Após terminarem,ambos voltaram juntos ao trabalho e não deixaram de ser percebidos por Rita e Vagner que estavam atentos,cada qual com seu interesse pessoal. Mais tarde,na primeira oportunidade,Vagner procurou por Alexandre. - E aí? Você conseguiu,hein! Sem entender a intenção de Vagner,o colega perguntou: - Consegui o quê? - Não disfarça, Alexandre. Você está querendo ganhar a Raquel. Será mais uma para sua coleção. Alexandre riu gostosamente,pendendo a cabeça de forma negativa e afirmando: - Não quero ganhar ninguém,cara! Pode atacar! Se você está falando isso só por que nos viu chegar juntos,esquece. Foi casual.Eu a encontrei sozinha no local em fui fazer um lanche rápido. - Mas eu a convidei para almoçar e ela recusou. - Você errou. Deveria tê-la convidado para um lanche rápido. Raquel me disse que está repleta de serviço.como nós , e que não teve tempo de ir almoçar. Vagner,com um olhar desconfiado,encarava o colega com certo desdém. Não lhe agrada a ideia de que Alexandre pudesse se interessar por Raquel,pois ele havia se determinado a conquistá-la. Vagner temia pela decisão do colega,para quem não se achava páreo, pela exuberância,pela personalidade decidida,forte e marcante. Apesar de que Alexandre não era do tipo a ficar tentando ou assediando mulher alguma. Aliás no que dizia em respeito a isso, pouco sabia sobre ele. - Fique tranquilo , Vagner. Não estou querendo ganhar Raquel.Admiro seu bom gosto. Ela é bonita,sensata, mas eu não estou pretendo me amarrar em ninguém. Desejo-lhe sorte! - A Raquel me atrai. Ela tem um enigma que me atrai. É diferente. - Pensando por alguns minutos, Vagner perguntou : - O que posso fazer para me aproximar? - Pessoas quietas e misteriosas não gostam de ser abordadas. Elas normalmente repelem a invasão de privacidade. Aproxime-se dela sem ser " grudento". Seja simpático e amigo. Fale sobre o que ela quiser falar. - Alexandre sorriu,pois se lembrou que em sua família todos o chamavam,ás vezes de " grudento" por ele adorar um abraço e o contato de carinho. Vagner sorriu ao conselho do amigo e animou-se para conquistar Raquel. No fim do expediente apesar do horário de saída já ter se adiantado,Raquel ainda trabalhava querendo colocar em ordem a sua tarefa. Vagner,observando-a de longe e aproveitando que havia poucos colegas na grande seção,aproximou-se da moça,anunciando: - É hora de ir embora! Raquel não ficou satisfeita,Vagner tirou-lhe a atenção do serviço que ela queria ,a todo custo,terminar o quanto antes ,e a presença do rapaz iria atrapalhar sua concentração. - Deixe isso para amanhã,Raquel. Vá descansar. Você não será promovida por ficar depois do expediente. Raquel respondeu com silêncio e um leve sorriso. - Vamos.Eu a levo para casa. Impulsivamente,ela respondeu com firmeza quase enérgica. - Não. - Não reaja assim - disse ele voz dengosa. - Vamos vai. Eu a levo para casa. Mantendo-se firme, com uma postura quase agressiva, Raquel informou ,sem se incomodar com os que podiam ouvir: - Vagner, se estou aqui após o expediente pode ter certeza de que não é pro prazer,é por necessidade. Agora,por favor se você ficar aqui ao lado me pressionado ou me distraindo,será ,além de inconveniente,mais um problema para eu resolver . Agradeço a carona,mas não quero.Obrigada. Vagner enrubesceu. Raquel ferira seu orgulho. Seus olhos brilharam e seus lábios apertaram-se,tamanha raiva que sentiu naquele momento pelo comportamento arredio da colega. Jamais ele fora tratado daquela forma. Raquel não tinha esse direito. Estava acostumado a ser recebido com prazer por outras moças quando fazia seus convites. Envergonhado,mas mantendo-se altivo,falou: - Está certo. Como quiser. - Desculpe-me Vagner - Raquel mais branda. - Estou nervosa com o que faço no momento e ... Desculpe-me. - Tudo bem,Raquel. Amanha conversamos. Vagner guardou imenso rancor da colega a quem admirava. Ele não poderia negar que desejava conquistá-la, no entanto,agora quebrado o encanto, gostaria de fazê-lo,mas somente por sua honra e para subjugá-la. Alexandre,que não pôde deixar de observar a cena, ficou quieto em seu canto, sem se deixar perceber. Ele compreendeu Raquel e verificou o quanto Vagner era inconveniente. Entretanto,nada disse a nenhum dos dois.
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Um motivo para viver
EspiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...