Ruínas - Capítulo 28

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- Como você mandar, general. – Micael brincou e Lua lhe deu um tapa no braço, rindo. Eles saíram de perto indo se sentar na mesa. Sophia ficou perto de Lua e Arthur, olhando Micael voltar e dar um beijo em Fernanda.

- Eu não tenho estômago pra ficar na mesma mesa que eles. – Constatou com os olhos fixos no casal. – É muito pra mim.

- Sophia, você disse que ia se comportar. – Lua falou baixo e Arthur só prestava atenção. – Nada de barraco.

- Mas eu não vou fazer barraco, eu só não consigo ficar perto, é querer demais. – Ela balançou a cabeça e saiu do salão, ficou na área externa, sentada num banco, sozinha.

Ela não sabia por quanto tempo ficou ali sentada, sentindo a brisa fresca da noite balançar seus cabelos. Não queria entrar, se sentiria mal sentada com eles, todos felizes conversando e rindo, enquanto ela se desmanchava em lágrimas e vontade de vomitar, precisava dessa distância, mas sabia que por Lua, não poderia passar a noite toda ali fora.

Levantou do banco com um suspiro pesado e caminhou de volta ao salão, Lua e Arthur estavam sentados à mesa com eles, se aproximou com um sorriso forçado.

- Eu estava a ponto de ir atrás de você! – Lua disse encarando a amiga, que tinha puxado sua cadeira pra sentar. Ao lado de Lua e de Fernanda. – Onde foi que você se enfiou, já faz mais de uma hora.

- Eu estava sentada no banco ali fora. – Rolou os olhos. – Eu não fui embora, tá legal. – Estava mal humorada. – Eu sei que ainda falta a tal dança, não ia te desapontar e fazer você me xingar pelo resto da vida por causa disso.

- Que bom que tem noção do quanto eu ia te odiar. – Cerrou os olhos, brava. – Está quase na hora, então vocês... – Gesticulou entre Micael e Sophia. – Podem tirar essa cara de bunda e botar um sorriso nem que seja falso pra poder ficar bonito na gravação.

- Melhorou? – Ela sorriu forçadamente.

- Razoavelmente, mas já serve. – Lua terminou a sessão de esporro e viu Sophia rolar os olhos. Silêncio reinou na mesa por alguns instantes, até que quem quebrou fora Fernanda.

- Soph, será que podemos conversar por um minuto. – Ela disse com a voz doce, surpreendendo a todos na mesa. – É bem rapidinho. – Completou quando Sophia hesitou responder.

- Qual a necessidade disso? – Micael perguntou bravo, mas a mulher o silenciou com um olhar. – Faz o que quiser. – Ele deu de ombros e ela se levantou, seguida de Sophia. Os cinco ficaram olhando por onde as duas lindas mulheres saíram. – Só me faltava essa agora. – Ele balançou a cabeça.

- Eu daria tudo pra ouvir essa conversa! – Chay disse curioso e arrancou risadas dos amigos. – Ah, gente, vocês vão dizer que não estão com nem um pouquinho de curiosidade pra saber do que estão falando?

- Eu tô é com medo delas se estapearem lá fora e estragarem a dança do meu casamento. – Lua encarou Arthur. – Eu vou lá. – Ficou de pé, mas Arthur segurou sua mão.

- Elas não vão brigar. – Micael falou baixo. – Fernanda jamais faria uma coisa dessa.

- Eu ia dizer que a Sophia não ia estragar a festa. – Arthur respondeu rindo. – Mas já que o Micael só tem olhos pra Fernanda, serve a resposta dele. – Micael jogou um guardanapo em Arthur.

- Será que dá pra parar de me zoar por algum instante? – Ele pediu, mas tinha o rosto divertido. – Anotem ai o meu telefone pra depois ninguém reclamar que eu sumi. – Os amigos pegaram o telefone pra gravar o novo número de Micael.


- O que foi? – Sophia disse pouco a vontade quando parou perto de onde estava sentada um pouco antes. Fernanda a encarava sem graça.

- Eu queria dizer que eu não sabia de nada. – A mulher falou baixo. – Eu não quis debochar de você quando cheguei.

- Está tudo bem já, Fernanda. – Sophia não olhava nos olhos da mulher por nenhum momento. – Eu acredito que você não sabia, Micael não é do tipo que abre o passado assim tão fácil.

- E nós não tivemos aquela conversa sobre ex. – Soltou uma risadinha. – Me desculpa pela forma que cheguei, eu vi que você ficou mal e que pelo visto deve sentir ainda o término.

- Eu tive um mal estar, mas logo passou. – Deu de ombros. – Não precisa se desculpar por nada, Micael fez a escolha dele.

- Eu estava preocupada. – Ficou sem graça novamente. – Eu sei que nós não chegamos a ser amigas, mas o tempo que passei com você e Lua me assessorando na agência foi ótimo. – Sorriu.

- Será que você podia me contar como acabou conhecendo o Micael? – Estava curiosa com aquilo, talvez não fosse o momento certo de perguntar, mas precisava saber. – Ele sumiu, eu estava tão preocupada.

- Eu o conheci numa festa, tem um mês. Um coquetel que teve no restaurante do pai dele. – Sophia franziu a testa fazendo as contas, provavelmente ela ainda trabalhava na campanha da agência e não tinha brigado com Micael quando eles se conheceram. – Eu conversei com ele durante a noite, algumas vezes, mas sinceramente ele não pareceu muito interessado. Pegou meu telefone, mas pra falar a verdade eu não achei que fosse ligar.

- Mas ele ligou. – Sophia falou fraco.

- Ligou mais de uma semana depois. – Sophia bufou com o salto no tempo da história, ele ligou depois que tudo acontecera, depois que tinha visto ela e Douglas juntos, depois que tinha dito ao telefone que seguiria sua vida. – E nós jantamos algumas vezes e acabou acontecendo.

- Eu entendi, obrigada por me contar. – Forçou um sorriso. – Eu vou fazer uma forcinha pra não odiar você agora que você namora com ele. – Sua voz era doída, mas no fundo de seus olhos tinha diversão. Ela sabia que Fernanda era uma boa pessoa, precisava se lembrar disso a todo momento pra não odiar a menina gratuitamente, precisava ser madura.

- Obrigada. – Elas se abraçaram. Não brigariam por homem, mesmo o homem em questão sendo Micael. Pelo menos isso era o que achavam, nenhuma das duas sabia o que lhes preparava o destino. – Vamos entrar? Eu aposto que seus amigos devem estar tão curiosos.

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