Ruínas - Capítulo 138

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- Eu tenho que te contar uma coisa que você com toda certeza não vai gostar muito de saber. – O clima na cozinha mudou mais uma vez. – Mas eu espero do fundo do meu coração que você não reaja mal.

- O que foi que aconteceu? – Franziu a testa. – Você está me deixando curioso.

- Tem a ver com o Douglas. – Micael bufou e desfranziu a testa.

- E quando não tem a ver com ele? – Sophia se surpreendeu com a expressão de tranquilidade no rosto de Micael. – Toda vez que tem um assunto sério, ele está no meio.

- Mas você não parece com raiva dessa vez. – Ela se permitiu sorrir. – Posso saber que milagre é esse?

- É seu amigo, não é? – Ergueu uma sobrancelha e Sophia assentiu. – Então eu vou tentar ficar de boa.

- Quê? – Não estava acreditando. – Você só pode estar de brincadeira. Não tem nem um mês que a gente terminou, você não pode ter mudado tanto.

- Você realmente não acredita na mudança das pessoas né? – Gargalhou. – Eu nunca fui ciumento, eu nunca fui possessivo, nunca fui cismado. Eu tinha me transformado num poço de insegurança que acabou fazendo da nossa vida junto um inferno. Não quero mais isso, mesmo que agora não estamos juntos.

- Micael Borges, eu realmente não estou acreditando no que estou ouvindo. – Seu sorriso se alargou. – Isso ai é tudo uma ceninha pra eu cair no seu papo, voltar com você e acabar numa relação doentia de novo né?

- Agora quem está cismada é você. – Apontou pra ela com o garfo. – Quem foi que disse que eu quero voltar? Somos amigos, Abrahão.

- Mas está muito engraçadinho. – Seguiu rindo. – Me surpreendeu essa sua atitude.

- Pois é, eu sou uma caixinha de surpresas. – Desviou os olhos rindo. – Agora fala, termina de contar o que aconteceu que eu não vou gostar nadinha.

- Não vai nem insinuar que eu fiquei com ele de novo? – Ela seguia instigando Micael ainda sem acreditar em sua atitude. – Nadinha?

- Sophia, colabora com o pai. – Os dois riram. – Fala de uma vez, eu sei que você não ficou com ele.

- E eu posso saber como "o pai" – Debochou. – Tem tanta certeza disso?

- Por que você me ama e eu não acho que você já tenha seguido em frente. – Se aproximou do balcão. – Eu estou errado?

- Você está muito convencido. – Se afastou um pouco. – Porém com razão, mas não acostuma. – Ela suspirou e voltou a falar de Douglas. – Então, o que aconteceu foi que a Mel e o Douglas...

- Não vai me dizer que esses dois estão juntos. – Arregalou os olhos. – Não acredito nisso.

- Bom, eles fizeram aquele primeiro teste juntos e tals, ai depois eu incentivei e eu só sei que acabou rolando.

- Eles estão namorando? – Mantinha a cara de surpreso. – Tipo, oficial?

- Não, estão se conhecendo.

- Coitado do Chay. – Balançou a cabeça. – Quando ele souber vai enfartar.

- Não tenho lá muita pena dele não. – Deu de ombros. – Dou a maior força pra ela ficar com o Douglas. Muito mais legal e vai apoiar a carreira dela.

- Claro que vai né, é o mesmo meio que ele trabalha. – Suspirou. – Eu fico triste pelo Chay, mas por outro lado, muito feliz dele ter arrumado alguém, assim ele para de ficar atrás de você.

- Ora, ora. – Ela debochou. – Eu sabia que tinha sobrado um pouco do Micael ciumento em algum lugar ai dentro.

- Eu também não sou de ferro, gata. – Piscou um olho. – Mas então a Mel vem com ele hoje pra resenha? Já estão nesse nível?

- Eu não sei. – Deu de ombros como se não fosse algo importante. – Eu falei que poderia trazer se quisesse, mas eu não sei se ela está pronta pra mostrar pras pessoas que está seguindo em frente.

- Se ele vier, acho melhor realmente não chamar o Chay. – Balançou a cabeça. – Ele vai perder a cabeça na hora em que o vir, e quando o filho da puta abrir a boca vai piorar tudo. Eu sei bem como ele gosta de provocar.

- Não lembro de você já ter brigado com ele. – Ele sorriu de canto.

- Sempre tinha alguém pra se meter no meio.

- Pode parando de desculpinha, você foi pra cima dele uma vez e olhe lá. – Ela brincou. – Fora isso ficou ouvindo as provocações dele de longe. Aquele dia foi muito divertido, a propósito.

- Se o Arthur não me impede naquele dia hein! – Sophia gargalhou. – E não foi nada divertido, a propósito.

- Tu nem é de briga Micael, só ameaça. – Seguiu brincando.

- Exclusividade sua ser brigona. – Foi a vez dele rir. – Mas que eu sempre tive vontade de dar uns bons socos nele. – Uma careta se formou em seu rosto e Sophia ficou curiosa. – Também tenho algo pra te contar que você não vai gostar nadinha.

- Quem você pegou? – A mulher arregalou os olhos. – Um pouco rápido demais, não acha?

- Ciúmes do ex, senhorita Abrahão? – Desfez a careta por um momento enquanto sorria. – Até entendo porque estamos separados. Você é uma ciumenta.

- Mas você está muito bem humorado. – Ela sorriu. – Isso me deixa feliz.

- Eu estou sabendo. – Sorriu de volta. – Então, o que aconteceu foi... Fernanda finalmente ligou.

- Eu achei que essa vagabunda tinha deixado essa porra pra lá. – Ele viu a raiva aparecer no rosto de Sophia. – Quantos meses já faz? Três? Quatro?

- Uns quatro, com certeza. – Deu de ombros. – Ela voltou com o assunto da plástica.

- Vadia. – Bufou e Micael achou graça. – Não é pra rir não, essa mulher acaba com todo o meu bom humor.

- Eu falei pra ela que não ia pagar nada, assim como você me obrigou. – Deu de ombros. – Ela ficou puta, ameaçou mil coisas e disse que eu ia me arrepender, mas não botei muita fé no que ela disse não. Com certeza ela vai pagar a plástica sozinha.

- Ela não tem dinheiro? – Soph ergueu uma sobrancelha.

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