Ruínas - Capítulo 87

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- Puta que pariu, Sophia! – Douglas rachava o bico. – Você é inacreditável. – Micael também ria.

 Era estranho pra Sophia ver os dois no mesmo ambiente e rindo. Elizabeth voltou com a carteira de Sophia e os papeis da demissão para que ela assinasse. Sophia nem se sentou pra assinar, queria sair daquele lugar.

- Faz favor de não pisar mais aqui. – Beth pediu ao ver o casal saindo da sua sala.

- Você ainda vai me implorar pra voltar. – Olhou bem no fundo dos olhos da ex chefe que deu uma gargalhada irônica. – Passe bem. – Os dois saíram dali. Sophia parou em sua mesa pra pegar as coisas que não tinha conseguido levar no dia da confusão.

Lua a olhou por alguns instantes, mas logo voltou a se concentrar nas fotos da modelo que tinha de frente ao computador. Sophia abriu a segunda gaveta e começou a tirar de lá os inúmeros cartões de Micael, levaria todos consigo. A foto dos dois em cima da mesa também.

- Você guardou tudo isso? – Ele pegou um dos cartões e leu. – Eu achei que você jogava fora.

- É claro que não né! – Franziu a testa. – Por que achava uma coisa dessa?

- Porque eu nunca vi você em casa com eles. – Deu de ombros. – Achei que estavam no lixo faz tempo.

- Não, eu os guardava aqui na gaveta. – Ele sorriu e Lua bufou.

- Não se ilude não, metade desses cartões ela nem sequer abriu pra ler. – Lua falou com raiva e a careta do Micael instantânea. – "Ah, mais um cartão" – Afinou a voz na falha tentativa de imitar Sophia. – E jogava na gaveta. Não é à toa que quando você largou ela, ela ficava ai chorando lendo esses cartões inéditos.

- Qual é a porra do seu problema, Lua Maria? – Rangeu os dentes, mas não falou alto.

- Você se fingindo de boa namorada ai. – Respondeu no mesmo tom. – Falsa.

- Eu não sou falsa! – Micael soltou um suspiro ao ver as duas brigando novamente. – Eu nunca fui falsa com você.

- E como eu vou saber, se você enganou o Micael pode ter me enganado também, não é mesmo? Vai saber se não já falou mal de mim por ai. – Lua alfinetou.

- Você está insuportável. – Foi apenas o que a loira respondeu. – Insuportável.

- Chega vocês duas. – Micael se meteu. – Vocês são melhores amigas, não estou entendendo porque esse estresse todo tá rolando se ninguém aqui fez nada de errado.

- Ela começou a me tratar mal porque eu fui dar um toque, agora ela aguenta. – Lua resmungou.

- Muito obrigado, Lua. – Micael respondeu. – O seu toque funcionou, quando cheguei em casa a Sophia me contou tudo o que aconteceu e as coisas ficaram bem. Então, vamos lá de novo, porque é que vocês não se entendem mesmo?

- Ela acabou de me chamar de falsa, Micael. – Sophia tinha os braços cruzados e um bico que nem uma criança.

- E você acabou de chamar ela de insuportável. Está tudo em casa. – Ele defendeu. – Vamos, peçam desculpas.

- É claro que não. – Lua tinha um bico igual ao de Sophia. – Não vem agir como se eu fosse uma criança não.

- Mas vocês estão parecendo duas crianças. – Ele balançou a cabeça. – Vamos logo com isso! Somos todos amigos e vocês duas sabem disso.

- Eu devia ter feito isso com vocês então. – Se manteve resmungando.

- Você sabe muito bem que a situação era bem mais complicada. – Alternou olhares entre as duas. – Quem começa? Vamos logo, Sophia!

- Ok. – Fez uma careta e se virou pra Lua. – Me desculpa pelas coisas que eu disse na semana passada. – Micael sorriu.

- Muito bem, meu amor. – Ele olhou pra amiga. – Agora vai Lua, sua vez.

- Me desculpe por ter insinuado aquelas coisas. – Rolou os olhos. – Mas eu estava preocupada com você caramba!

- Parabéns, agora se abracem pra selar essa amizade linda que vocês tem. – Ele pediu e Sophia deu um leve sorriso antes de manter os olhos fixos nos de Lua. – Andem. – Logo elas se abraçaram. – Ótimo, agora que já está tudo resolvido. Sophia pega suas coisas e vamos embora. Eu vou armar um jantar lá em casa pra comemorar que agora a gente mora junto, vou falar pro Arthur te obrigar a ir, e ai vocês terminam de fazes as pazes.

- Eu acho que você está muito mandão pro meu gosto. – Sophia resmungou, mas agora já não estava mais tão revoltada.

- E eu sei que você gosta. – Ele sorriu. – Vamos! – Sophia seguiu juntando as coisas. – Tchau, Luinha. – Sophia só balançou a cabeça pra amiga.

Os dois seguiram pra casa, conversaram sobre coisas aleatórias no caminho. Sophia não estava mais tão triste por sair do emprego, mas ainda estava longe de estar feliz. Eles resolveram passar no mercado para comprar ingredientes para um pato com laranja. Chegaram em casa e já passava de meio dia.

- Eu estou exausta. – Ela se jogou no sofá enquanto ele passava com as compras pra cozinha. – Passamos a manhã toda na rua.

- Mas teremos canard hoje. – Ele gritou da cozinha. – Olha que lucro pra você!

- Pra mim? – Ela levantou e foi até a cozinha com as mãos na cintura.

- Logico, eu estou de folga e terei que cozinhar uma coisa que eu faço todo dia. – Ele falou rindo. – E de graça.

- Se quiser eu faço hein. – Ela brincou e Micael ergueu uma sobrancelha. – Nem me olha com essa cara!

- Eu estou imaginando você fazendo. – Começou a rir. – Você é péssima na cozinha.

- É uma receita, só seguir o que está escrito, bobalhão. – Cruzou os braços. – Não deve ser tão difícil assim!

- "Só seguir o que está escrito" – Ele debochou. – Você ofende os meus anos de estudo. Tem toda uma técnica, ô bocuda. – Guardou o pato na geladeira.

- Então não reclamar que vai fazer. – Ela deu de ombros. – Já que você não quer que eu faça.

- Eu quero que você faça outra coisa... – Ele sorri com maldade. – Nem todo pagamento precisa ser com dinheiro, sabia?

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