Ruínas - Capítulo 101

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Micael estava na cozinha terminando o jantar quando a campainha tocou e ele suspirou. Sophia estava animada, adorava a companhia do sogro e queria muito que ele e Micael ficassem bem.

- Sophia! – Abraçou a nora com um sorriso. – Como está?

- Estou ótima e o senhor? – Ele balançou a cabeça. Sophia fechou a porta e caminhou com o sogro pra dentro. – Eu te chamei pra fazer as pazes com o Micael, não pra brigar mais hein!

- Ele foi avisado disso? – Ergueu uma sobrancelha rindo. – Porque ultimamente ele que tem brigado comigo o tempo todo. – Rolou os olhos.

- Ele foi avisado disso sim! – Ela falou rindo. – Por isso que estou te avisando também. – Eles foram até a mesa de jantar e Micael já estava colocando a comida lá.

- Oi, pai. – Disse sem animação nenhuma e foi pra cozinha pegar o restante da comida na cozinha.

- Você tem certeza que ele foi avisado, Sophia? – Falou rindo, Jorge era sempre bem humorado, quando não estava no trabalho brigando com Micael.

- Sabe que eu acho que ele ficou com raiva por causa do cara novo lá?! – Jorge fez uma careta sem entender.

- Mas que merda ele tem na cabeça? – Cruzou os braços. – Eu contratei o Adriano pra poder ter paz, ele não pode ficar com raiva.

- Relaxa que passa. – Piscou um olho pro sogro.

- Bom, vamos comer? – Micael apareceu segurando a última travessa. – Eu estou morrendo de fome. – Falou ao se sentar.

- Eu também estou! – Sophia sorriu, colocou suco no copo de todos e não demoraram a comer.

Sophia puxou alguns assuntos aleatórios na mesa, tentava ao máximo fazer com que os dois se entendessem. Ela contou ao sogro seus planos pra ser modelo e ele foi mais um apoiador da ideia.

Após o jantar, Sophia começou a tirar a mesa e recusou a ajuda dos dois, os deixou sozinhos para que conversassem e enfim conseguissem se entender, pelo menos era o planejado.

- Pai, eu queria pedir desculpas pela forma como fui na sua sala hoje. – Disse num suspiro e surpreendeu o pai. – Eu estava irritado com aquele Adriano lá. – Jorge sorriu, tinha os braços cruzados.

- Irritado com uma pessoa que eu contratei pra te ajudar? – Seu tom de voz não era hostil, tinha um pouco de brincadeira. Micael rolou os olhos. – Não tem sentido.

- Então devia ter avisado a ele que eu existia, porque ele me mandou pegar meu avental e me deu bronca porque eu cheguei atrasado. – Jorge agora riu descaradamente, assim como Sophia tinha feito mais cedo.

- Eu avisei, mas talvez ele não esperava que você fosse tão novo. – Continuou rindo. – E eu tinha dito que você não ia trabalhar hoje.

- Sei. – Manteve a careta. – Cara irritante. Se acha.

- Que bom que você não vai conviver com ele né? – Ergueu uma sobrancelha. – Ele é da noite.

- Que ótimo. – Encarou o pai e depois deu um sorriso. – Eu amo você pai. – Se levantou pra dar um abraço e Sophia sorriu ao assistir a cena um pouco de longe.

- Eu também te amo. – Se afastou um pouco. Sophia se aproximou ainda sorrindo.

- Ei, fico feliz que se entenderam. – Caminhou até Micael e o abraçou de lado. – Já não era sem tempo.

- Você é muito mandona. – Micael deu um beijo em sua cabeça. – Até demais!

- Eu só quero ver vocês bem, já disse que são a única família um do outro, não tem que ficar brigando por besteira! – Jorge deu de ombros. O toque do celular de Micael ecoou pela sala e ele franziu a testa ao olhar o estranho número que tinha no visor. – Que cara é essa?

- Esse número estranho aqui. – Virou pra Sophia. – Não tem o código do Brasil, eu não sei de onde é, mas com certeza é estrangeiro.

- Estrangeiro? – Ela pareceu pensar. – Por que alguém de outro país ligaria pra você? Quer dizer, você tem conhecidos na França, mas...

- Esse aqui não é o código de lá não. – Jorge permanecia quieto.

- Você não vai atender? – Ele balançou a cabeça e colocou o telefone de volta na mesinha.

- Eu não. – Deu de ombros. – Não tenho nada pra falar com essa pessoa.

- Você não sabe nem quem é. – O telefone ficou mudo.

- E não quero descobrir. – Deu de ombros.

- Pode ser a sua mãe. – Jorge finalmente se manifestou. – Já pensou nisso?

- Aquela mulher não liga pra mim tem quinze anos. – Ele bufou. – Não tem a menor chance dela ter o meu número.

- Puta coincidência eu falar que vocês são a única família um do outro e ela ligar assim do nada. – Sophia soltou uma risadinha. – Cruz credo.

- Não deve ser ela. – Suspirou.

- Você conhece mais alguém fora do Brasil? – Jorge ergueu uma sobrancelha. – Ela deve ter conseguido teu telefone, como eu não sei, mas tem chances.

- Pai, são quinze anos. – Balançou a cabeça. – Eu tinha dez anos e ela nunca ligou. Ai agora, bateu saudade nela? Não está fazendo muito sentido. Deve ser outra pessoa.

- Ai, que agonia. – Sophia revirou os olhos e pegou o telefone da mesa assim que começou a tocar novamente. – Deixa que eu atendo e acabo com esse mistério. – Passou o dedo na tela. – Alô, quem é? – Jorge e Micael a olharam apreensivos.

- Esse telefone é do Micael? – Uma voz feminina extremamente simpática perguntou ao outro lado da linha.

- Quem é? – Sophia repetiu a pergunta. A mulher do outro lado da linha suspirou antes de responder a pergunta de Sophia.

- Antônia. – Disse já não mais tão simpática. Sophia arregalou os olhos.

- Antônia. – Repetiu alto e Jorge suspirou, ele tinha um olhar de "eu avisei".

- Pode avisar que eu não quero falar com ela. – Micael disse alto e a mulher foi capaz de ouvir ao outro lado da linha. – Nem agora e nem nunca.

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