No dia seguinte,quando conversava com a irmã,que fora novamente visitá-lo,Alexandre contava: - Ela agiu diferente. - Sorrindo ,ele afirmou; - Estava quase irritada para saber onde eu tinha ido. Rosana já estava sabendo o que acontecera entre Alexandre e Raquel no dia anterior. - Ciúmes! - anunciou a irmã. - Só pode ser isso. - Mas é tão difícil conquistá-la,Rô. Eu nunca sei o que fazer. - Você não acha que ela precisaria da ajuda de um psicólogo. Quem sabe uma terapia? Ironicamente,o irmão respondeu: - Certo! Perfeito! Chegarei nela e direi: " Raquel querida vamos a um psicólogo porque eu quero namorar você. Quero beijá-la e você não deixa" . Ora,Rosana! Isso não tem cabimento. - Também não é assim,né! - respondeu a irmã,se defendendo,e logo concluiu: - Aos poucos você pode iniciar uma terapia. Diz que você a ajudaria,a apóia. - Nem namorados somos,Rô. Como eu poderia? Raquel não permite. O silêncio se fez por alguns instantes,mas logo Alexandre avisou: - Estou pensando em falar com ela sobre trazer a filha para junto de si.Há algum tempo já venho conversando sobre a menina,fazendo-a se acostumar com ideia. Como eu sei que um profissional dessa aréa será necessário para a readaptação da Bruna,posso sugerir que ela aproveite a oportunidade. - Vai devagar,Alex. Eu não entendo muito de lei,mas o caso de Raquel é um tanto complicado. Veja,ela abandonou a filha ao nascer,não a procurou depois e nem sabe como a menina está hoje,ou com quem. Alexandre,em defesa,lembrou: - Mas ela tem direito de ter a filha,Raquel é a mãe. - E o abandono,não conta? - avisou a irmã. - Mas Raquel abandonou a filha por seu estado emocional.El sofreu abuso sexual intrafamiliar e agressivo,sua gravidez não foi planejada e não aconteceu por irresponsabilidade dela ou por prostituição ,além disso,teve problemas graves coma família,que a expulsou de casa. Logo depois,quando procurou apoio da mãe,ela virou-lhe as costas e a deixou com o peso de saber que a criança que ia nascer era filha de seu próprio pai. O que mais você quer? Há inúmeros atenuantes a seu favor. - Calma,Alexandre. Lembre-se de que falaram que Raquel tinha um namoradinho e depois de expulsa foi morar na rua. Primeiro podem dizer que ela andou com o namorado ou que se prostituiu quando morou na rua e daí concebeu a filha. - Mas ela não namorou o rapaz. - Será a palavra dela contra a dos outros. A família pode acusá-la de levar uma vida irregular. Não sei como é isso,mas creio que haverá investigações.Não vão entregar uma criaçna para alguém que diga ser a mãe.Mesmo hoje,ela precisa ter uma vida íntegra. - Isso eu sei - avisou o irmão. - Mas em condições se deram o abandono? Raquel era maior de idade? - Quando a menina nasceu ,sim - afirmou ele. - Ela reconheceu a filha,ou melhor,registrou-a e depois entregou para adoção? - Não. Raquel mal disse o seu nome.Ela esttava em choque.Não conversou nas entrevistas e nem pegou a filha no colo. Só sabe dizer que que a chamavam de Bruna Maria.Depois disso ela fugiu do lugar. - Cuidado para você não dar esperanças a ela em uma situação complicada. Veja houve ruptura da filiação no nascimento.Psicologicamente falando,será que houve um trabalho de luto por essa separação? Será que ela sofreu por ter deixado a filha? - Pelo amor de Deus! Raquel concebeu a filha num estupro! Você não pode exigir algo de uma pessoa que sofre uma violência dessa! Considere-a até uma vitoriosa por hoje estar falando da filha sem rancor,mágoa ou coisa assim. - Tudo isso está a favor dela,Alexandre.Sem dúvida,mas e depois,com o passar dos anos ,ela foi procurar pela criança? SSabe onde ela está? Se tem problemas de saúde física ou mental? - Há pouco tempo ela telefonou e pediu informações.A emnina havia sido transferida para outro orfanato logo após o abandono. - Eu estou te alertando para que vocês não sofram.Vamos primeiro saber o que diz a lei. - Após pequena pausa,Rosana perguntou: - Não quero desanimá-lo,mas você sabe e dizer se essa menina já foi adotada ou não? Alexandre arregalou os olhos e Rosana continuou: - Será que o abandono da mãe,que caracterizou ruptura após o parto,não fz com que Raquel perdesse o pátrio poder sobre a filha? - Isso não acontece! - Claro que sim. Principalemente, que dianta dos assistentes sociais e dos psicólogos,Raquel conta que nunca disse nada. Ela ficou muda. Não falou sobre os problemas que viveu, não contou que engravidou num estupro,não revelou seus medos e não disse que a filha era sua irmã. Eles não sabiam de nada sobre a Raquel e ela, simplesmente desapareceu após o parto.O juiz pode tê-la destituído do pátrio poder e passado o mesmo a um casal que quisesse adotá-la. Contrariado,Alexandre não se conformava com as possibilidades que a irmã alertava.Preocupado,ele alegou: - Mas nenhuma mãe perde tão facimente a guarda de um filho. Raquel tem esse direito. Rosana o encarou e disse: - Aí é que você se engana. Não entendo muitobem,mas a vida imoral e prostituição fazem com que a mãe perca sim. O que Raquel fez depois que abandou a filha? Obviamente haverá uma avaliação psicólogica e social de tudo o que lhe ocorreu. Por que ela nunca foi procurar a menina? Por que somente agora? Quando houver uma investigação ,o que a cunhada vai dizer como referência? - Como assim? - E se Alice aparecer e informar que a Raquel se prostitui? Não foi isso o que ela disse ao marido e por isso Marcos mandou a irmã embora de casa? Eles não disseram que ela chegava de carro com um e com outro? - Mas era eu! Eu havia trocado de carro. O resto é mentira de Alice. - Prove isso. Prove que era você! Além do mais ,por maldade,lá no serviço não a acusaram de " jogar no outro time?". Podem continuar a dizer isso para prejudicá-la ,pois a moça ,a tal da Rita,que diz ter sido cantada pela Raquel ,gosta de você,não é? - Terão que provar isso - irritou-se Alexandre. Olhando-o e percebeu que o irmão não havia se dado conta da situação,Rosana lembrou: - E você,Alex? Como você fica na vida da Raquel? - Como assim? - Como vai ficar a sua situação com a Raquel? Vocês vivem como dois amigos,mas ninguém vai acreditar.Acreditando,o que é difícil,verifica-se que não há uma estabilidade,ela vive aqui de favor,nem concubinato é. Haverá visitas de assistentes socias,entrevistas com psicólogos,como vai ser? Eu acho que vai axistir um período de adaptação ,em que a criança será entrevistada.Ela tem quatro anos,não é? O que ela vai dizer de vocês dois? - Vai fazer quatro anos em dezembro. - Então,se for uma menina esperta,vai falar que cada um dorme num quarto,ou coisa assim.O que vocês são um do outro? São pequenos detalhes que formam um estudo psicosscoial que pode ou não lhes ser favorável.Isso tudo ,claro,só depois de vocês entrarem com um pedido de gurada na Vara da Infância e da Juventude para o juiz da comarca de onde o orfanto se encontre. Alexandre ficou decepcionado.Ele não imaginava que teria tanto trabalho. - E se prepare - alertou Rosana. - Por quê? - Com três anos se essa menina já tiver sido adotada,vocês vão precisar de muita coragem para tirá-la desses verdadeiros pais que assumiram,que a ampararam,cuidaram ,amaram até agora. Diga-me uma coisa,você terá coragem de fazer isso,Alexandre? Você vai ajudar a tirar a menina dos pais?
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...