Ruínas - Capítulo 147

157 11 7
                                    

- E se ela se apaixonar por alguém do meio? Já aconteceu uma vez... 


- Você contou pra ela sobre sua decisão? – Jorge perguntou um tanto quando apreensivo.

- Não. – Deu de ombros. – A gente ia brigar.

- Micael, você não pode fazer isso sem falar com ela antes. – Jorge insistiu. – Você está com medo dela se apaixonar por outra pessoa e vai simplesmente sumir?

- Da outra vez, quando ela disse que ia embora eu atropelei tudo e deu no que deu. Se eu falar pra ela que estou indo, vai acontecer a mesma coisa. – Deu de ombros. – É melhor deixar pra lá.

- Você vai daqui a dois dias, Micael, pelo menos se despede dela. – Ele negou com a cabeça.


- A Sophia está no começo da carreira dela, ela não pode simplesmente largar tudo pra me acompanhar e eu tenho medo de que ela faça isso. Não quero atrapalhar a vida dela.

- Muito drama. – Jorge bufou. – Vai trabalhar. – Saiu de perto e deixou ali um Micael bem pensativo.



Dois dias depois ele estava com a mala pronta, no aeroporto aguardando o horário de seu voo. Com ele só estavam Jorge e Antônia. Micael não tinha contado a ninguém que iria para o Rio Grande do Sul ficar à frente do novo restaurante que já estava pra inaugurar.

- Você não falou com a Sophia? – Antônia perguntou baixo. – Você tem pouco tempo pra falar com ela.

- Mesmo se eu falar agora, não vai dar tempo dela chegar aqui, depois eu ligo. – Ele estava com um olhar distante, queria fazer aquilo, porém nem tinha embarcado no avião e já estava morrendo de saudades da loira.

- Você que sabe da sua vida. – Jorge ficou em silêncio. – Mas acho isso tudo uma idiotice.

- É a minha escolha. – Deu de ombro e os três ficaram em silêncio novamente. Ouviram depois de um tempo uma voz anunciar o voo de Micael. Ele ficou de pé, abraçou os pais e em seguida caminhou para o portão de embarque.

Mesmo após chegar em sua nova casa, que já havia sido alugada com antecedência, ele não ligou pra loira. Tomou um banho, não desfez as malas e se deitou na cama. Naquele final de tarde, ele cochilou.

No dia seguinte, foi verificar como estava o restaurante. Conhecer a equipe e conversar com eles, já que a inauguração seria aquela noite. Mas ele não estava animado, não conseguia ficar animado. Entre um momento de folga e outro, pegou o telefone e ligou para Arthur. Comunicou a ele que tinha se mudado e pediu que avisasse a Lua e Mel, mas que não falasse a Sophia, porque ele mesmo contaria quando estivesse pronto. E assim os dias foram passando e a coragem nunca vinha...


- Sophia, estamos no hospital. – A voz de Arthur era urgente ao telefone. – Parece que o Matheus vai nascer.

- Ai, meu Deus. – Ela ficou de pé num pulo. – Eu estou indo prai agora. Vou chamar a Mel. – Arthur concordou e desligou o celular. Foi se preparar pra entrar na sala de parto junto com a esposa.

Quando Sophia chegou ao hospital, encontrou Douglas e Mel sentados em um canto. Os pais de Lua e Arthur também estavam ali, ela deu um breve oi e seguiu pra falar com os amigos.

- Vocês chegaram bem rápido. – Disse e deu um beijo no rosto dos dois.

- Por acaso estávamos perto. – Deu de ombros. – Ainda não temos notícias.


- Já tem quase uma hora que Arthur ligou. – Disse indignada.

- Tem trabalho de parto que leva horas. – Mel comunicou. – Só que como ela já estava com a bolsa estourada, deve ser mais rápido.


- Tomara que sim. – Os três ficaram sentados aguardando. Conversavam sobre coisas aleatórias enquanto não tinham nenhuma resposta. Mais uma hora se passou até que Arthur aparecesse com cara de choro.

- Ele nasceu. – Comunicou aos amigos e parentes. – Os dois estão ótimos.


- Parabéns! – Ele começou a ouvir muitas felicitações e a receber muitos abraços. Mas estava eufórico demais pra saber quem falava. Ficou com eles ali até que a obstetra veio comunicar que Lua já estava no quarto e podia receber visitas.

A família foi primeiro e os amigos ficaram esperando. Queriam alguma privacidade pra falar com Lua e queriam dar privacidade aos familiares também. Eles não demoraram a sair e os três finalmente caminharam pra dentro do quarto. Lua segurava o bebê no colo e Arthur estava ao seu lado, os dois pareciam que iam chorar a qualquer momento.

- Amigaa... – Sophia disse empolgada ao se aproximar da cama. – Ele é lindo, parabéns! – Deu um beijo na testa de Lua.

- Eu sei... – Não tirava os olhos do pequeno. – Nem acredito que fui eu que trouxe ao mundo.

- Para de ser boba. – Mel falou também de perto. – Vocês são lindos, ele tinha que ser também.

- Será que eu posso segurar um pouquinho? – Sophia pediu e Lua com um sorriso entregou o bebê adormecido. – A dindinha mais babona do mundo. – Falou com a voz fina e fez com que os amigos rissem.

- E bota babona nisso. – Lua concordou e então Sophia parou e encarou Arthur.

- Cadê o Micael? – Tinha uma sobrancelha arqueada. – Eu achei que você tivesse ligado pra ele.

- Você só deu falta do Micael agora? – Mel perguntou rindo. – O amor já não é mais o mesmo hein. – Sophia a encarou séria.

- Eu dei falta dele, mas achei que estivesse vindo, mas agora. – Alternou olhares entre os amigos. – Parece que ninguém aqui tá ligando pro fato dele não ter chegado ainda. O que rolou? Ele está no restaurante?

- Um pouco mais complicado que isso... – Arthur falou bem baixo e intrigou Sophia. – Ele não está por aqui.

- Gente, eu não estou entendendo nada e parece que só eu que estou perdida.

- O Micael se mudou tem alguns dias, mas ele pediu pra gente não falar nada pra você, disse que ele mesmo contaria. – Arthur confessou.

- Se mudou? – Estava completamente incrédula. – Como assim ele se mudou? Pra onde gente?

- Ele foi ficar à frente do restaurante novo do pai dele. – Lua confessou.

RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora