Mais uma vez sozinha naquela apartamento, Sophia suspirou e olhou ao redor. O local estava cheio de poeira e vazio, extremamente vazio. Se sentia só, mas pela primeira vez nas últimas semanas, se sentia bem e livre.
Foi para o quarto e desfez a mala, vestiu uma roupa mais à vontade, fez um coque no cabelo e começou a faxinar, precisava daquilo para se acalmar. Colocou uma música alta e rebolava a cada esfregão que dava no chão, a cada passada de pano que dava nos móveis.
No final do dia estava exausta. Mais de quatro da tarde quando finalmente tinha terminado de deixar tudo como queria. Trocou de roupa novamente e decidiu ir ao mercado, precisava de algumas coisas. Usaria seu cartão de crédito e rezaria para que no outro mês tivesse dinheiro pra pagar.
Voltou pra casa com mais besteira do que coisas saudáveis pra comer, como Micael sempre disse, em sua geladeira só tinha lasanha congelada e afins. Riu com a lembrança enquanto colocava suas compras nos armários e na geladeira. Pegou os ingredientes pra fazer um brigadeiro, aquilo fazia como ninguém.
Se sentou no sofá com a panela no colo e procurou na televisão um filme bem clichê pra assistir. Estava tranquila, até que a campainha tocou. Ela franziu a testa antes de se levantar, ainda não tinha contado a ninguém que estava de volta ao seu apartamento, então, devia ser Micael. Tomou um susto ao ver Lua quando abriu a porta.
- Eu quero saber por que você não me ligou?! – Ela entrou com tudo reclamando. – Você está se saindo uma péssima melhor amiga, Sophia. Não me conta mais nada da sua vida, eu tenho que descobrir pelos outros.
- Calma, Luinha. – Sophia rolou os olhos e voltou pro sofá. – Eu tirei o dia pra cuidar de mim e ver o que fazer da vida. Não falei com ninguém ainda. Micael te contou que vim pra cá?
- Não, ele falou com Arthur que você tinha ido embora. Fiquei preocupada, o dia rendeu e a hora não passava. – Sophia riu. – O que aconteceu entre vocês dessa vez.
- Engraçado, eu pensei que você não tinha mais saco pra gente. – Debochou e Lua se sentou ao seu lado, roubando a colher da mão da amiga. – Mudou de ideia?
- Eu achei que era drama, não pensei que você fosse decidir largar ele. – As duas riram. – E eu estou muito surpresa em ver você bem, pensei que estaria um pouco mais triste. Agora acabou de vez?
- A minha relação com Micael ficou muito desgastada devido as inúmeras brigas que tivemos, me dói tanto admitir que talvez eu realmente tenha acabado com tudo quando resolvi trai-lo. – Lua escutava com atenção. – Ele virou outra pessoa, Lua.
- Como assim?
- Ele não é mais o meu Micael. – Deu de ombros. – Ele é uma pessoa desconfiada, agressivo, ele me magoava com tanta facilidade que as vezes nem percebia.
- Agressivo? – Arregalou os olhos. – O Micael te bateu?
- Não, claro que não! – Soltou uma risada. – Agressivo com palavras, ele me dizia cada coisa horrível quando estava com raiva. Ontem eu cheguei a dar um tapa nele. – Fechou o sorriso e suspirou. – Nossa relação não tinha mais o menor respeito e ambos concordamos com isso. Foi um término bem amigável.
- Então vocês dois estão bem? – Ergueu uma sobrancelha. – Nenhum dos dois está sofrendo? Não se amam mais?
- Eu o amo é difícil deixar de amar e eu temo não querer que isso aconteça. Vou te contar uma coisa e por favor não me chame de louca. – Lua riu antes mesmo de saber o que era. – Eu sinto que não vai acabar assim, sinto como se fosse necessário esse tempo afastado, pra gente reaprender a ser amigos, recobrar confiança e respeito, sabe? Pra depois quem sabe...
- Então é só um tempo? – Seguia esperançosa.
- Não, foi um término, essa história de tempo não dá certo. – Sophia rolou os olhos e pegou a colher de Lua. – O que eu disse é só o que eu sinto.
- E se ele começar a ficar com alguém? – A loira fez uma careta pra Lua. – Porque você sabe como isso é bem possível.
- Eu não vou poder fazer nada. – Deu de ombros. – Eu vou pegar esse tempo e cuidar de mim, procurar um emprego, tentar mais um pouco a minha carreira. Ser feliz sozinha, sabe? Eu espero que ele faça o mesmo!
- Você está tão madura que eu estou orgulhosa. – A mulher dos cachinhos brincou. – E a falsa da sua amiga, deu uns tapas nela?
- Ah, por falar nela. – Sophia fez cara de brava. – Você sabia né? – Rangeu os dentes. – Você sempre soube que ela é uma safada. Por que é que não me contou?
- Arthur me contou há um tempo, bastante tempo na verdade. – Suspirou. – Por isso que eu nunca suportei mesmo sem conhecer.
- Mas você podia ter me contado, somos melhores amigas ué.
- Micael comentou com Arthur num dia que estávamos os dois alcoolizados, no dia seguinte ele implorou ao Arthur pra não falar nada, mas como ele me conta tudo, acabei sabendo. Mas ele me fez prometer não te contar as coisas. – Deu de ombros. – Vamos combinar que era o Micael que tinha que falar né?!
- Era. – Sua expressão ficou triste. – Eu fiquei bem chateada que ele não tenha me contado o que estava acontecendo. Quem me contou foi o Douglas.
- E mais uma vez o Douglas aparece nessa história. – Lua gargalhou. – Sabe que eu acho que você gosta dele? Já pensou se no final seu par nessa história não for o Micael e sim o Douglas?!
- Para de viajar, ele é meu amigo. – Rolou os olhos. – Eu realmente gosto dele, mas como um amigo. Tenho bastante carinho por todas as vezes que ele foi fiel e solidário comigo, por todas as vezes que cuidou de mim quando eu precisei. Mas eu não o enxergo mais como homem, não rola.
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Ruínas
RomanceE quando você encontra a pessoa perfeita, mas descobre que ela não é? Quando encontra o amor da sua vida, mas aparentemente a pessoa não sente o mesmo? São as dúvidas que assolam a vida do nosso jovem Micael, que se apaixonou por uma linda mulher, m...