A caminho de seu apartamento,ás vezes,Alexandre ria sozinho, perguntando-se onde tinha arrumado modos tão corajosos e cínicos para falar daquele jeito? Em outras circunstâncias talvez ele tentasse ofender com palavras bruscas para esclarecer aquela situação,querendo tirar satisfações com Alice pelo que ela inventara.Entretanto,a ideia de estar com Raquel lhe agradava. Ele a amava,tinha certea disso. Por um instante,Alxandre se lembrou das últimas palavras de Alice sobre levar a filha de Raquel ao casamento. Por que ela disera aquilo? Se fosse mentira,Alice deveria saber que ele falaria com Raquel e ela,mais uma vez seria desmacarada.Deveria ser mentira mesmo.Raquel lhe dissera que nunca teve um namorado. Alexandre sentia um frio invardir-lhe o ser. A insegurança por ignorar os fatos que lhe causava temores que chegavam a abalá-lo. No apartaento,ao entrar ,não viu Raquel.Ele não a chamou,acreditando que estivesse dormindo. Reparou que tudo estava arrumado.Por não ser muito ordeiro,sempre largava suas coisas pela sala,que agora estava bem ajeitada. Indo até até a cozinha,comprovou que alguém passara por ali colocando tudo em ordem e muito limpinho. Chegando á porta da suíte,que estava entreaberta,ele a chmaou baixinho ,espiando ao mesmo tempo. - Raquel?... Deitada em sua cama,ela se mexeu,voltando-se em sua direção.Em seu olhar havia uma expectativa aflita em saber o que tinha acontecido. Alexandre entrou e se sentou na cama,ao lado da amiga,perguntando: - Você está bem? - Estou?- respondeu ela com voz fraca.Seus olhos estavam vermelhos,denunciando que ela havia chorado. - Eu trouxe suas coisas.Bem,trouxe o que Alice me entregou. Se faltar algo,não se preocupe,deixe para ela.Que faça bom proveito.Depois compramos o que lhe faltar. Ela se sentou.Seu semblante exibia uma angústia intraduzível em palavras ,ela sofria. Com voz melancólica,avisou: -Alexandre,eu não estou me sentindo bem. - O que você tem? - perguntou preocupado,franzindo o semblante. - Não sei. - Como assim? - Parece que dói o corpo todo,algo que incomoda muito. Sinto-me tonta... - Raquel,você está abalada:Isso,vamos dizer é normal,tendo em vista o que sofreu. Aproximando-se ,ele tentou envolvê-la em um abraço. - Não,por favor. - pediu meiga e sussurrando,afastando-se lentamente co lágrimas correndo-lhe pela face. - Por quê? - perguntou ele brandamente e amargurado. Raquel silenciou e Alexandre falou mansamente. - Não vou lhe fazer mal algum. Confie em mim. Só vou lhe dar um abraço.Vem cá... - disse ele,aproximando-se,puxando-a para si,abraçando-a. - Vou cuidar de você. Não quero vê-la sofrer mais,viu? Alexandre afagava-lhe suavemente os cabelos ,quando percebeu que ela estava rigída e trêmula.Acreditando que lhe fazia sofrer mais com aquele carinho,ele a afastou de si e percebeu que ela escondia o rosto choroso. - O que foi Raquel? Ela não respondeu e se afastou ainda mais. Secando o rosto com as mãos,ao se recompor um pouco ,ela perguntou: - Você viu meu irmão? Alexandre pensou rápido. Ele não podeira contar a Raquel tudo o que disse para Marcos,apesar de falar sério,ele reconhecia que havia se excedido. Para Raquel,aquilo era prematuro demais,ela não aceitaria.Sem se estender,Alexandre respondeu: - Sim,eu o vi. - Falou com ele? - Falei.Disse quem eu era e avisei que cuidaria bem de você.Que el não se preocupasse. - E Marcos?Pediu que voltasse? - Olha,ele não me pareceu muito bem e... - Preciso falar com meu irmão. Lembrando-se da ameaça de Marcos,Alexandre aconselhou: - Aguarde um pouco.Agora não creio que seja um bom momento. Encarando-o nos olhos,Raquel perguntou: - Vocês discutiram? - Bem... Não. Por ele nao conseguir ser convincente,ela insistiu: - Não,mesmo? - Bem,eu tive que lhe dizer algumas coisas porque... - suspirando fundo,Alexandre falou: - Olha,eu nem me lembro como tudo começou,eu só sei que acabei falando que não há filho nenhum,que você não está grávida e nós nem namoramos somos. Alexandre abaixou a cabeça,não conseguia encará-la ,lembrando-se de tudo o que tinha dito Marcos,pois num impulso revelou quanto prazer teria em lhe dar notícia de uma gravidez,sobre o convite do casamento e tudo mais. - E ele? - perguntou a moça,trazendo-o á realidade. - Não sei... Ele estava nervoso. Acho que nem ouviu. - E a Alice,ela estava perto? - Sim,estava.Mais uma vez ela tetnou jogar seus venenos. Rquel empalideceu ao deduzir o que sua cunhada poderia ter dito.Um novo tremor a dominou visivelmente. - O que foi Raquel? - perguntou Alexandre ,surpreso com seu estado. - O que ela disse? - indagou a moça,assustada e chorando,quase perdendo o controle. O amigo,confuso e sem entender aquela súbita alteração,não sbia o que dizer ,e ela insistiu ,nervosa. - Diga! O que ela falou? - Por que tanto pânico? Alice é venenosa. Um choro comulsivo a dominou e ela pediu implorando: - Fale,por favor. Meio atordoado,ele respondeu: - Eu estava saindo,já entrando no carro,Alice disse algo sobre sua filha. Eu nem consegui direito ,nem sei se foi isso mesmo. Não ligue para as calúnias que ela inventa. - Não... Alexandre deteve as palavras e ficou olhando-a deixar o corpo cair,deitando-se novamente e escondendo o rosto no travesseiro ao chorar muito. O amigo ficou ao seu lado por longo tempo afagando-lhe os cabelos. Raquel estava inconformadaEle se levantou,preparou uma água com açúcar e levou para ela. - Raquel,sente-se.Tome isso. Ela parecia não ouvi-lo.Segurando em seu rosto,forçando-a olhá-lo,Alexandre percebeu que sua temperatura estava alta. Tirando-lhe os cabelos da testa,ele sentiu que Raquel ardia em febre. Após sair em busca de um medicamento que,ao encontrá-lo gotejou na água,voltou e insistiu para que Raquel bebesse. - Eu acho que a garoa fria lhe fez mal.Você está com febre. Raquel estava atordoada,aquela notícia e a febre lhe deixavam confusa. Parecendo mais calma,ela reclamou baixinho ,ao fechar os olhos ,parecendo se largar: - Estou com frio. Alexandre a cobriu,sentou-se na cama a seu lado e pegou-lhe a mão,que estava suada e gélida ,colocando-a entre as suas. Precoupado,ele ficou sentado por longo tempo pensando no que Alice falou e na reação de Raquel. Ele não deveria saber de muita coisa. Quando Raquel parecia estar em profundo sono,ele a deixou e foi preparar algo para comer. Após fazer uma refeição,para se distrair e tirar da mente alguns pensamentos que o incomodavam,ele começou a pôr em ordem um dos quartos,armando uma cama para ele se acomodar.De repente o telefone tocou. - Droga! - reclamou ele,atirando-se no sofá para atender o quanto antes,pois se lembrou que Raquel poderia acordar com o toque do outro aparelho que era extensão e ficava na cabeceira de sua cama. - Alô! Oi,mãe,tudo bem? - O que houve filho? Voc~e está sumido.Pensei que viesse aqui hoje. - Ah! Não deu.Arrumei algumas coisas para fazer e estou entretido até agora. - O que está fazendo de tão interessante assim? - Arrumando um quarto aqui. Sabe,está bagunçado.Estou com uns livros aqui quero catalogar. Aprovetei que estava frio para me entrenter com isso. - Você vem aqui amanhã? - É... - Se não vier,eu peço para seu pai me levar aí. Fiz algo que você adora! Embaraçado,rapidamente decidiu: - Amanhã eu passo por aí,mãe. Não tem problema. - Vem para almoçar. - Olha.acho que não vou terminar isso aqui hoje,sabe? uando vamos organizar um lugar,antes desorganizarmos tudo.Façamos o seguinte: se eu terminar cedo,eu vou almoçar ,mas antes eu telefono.Não se preocupe. - Está bem,eu aguardo. - Certo. Quando Alexandre pensou que sua mãe fosse se despedir,ela reparou: - Filho,o que você tem? - Eu?!... - Eu o conheço,Alex? Não me esconda nada. Você eestá bem? - Claro! Ora ,mãae,o que é isso? Estou ótimo! A mãe fez silêncio por alguns instantes ,depois resolveu: - Amanhã a gente conversa.Tchau filho. - Tchau mãe. Até amanhã.Dá um beijo na Rosana e outro no pai,por mim. Apesar de seus trinta de dois anos,Alexandre,por ser muito amoroso,deixava sua família participar de sua vida.Até,por que por causa dos problemas de saúde,todos se importavam com ele.
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Um motivo para viver
EspiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...