Bem mais tarde,ao retornarem para o apartamento,durante o trajeto Alexandre percebeu que Raquel ,apesar de mais animada,ainda não se sentia á vontade com ele. Muito falante,o rapaz não oferecia trégua ao silêncio. - Assim que chegarmos em casa,eu a deixarei lá e vou até a casa dos meus pais.Você acha qu pode ficar bem? - Claro. - Após pequena pausa,ela revelou: - Alexandre,estou inconforamda com ideia de morar com você.Tudo foi muito rápido Sinto-me envergonhada.... - Ora,meu amor,por quê? - Perguntou ele,carinhoso,que não se deu conta ao tratá-la com intimidade,percebendo somente depois o que havia falado. Embaraçado,ele não se detve e disfarçando ,continuou como se nada tivesse acontecido,só que procurava ser ponderado e frio. - Sabe,Raquel,eu penso que muitas vezes a maldade está nos olhos daqueles que a vêem.Tem uma passagem de Jesus em que Ele diz: " A luz do corpo são os olhos.Se seus olhos forem bons,todo o seu corpo será luz.Se seus olhos forem maus,todo o seu corpo será tenebroso". Existem pessoas que só conseguem enxergar malícia,maldade.Essas são criaturas com o coração tenebrosos e sem valor. Não devemos nos preocupar com elas,temos coisas mais importantes para fazer. - Não consigo parar de me preocupar. - Não pare de se preocupar,somente mude o foco ,mude o objetivo da sua preocupação.Pense: o que você tem de fazer primeiro na sua vida agora? - Não sei direito. - Que tal tirar os documentos que roubaram? - É mesmo. - Então,mãos á obra! Verifique o que você vai precisar,onde terá de ir.... Isso é importante e é uma preocupação saudável. - Vai dar tanto trabalho - lamentou a moça. - Que nada! Pense diferente.Tenho certeza de que você não gostava da foto que tinh na sua identidade ou que a assinatura não saiu como deveria.É a oportunidade que tem paara mudar tudo isso. Então,fique feliz com esse trabalho. Raquel sorriu ao perceber que Alexandre tirava,de qualquer dificuldade,um bom proveito com humor. Dirigindo,vez ou outra ele a olhava sorrindo,enamorando com o jeitnho de Raquel. Ao chegar bem próximo do prédio em que morava,ele exibiu ,primeiro um semblante sério,depois,sendo que não teria alternativa ,sorriu pela situação que iria enfrentar. - Teremos que ser calmos,rápidos ,práticos e objetivos. - Por quê? - Está vendo aquele carro ali? - perguntou ,apontando. - É o carro do meu pai.Eles têm as chaves do meu apartamento e já subiram. Raquel estremeceu.Pálida,ela não sabia como reagir,nem o que fazer. Alexandre,mais ponderado e racional,avisou: - A essa altura devem ter olhado todo o apartamento. Viram a cama montada no outro quarto,viram suas roupas...Minha mãe é ágil nisso. Raquel parecia ter empalidecido mais ainda,ela se sentia tonta. Alexandre,equilibrado,disfarçava suas preocupações.Ele queria falar com seus pais,mas longe de sua casa e sem presença de Raquel.a fim de não constrangê-la,pois ssabia que sua mãe faria inúmeras perguntas á " queima-roupa". Após estacionar o carro na garagem,indo em direção de Raquel,olhou-a nos olhos brilhantes,que exibiam preocupação,,e falou firme. - Aconteça o que acontecer,não tome nenhuma decisão precipitada. Não se desespere.Estarei do seu lado,entendeu? Raquel estava assutada,nem imaginava o que a esperava. - Vamos subir? -pediu ele. Ao entrarem no apartamento,Alexandre jogou propositalmente as chaves do carro sobre um console,anunciando sua chegada. Indo ao encontro dos pais,ele os beijou,cumprimentando-os e logo apresentou a amiga: - Essa é a Raquel! Ela os cumprimentou com extrema timidez.Todos se sentaram e Raquel não parava de tremer. A fisionomia da mãe de Alexandre denunciava que ela já havia olhado por todo apartamento e com certeza,encontrado as coisas de Raquel.Ess surpresa a incomodava ,fazendo-a sisuda ao conversar com o filho. - Fiquei preocupada,Alex. Você disse que iria almoçar conosco. - Eu disse que avisaria se fosse,mãe. - Você não telefonou.Então liguei para cá e ninguém atendeu. - Eu saí com Raquel,nós fomos almoçar fora. Dona Virgínia olhou firme para moça medindo-a com seriedade.Sem vencer a timidez ,Raquel fugia ao olhar,procurando socorrer-se em Alexandre.Ela esfregava as mãos suadas e não conseguia se acalmar. A senhora virando-se para o filho comentou: - Liguei para o seu celular e aligação só caía na caixa postal. - Ah! Veja - disse ele consultando o aparelho -,esqueci de ligá-lo. - Então foi isso!interferiu o pai,senhor Claudionor,mais podnerado. - Você sabe como sua mãe é,fica preocupada e faz uma tempestade por nada. Num belo domingo de frio,quando eu poderia tirar uma soneca depois do almoço,ela fez questão de me arrastar até aqui. - Querem um refrigerante? - perguntou Alexandre,levantando-se e indo em direção á cozinha. - Não.Alomoçamos quase agora - respondeu a mãe. - Você aceita Raquel? - perguntou ele. - Não.Obrigada. Voltando-se para a moça,a mãe de Alexandre argumentou: - O Alex não nos falou de você. Interferindo no assunto que se iniciara,Alexandre respondeu: - Eu nao tive oportunidade.Aliás,hoje eu ia lá para falar sobre isso. - Não estou entendendo ,filho - disse a mãe. - O que você quer dizer? Raquel começou a passar mal.Sentia-se gelar e um suor frio umedecia seu rosto e suas mãos.Seus lábios ficaram bancos e Alexandre percebeu que algo estava errado com ela. Com passos rápidos,ele foi até perto da amiga e sentando ao lado,segurou seu rosto e perguntou: - O que foi,Raquel? Está se sentindo bem? Ela não conseguia falar e ensurdecida,parecendo largar o corpo,cerrou os olhos. Amparando-a em si,estapeando-lhe o rosto vagarosamente ,ele a chamou exibindo carinho,apesar da preocupação. - Raquel?... Abra os olhos ,Raquel? Dona Virgínia ficou assustada,sem saber o que fazer. O pai de Alexandre foi até a coinha e retornou com um copo com água,dizendo: - Dê-lhe isso. - Ela não vai conseguir bebe,pai. - Percebendo que Raquel não reagia,ele decidiu: - Vou levá-la para o quarto.É melhor que se deite. - Para o quarto?! - exclamou a mãe em voz baixa,que o rapaz nem pôde ouvir. Tomando-a nos braços,Alexandre a levou a suíte,colcando-a na cama. Sua mãe parecia ter ficado confusa e indignada com o que via.Seu pai se preocupou e foi logo atrás deles,procurando ajudar em alguma coisa. Deitada,após alguns minutosRaquel começou a se mexer vagarosamente,enquanto sua cor tornou a voltar. O senhor Claudionor tirou-lhe os sapatos e ainda a cobriu com uma manta. Alexandre preocupado,,ficou ao seu lado esperando que melhorasse,fazia-lhe carinho vez ou outra. Ao ver que Raquel tomava consciência,mais calmo,Alexandre falou: - Fique tranquila,Raquel. Está tudo bem agora. Desorientada,ela perguntou: - Onde estou? - No meu quarto. - Beba isso,filha - pediu o pai de Alexandre,oferecendo-lhe o copo com água. - Log vai ficar melhor. Raquel pareceu só molhar os lábios,que agora começavam ficar rosados . - Raquel,preste atenção - disse Alexandre firme. - Está tudo bem.Fique aqui e se recupere .Eu vou ali na sala. Preciso conversar com meus pais.Acredito que você teve um mal súbito de origem emocional.Não é nada sério,mas qualquer coisa é só chamar. - E voltando-se para seu pai,pediu: - Pai,vem comigo,por favor. Alexandre não percebeu,mas o homem,sem que Raquel visse,nas costas do filho,deu um largo sorriso e esfregou as mãos,como quem prevê encrencas.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...