Ruínas - Capítulo 80

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- E eu tinha esquecido do quão chata você é, Luinha. – Micael disse ainda sorrindo. – Será que dá pra deixar a gente se curtir em paz?

- Olha como são dois mal agradecidos. – Fingiu decepção. – Fiz de tudo pra vocês se entenderem e agora eu sou chata. Tudo bem, se brigarem de novo, eu não vou ficar armando churrasquinho nenhum não hein. – Cruzou os braços e arrancou risada de Micael e Sophia.

- Armando churrasquinho. – Sophia repetiu a frase com deboche. – Que cara de pau.

- E não é verdade? – Ela ergueu uma sobrancelha. – Armei um monte de rolês pra vocês se encontrarem.

- É verdade sim, meu amor. – Sophia concordou. – E a gente quase se matou em todos eles. – Os três riram dessa vez.

- O que importa é que um deu certo, não é mesmo? – A dona dos cachinhos dourados deu de ombros. – Então não me chamem de chata.

- Desculpa, Luinha. – Micael pediu a mulher. – Melhor cupido que existe, melhor assim? – Ele debochou.

- Para de debochar e diz logo o que você veio fazer aqui? – Ele parou de rir, enfiou a mão no bolso e tirou de lá uma chave com pompom cor de rosa.

- Vim trazer a cópia da chave da Sophia, a gente não vai conseguir viver com uma só não. – Ele deu de ombros e Sophia pegou a chave, passou o chaveiro com pompom na bochecha, amava aquela textura suave.

- A cópia da chave da Sophia? – Ela franziu a testa. – Vocês voltaram tem dois dias, é tão urgente assim uma cópia de chave?

- Ah, eu esqueci de falar. – Sophia sorriu ao contar a novidade. – A gente agora está morando junto. – Lua arregalou os olhos e fez com que os dois rissem. – Um tanto quanto rápido não é? A gente sabe.

- Não esperava por essa, mas fico feliz por vocês! – Ela sorriu. – Mas ó, é pra casar com festa Micael, minha amiga merece tudo do bom e do melhor e eu quero ser madrinha!

- Uhum, pode deixar. – Ele assentiu. – A gente vai casar sim, um dia.

- Um dia uma ova.

- Lua, faz favor de não apressar ainda mais as coisas? – Sophia pediu. – Você não já tinha que estar no trabalho?! – Ela se virou para o namorado. – Já vai dar meio dia.

- Estou enrolando um pouco porque vou sair de lá mó tarde. – Fez uma careta. – Meu pai precisa logo resolver esse problema, eu fiquei até mais tarde um dia e já não aguento mais. – Fez as meninas rirem.

- Sophia, eu preciso de um favor agora. – Elizabeth chegou falando e parou ao lado de Sophia. – Antes que você saia para o almoço!

- Pode falar. – Ela olhou a chefe que tinha um papel na mão.

- Eu preciso que ligue pra essas pessoas. – Entregou o papel a Sophia, ela passou o olho rápido e leu alguns nomes. – Quero todos aqui pra ontem. Apareceu uma super campanha de perfume e eu preciso fazer um teste com os que eu já conheço o trabalho e sei que é bom. Pode fazer antes do almoço, por favor? É pra tentar marcar pra hoje ás 14h. – Sophia balança a cabeça. – Lua, de você eu preciso de outra coisa, pode vir comigo pra eu te mostrar? – Lua se levantou e seguiu a chefe para alguma sala daquele imenso lugar.

- Que cara é essa? – Micael perguntou. – Muita gente pra ligar? – Ela balançou a cabeça e ergueu a folha virada pra Micael.

- Olha só quem é a primeira da lista?! – Micael olhou com atenção, mas logo riu. – Ei, isso não é engraçado, eu vou perder o meu emprego. "Conheço o trabalho e sei que é bom". – A loira debochou ainda mais.

- Para vai, tem cinco homens e cinco mulheres nessa lista, nem vai demorar pra chamar. – Ele se mantinha bem humorado. – Você consegue ligar pra Fernanda e trata-la com educação que eu sei.

- Micael, eu vou xingar aquela filha da puta de tudo quanto é nome. – Rangeu os dentes. – Eu não posso simplesmente ligar pra ela e convida-la pra um teste, eu não tenho todo esse sangue frio.

- Você gosta do seu trabalho? – Ele perguntou e segurou a mão da namorada. – Se você realmente gosta daqui, você vai ter que fazer isso!

- Que inferno! – Reclamou e tirou o telefone do gancho com raiva. – Vou ligar pra essa vagabunda logo e acabar com esse tormento. – Micael ainda mantinha o sorriso enquanto via a namorada respirando fundo pra realizar aquele telefonema. Ela digitou os números e aguardou por bastante tempo, Fernanda atendeu quase que no último toque.

- Alô?! – Ela estranhou o número desconhecido. – Alô?! – Chamou novamente por conta do silêncio de Sophia.

- Alô, boa tarde. – Forçou uma gentileza na voz. – Fernanda Martins? – Perguntou, mas ela já tinha reconhecido a voz daquela mulher, a reconheceria de longe.

- Sim, quem é? – Ela estava deitada no sofá com as pernas para o alto.

- Sophia, da NewTop. – Se apresentou e na hora Fernanda riu.

- Sophia?! Já voltou a trabalhar, querida? – A falsidade transbordava em sua voz. – Como você está? E o Micael? – Sophia por instinto olhou para o namorado, que se mantinha segurando a mão dela.

- Estou ótima, querida. – Forçou mais uma vez a gentileza, mas qualquer um que ouvisse, saberia que não passava de fingimento. – Entrei em contato por conta de uma campanha, você tem interesse?

- Campanha de? – Ela perguntou, levemente interessada.

- Perfume. – Sophia queria evitar falar, mas precisava encerrar aquela ligação de uma vez. – Alguns modelos foram selecionados para um teste, você topa?

- Sim, a que horas? – Sophia respirou fundo.

- Hoje, ás duas. – Ela avisou e ouviu a confirmação do outro lado da linha.

- Estarei ai. Até mais. – E a ligação finalmente foi encerrada. Sophia colocou o telefone no gancho e abaixou a cabeça na mesa. Que tortura tivera sido ligar praquela mulher.

- Eu não a suporto. – Rangeu os dentes.

- Já acabou, já foi. – Micael fez carinho em sua cabeça.

- Acabou nada, agora vem a pior parte, suportar ela aqui. – Respirou fundo e voltou a olhar a lista. – Vou terminar de ligar pra essas pessoas, porque eu estou morta de fome já.

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