida. – Jorge ficou em silêncio. – Mas acho isso tudo uma idiotice.
- É a minha escolha. – Deu de ombro e os três ficaram em silêncio novamente. Ouviram depois de um tempo uma voz anunciar o voo de Micael. Ele ficou de pé, abraçou os pais e em seguida caminhou para o portão de embarque.
Mesmo após chegar em sua nova casa, que já havia sido alugada com antecedência, ele não ligou pra loira. Tomou um banho, não desfez as malas e se deitou na cama. Naquele final de tarde, ele cochilou.
No dia seguinte, foi verificar como estava o restaurante. Conhecer a equipe e conversar com eles, já que a inauguração seria aquela noite. Mas ele não estava animado, não conseguia ficar animado. Entre um momento de folga e outro, pegou o telefone e ligou para Arthur. Comunicou a ele que tinha se mudado e pediu que avisasse a Lua e Mel, mas que não falasse a Sophia, porque ele mesmo contaria quando estivesse pronto. E assim os dias foram passando e a coragem nunca vinha...
- Sophia, estamos no hospital. – A voz de Arthur era urgente ao telefone. – Parece que o Matheus vai nascer.
- Ai, meu Deus. – Ela ficou de pé num pulo. – Eu estou indo prai agora. Vou chamar a Mel. – Arthur concordou e desligou o celular. Foi se preparar pra entrar na sala de parto junto com a esposa.
Quando Sophia chegou ao hospital, encontrou Douglas e Mel sentados em um canto. Os pais de Lua e Arthur também estavam ali, ela deu um breve oi e seguiu pra falar com os amigos.
- Vocês chegaram bem rápido. – Disse e deu um beijo no rosto dos dois.
- Por acaso estávamos perto. – Deu de ombros. – Ainda não temos notícias.
- Já tem quase uma hora que Arthur ligou. – Disse indignada.- Tem trabalho de parto que leva horas. – Mel comunicou. – Só que como ela já estava com a bolsa estourada, deve ser mais rápido.
- Tomara que sim. – Os três ficaram sentados aguardando. Conversavam sobre coisas aleatórias enquanto não tinham nenhuma resposta. Mais uma hora se passou até que Arthur aparecesse com cara de choro.
- Ele nasceu. – Comunicou aos amigos e parentes. – Os dois estão ótimos.
- Parabéns! – Ele começou a ouvir muitas felicitações e a receber muitos abraços. Mas estava eufórico demais pra saber quem falava. Ficou com eles ali até que a obstetra veio comunicar que Lua já estava no quarto e podia receber visitas.
A família foi primeiro e os amigos ficaram esperando. Queriam alguma privacidade pra falar com Lua e queriam dar privacidade aos familiares também. Eles não demoraram a sair e os três finalmente caminharam pra dentro do quarto. Lua segurava o bebê no colo e Arthur estava ao seu lado, os dois pareciam que iam chorar a qualquer momento.
- Amigaa... – Sophia disse empolgada ao se aproximar da cama. – Ele é lindo, parabéns! – Deu um beijo na testa de Lua.
- Eu sei... – Não tirava os olhos do pequeno. – Nem acredito que fui eu que trouxe ao mundo.
- Para de ser boba. – Mel falou também de perto. – Vocês são lindos, ele tinha que ser também.
- Será que eu posso segurar um pouquinho? – Sophia pediu e Lua com um sorriso entregou o bebê adormecido. – A dindinha mais babona do mundo. – Falou com a voz fina e fez com que os amigos rissem.
- E bota babona nisso. – Lua concordou e então Sophia parou e encarou Arthur.
- Cadê o Micael? – Tinha uma sobrancelha arqueada. – Eu achei que você tivesse ligado pra ele.
- Você só deu falta do Micael agora? – Mel perguntou rindo. – O amor já não é mais o mesmo hein. – Sophia a encarou séria.
- Eu dei falta dele, mas achei que estivesse vindo, mas agora. – Alternou olhares entre os amigos. – Parece que ninguém aqui tá ligando pro fato dele não ter chegado ainda. O que rolou? Ele está no restaurante?
- Um pouco mais complicado que isso... – Arthur falou bem baixo e intrigou Sophia. – Ele não está por aqui.
- Gente, eu não estou entendendo nada e parece que só eu que estou perdida.
- O Micael se mudou tem alguns dias, mas ele pediu pra gente não falar nada pra você, disse que ele mesmo contaria. – Arthur confessou.
- Se mudou? – Estava completamente incrédula. – Como assim ele se mudou? Pra onde gente?
- Ele foi ficar à frente do restaurante novo do pai dele. – Lua confessou.
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Ruínas
RomanceE quando você encontra a pessoa perfeita, mas descobre que ela não é? Quando encontra o amor da sua vida, mas aparentemente a pessoa não sente o mesmo? São as dúvidas que assolam a vida do nosso jovem Micael, que se apaixonou por uma linda mulher, m...