Ruínas - Capítulo 118

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Não demorou a chegar na casa do filho e Sophia já estava no portão o esperando, ela não tinha trocado de roupa, estava de pijama com um robe por cima. Uma mala muito maior do que precisaria para dois dias em São Paulo estava a sua direita. Ela sorriu e trancou o portão, Jorge guardou sua mala e logo os dois seguiram de volta a casa dele. O silêncio era confortável no carro depois de algumas conversas aleatórias.

Quando chegaram, Jorge entrou puxando a mala de Sophia e a deixou na sala, onde estavam Micael e a mãe. Ele arregalou os olhos ao ver a roupa que a namorada estava usando.

- Não tinha mais nenhuma roupa no armário? – Ficou de pé no instante em que viu a namorada. – Tinha que vir de pijama?

- Eu estava no carro com seu pai. – Respondeu baixo, sem paciência pra outra discussão.

- Mesmo assim, Sophia. – Seguiu reclamando.

- Jorge, me diz por favor onde que eu vou dormir? – Encarou o sogro e ele balançou a cabeça, seguiu arrastando a mala e os dois saíram da vista de Micael.

- O que aconteceu com o "se controlar"? – Antônia perguntou quando teve certeza que Sophia não ia ouvir. – Ela colocou o robe e mesmo assim ela tem razão, entrou no carro na porta de casa e só saiu aqui dentro do prédio, não precisa desse escândalo todo. Ou agora você também tem ciúme do seu pai?

- É claro que não. – Rolou os olhos como se fosse óbvio. – Eu só não gostei de ver ela desse jeito.

- É filho... – Ela suspirou sem completar a frase.

- Será que podemos jantar? – Jorge perguntou voltando a sala sozinho e Micael fez uma careta.

- A Sophia não vai comer? – Franziu a testa.

- Não, ela disse que vai ficar no quarto e disse, inclusive, que não é pra você ir lá. – Jorge deu de ombros e observou Micael bufar. – Eu acho melhor não ir mesmo, ela está chateada, melhor deixar ela em paz.

- Ela não vai viajar sem se entender comigo. – Cruzou os braços. - Isso está fora de cogitação.

- Só que se você for lá, vão acabar brigando ainda mais. – Jorge continuou repreendendo o filho. – É isso que você quer? Foder ainda mais com a relação que você tem com ela?

- Eu não fodi com nada. – Falou baixo. – A gente brigou, mas a gente se entende depois.

- Eu também acho melhor você dar um tempo pra Sophia e não ir até lá. – Antônia concordou com o ex-marido e Micael ficou ainda mais revoltado. – Ela está chateada e você de cabeça quente, nada de bom vai sair dessa conversa.

- Obrigado pela preocupação dos dois, mas eu e a Sophia sempre resolvemos os nossos problemas sem precisar de ajuda. Se me dão licença, eu vou buscar a minha namorada pra jantar. – Saiu da sala pisando duro e foi até o quarto de hóspedes, mas não a encontrou. Então se lembrou que quem devia estar usando aquele quarto era Antônia. Foi até seu antigo quarto e lá encontrou a namorada deitada. – Você não vai jantar?

- Eu pensei ter dito ao seu pai que eu não queria falar com você. – Ela se sentou na cama e Micael fechou a porta atrás de si e se escorou lá, após acender a luz. – O que está fazendo aqui, Micael? Faltou alguma reclamação?

- Não, eu só queria pedir desculpas. – Deu de ombros. – Talvez eu tenha exagerado.

- Talvez? – Ela ergueu uma sobrancelha. – Você disse talvez?

- Colabora, Sophia. – Se aproximou da cama.

- Me deixa em paz, por favor. – Ele franziu a testa sem entender. – Eu não quero mais desculpas, eu não quero mais brigas, eu só quero dormir.

- São oito horas da noite, Sophia. – Rolou os olhos.

- E eu estou mentalmente exausta, então por favor, colabora você e me deixa. – Repetiu. – Eu vou acordar cedo, preciso estar descansada.

- E você vai viajar sem se entender comigo? Ficaremos brigados por dias até que você volte? – Sentou-se na beirada da cama.

- Eu vou ser sincera com você. – Ela tinha a voz muito calma e controlada. – Eu não sei se eu quero me entender com você. – Levantou na cama num pulo. – Vai ver a gente já deu mesmo.

- Você ficou louca? – Ele falava alto. – Só pode estar, eu fiz de tudo pra te dar uma segunda chance e você vai simplesmente terminar comigo?

- Ai é que tá, amor. – Tentava manter as lágrimas firmes para que não escorressem. – Você nunca me deu uma segunda chance de verdade.

- Do que você está falando? – Abaixou o tom de voz, estava tão confuso. – Eu voltei com você, eu moro com você.

- Mas você não consegue passar por cima do que aconteceu, qualquer oportunidade que tem você joga na minha cara que eu trai você e por mais que seja verdade e que eu entenda que é muito difícil pra você confiar em mim, isso não está saudável. Está me magoando e eu não aguento mais.

- Você não precisa ser tão radical, é só uma fase, a gente supera junto, como já superamos muitas outras coisas.

- Será mesmo? – Ela encarava os olhos marejados de Micael. – Ou será que eu realmente acabei com a gente quando eu resolvi ficar com o Douglas? Eu sempre achei que a gente podia tentar de novo, Micael, mas parece que a cada dia que passa a gente briga mais por motivos cada vez mais idiotas. Você brigou comigo por eu querer ver meus pais, consegue enxergar o quão toxica é essa situação?

- E por causa disso você vai terminar comigo? – Chegou perto e segurou as mãos da namorada. – Eu sei que eu exagero, mas eu não consigo controlar, você não precisa acabar com tudo o que a gente está tentando construir só por causa disso.

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