O almoço foi descontraído e aquilo tirou Sophia um pouco da fossa que tinha se enfiado. Era fácil estar com ele, sempre foi. Os dois caminharam entre risadas de volta a agência e mais uma vez Sophia evitou olhar na direção do restaurante do pai de Micael.Mas ele estava na porta, fumava um cigarro e trocava ideia com um garçom que trabalhava com ele. Micael não tinha o habito de fumar, mas com todos os acontecimentos recentes em sua vida, só o cigarro e os calmantes na hora de dormir ajudavam a ter um dia melhor.
- Acho melhor você não olhar pra lá. – Rael falou sem graça, ele tinha reconhecido Sophia passando do outro lado da rua entre risadas com outro homem. – Pelo menos não agora.
Micael franziu a testa e se virou, vendo os dois caminhando e conversando. Ele reconheceu Douglas na hora e seu amigo não sabia o que fazer, não tinha ideia do que passava na cabeça de Micael.
Ele largou o cigarro no chão e seus olhos se encheram de lágrimas quase que instantaneamente, não conseguiu controlar e elas correram livres pelo rosto. Ele vinha se fazendo de durão na frente de todo mundo e agora tinha desmoronado na frente de Rael.
- Que filha da puta! – Secou o rosto com as mãos. – Certeza que essa vagabunda fez isso de proposito, eu vou matar os dois. – Rael segurou seu braço antes que ele pudesse sair do lugar. – Me solta agora.
- Micael, a rua é pública!
- Ela não tem que passar na frente do lugar que eu trabalho desfilando com esse cara. – Segurar as lágrimas parecia uma tarefa impossível. – Isso é um absurdo.
- Você terminou com ela, Micael. – Ele ainda segurava o braço do filho do chefe.
- Mas eu não deixei de amar essa infeliz. – Ele quase gritou. – Você não tem noção do quanto eu amo essa mulher.
- Então por que você não conversa com ela e tenta se entender? – Ele encarou o rapaz incrédulo. – Que foi?
- Como que eu vou confiar na Sophia de novo? Ainda mais agora? Tá na cara que ela não largou esse cara!
- Você nem sabe, eles só passaram na rua, Micael. – O moreno puxou seu braço, pisou em cima do cigarro antes de pegar ele do chão e jogar no lixo.
- Vamos trabalhar, Rael. – Foi só o que disse antes de entrar no restaurante. – Ainda é horário de almoço e o restaurante está cheio.
- Ei, Luinha! – Sophia comentou animada depois de se sentar na cadeira. – Já começou?
- Não, eu estava te esperando. – Sorriu. – Vejo que voltou animada.
- Ah, a gente conversou e se entendeu. É muito simples conversar com ele. – Deu de ombros, como se pouco importasse. – Queria que fosse assim com Micael também.
- Vocês estão juntos? – Sophia franziu a testa.
- Claro que não! – Falou como se fosse um absurdo. – Eu amo o Micael, por mais que talvez ele nunca mais vai querer saber de mim na vida.
- Então por que agora que você está solteira, você não dá uma chance pro rapaz, já que o Micael é um caso perdido?
- Eu ainda não considero o Micael um caso perdido não, meu amor! – Ela sorriu. – Eu não posso perder as esperanças.
- Vocês encontraram Micael pela rua?
- Não, eu não o vi. – Sorriu. – Ainda bem, porque ia ser muito difícil explicar que eu tinha apenas ido almoçar com ele e que nós somos amigos.
- Ah, ele com certeza nunca ia acreditar nisso! – Lua riu e se virou para o computador. – Agora que acabou nosso almoço, vamos trabalhar?
- Claro que sim, pra hora passar rápido!
- Alguém quer carona pra casa? – Douglas perguntou quando ia saindo. - Eu já cansei de tirar fotos por hoje.
- Olha isso, Lua. – Sophia tinha um olhar divertido. – Essa vida de modelo deve ser super cansativa mesmo.
- É. – Balançou a cabeça. – Qualquer dia você tenta, vai descobrir o quanto cansa posar pra fotos.
- Qualquer dia você tenta ficar aqui olhando e avaliando as fotos, pra você ver como cansa mais. – Lua entrou na brincadeira e os três riram.
- E então, carona? – Ergueu sobrancelha para as duas. – Ou as senhoritas preferem ir de táxi com um estranho?
- Eu prefiro carona. – Lua disse surpreendendo Sophia. – Já vou economizar pra vir de uber amanhã né, já que odeio ônibus e o Arthur nunca tem tempo pra me trazer.
- Ok, então carona. – Sophia sorriu e as duas começaram a guardar as coisas para irem embora.
- Vou tirar o carro do estacionamento. – Ele avisou e saiu.
- Você acha isso uma boa ideia? – Perguntou insegura enquanto saia com a amiga. – Se o Arthur ver e contar para o Micael ele nunca vai me perdoar, Lua.
- Sophia, para de pensar nele. Você está solteira, faz o que quiser da vida! Eu não vou deixar você na fossa pra sempre. Seja com esse cara ou com outro.
- Mas Lua... – Franziu a testa, estava realmente receosa. – Eu não acho uma boa ideia.
- Vamos! – Puxou a mão da amiga e as duas entraram no carro. A viagem até a casa de Lua foi tranquila e divertida, menos quando quase a frente Sophia viu o carro de Micael. Todo um djavú passou por sua cabeça e seu coração bateu acelerado.
- Micael! – Ela engoliu a seco e Lua não entendeu porque não tinha visto ainda o carro.
- Que? – Soltou o cinto e se inclinou para olhar à frente.
- O que será que ele está fazendo aqui?
- Conversando com Arthur, certeza. – Lua deu de ombros e Douglas freou o carro.
- Quer que eu volte daqui? – Perguntou parado e Sophia não respondeu. – Sophia! – Permaneceu muda.
- Continua e me deixa lá. – Lua pediu e o rapaz assentiu. – Qualquer coisa eu falou com ele quando descer. – Quando o carro parou em frente à casa de Lua, ela desceu e antes que Douglas arrancasse com o carro, ela abriu um pouco a porta.
- Ei, não. – Segurou seu braço e puxou a porta pra fechar novamente. – Se você sair desse carro e for até lá tentar se explicar, só vai piorar tudo!
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Ruínas
RomanceE quando você encontra a pessoa perfeita, mas descobre que ela não é? Quando encontra o amor da sua vida, mas aparentemente a pessoa não sente o mesmo? São as dúvidas que assolam a vida do nosso jovem Micael, que se apaixonou por uma linda mulher, m...