Logo na primeira noite em que eles saíram juntos do serviço,eles foram ao mercado para suprir a despensa do apartamento ,pois estavam necessitando de algumas coisas. Juntos,ao fazer as compras,Raquel sentia-se mais á vontade ,sorria e correspondia á algumas brincadeiras de Alexandre,que não ficava quieto. Ele estava encantado.Intimamente sentia-se satisfeito e feliz por tê-la consigo,imaginando ,em seus pensamentos como se fossem casados.Aliás,quem os via pensava que fossem marido e mulher. Chegando em casa guardaram as compras e jantaram.Sem ter mais o que fazer se sentaram no sofá e se entreolharam sem dizer nada. O rapaz exibia-se satisfeito e não conseguiria tirar o sorriso do rosto,enquanto ela se sentia encabulada. Tempos depois a moça quebrou o silêncio e lembrou: - Não seria bom você ligar para sua mãe? Creio que ela se sentiria melhor,não acha? Alexandre concordou e ao telefonar,foi atendido por sua irmã Rosana. - Alex?E aí? - Tudo bem! E você? - Estou jóia! - respondeu a irmã,com ar de riso ao perguntar: - Você deve estar bem mesmo! Melhor do que eu ,não é,seu safado?! Alexandre ficou embaraçado por ter Raquel a seu lado e respondeu com meias palavras: - Não,Rô. Não é nada disso. - Meu! A mãe tá uma fera! Você nem imagina. - Sábado vou aí e lhe conto tudo - respondeu sem jeito. - Se você não vier,vou até aí acordá-los! Quero saber dessa história,direitinho.Seu safado1 Mentiroso! - tornou Rosana. - Eu?! ... - perguntou Alexandre não suportando e rindo. - Você mesmo! Disse que não queria mais niguém na sua vida e eu, idiota,acreditei. Rosana ria também e o acusava. - Seu sem-vergonha! Cachorrão! Até chorei por sua casa ,por sua desilusão e agora,que está aí numa boa,nem me diz nada.A tristeza você divide, mas a alegria não quer dividir,não é? Canalha? Alexandre gargalhou,pois não podia recidar. Depois respondeu: - Você não sabe de nada,Rô. Cale a boca,vai! - Ah! Sei sim! O pai até falou que ela bonita. - É mesmo? Mas façamos o seguinte: sábado eu vou aí e a gente conversa,tá? - E ,sem esperar pela resposta,perguntou: - E a mãe,está aí? - Não.Ela e o pai saíram á tardinha para ir a casa do tio Rômulo.Até agora não voltaram.Você sabe como é,quando ele vão lá... - Ah!Eu sei.Então deixa.Outra hora eu falo com ela. - Se ela deixar.Porque normalmente,é só ela quem fala. - Está bem,Rosana. Um beijo! - Outro.E manda um beijo para a Raquel também. O irmão se surpreendeu e perguntou: - Já sabe do nome,é? - Ô!!! Não parei de ouvi-lo desde que chegaram de sua casa. - A mãe está chateada. - Ela ficou magoada por causa da surpresa. Mas,você sabe,isso passa. Daqui a pouco ela esquece.Ela é mãezona e tem um coração enorme. - Está certo,então,Rô. Outra hora eu ligo.E,pode deixar,vou mandar seu beijo para ela. Após ligar,Alexandre disse: - Minha irmã lhe mandou um beijo. Raquel ficou sem jeito.Ele começou a fitá-la com suave expressão no semblante que o fazia quase sorrir. Enrusbecida e encabludda,a colega perguntou baixinho: - O que foi? Ele largou o sorriso e respondeu: - Estou imaginaod como será sua filha. - Como assim. - Acho que a Bruna Maria deve ser muito parecida com você. - Pausa se fez e ele concluiu: - Traços finos,suaves... Delicada. Raquel abaixou a cabeça e ele falou sorrindo: - Envergonhada. - Pare,Alexandre - pediu Raquel com modos simples. - Deve ser tão gostoso ter um filho ou filha - disse,agora parecendo sonhar,- Acho que quando temos uma crinça de quem cuidamos,orientamos,ensinamos,os preparamos... Amamos,estamos transmitidno a ela nossa herança moral. - Como assim. - Eu penso que a herança genética pouco importa,mas o que transmitimos a alguém de bom,de útil,de amor é o que podemos chamar de herança moral,isso será peerpétuo.Os bons princípios,a auto-estima ,o respeito a si próprio e aos outros são coisas importantes e marcantes para a evolução de alguém. - Você seria um bom pai. - Eu vou ser! Gosto muito de crianças e pretendo ter filhos. Raquel esboçou leve sorriso forçado e abaixou o olhar. - E você,Raquel,gosta de crianças? - Gosto - ela respondeu ,cabisbaixa.-Ajudei a cuidar de meus sobrinhos quando eles eram pequenos... Alexandre não se intimidou e prosseguiu: - Por isso eu estava imaginando agora como sua menina deve ser uma gracinha! - Poucos segundos e ele continuou: - Não quer vê-la Raquel? Ao perceber a amiga escondendo os olhos que estavam embaçados pelas lágrimas que quase rolaram,Alxandre foi para o sofá em que ela estava e colocou-se a seu ldo. Curvando-se,tentando olhar em seus olhos,falou com ternura: - Raquel,não fique assim. Com a voz embargada,ela respondeu: - Eu tenho vergonha,Alexandre.Não me acostumo... - Como assim? - perguntou o amigo,generoso. Secando as lágrimas com as mãos,ela respondeu com a voz pausada pelo choro: - Solteira... com uma filha ,resultado de um... - Um soluço a fez parar,depois continuou: - Agora,morando de favor com um homem que mal conheço ,que humilhação! Alexandre tentou abraçá-la ao puxála para perto de si,mas Raquel ofereceu resistência e o empurrou. Respeitando sua vontade,ele não a forçou,mas acariciou-lhe o cabelo,tentando confortá-la,falou: - Raquel,um filho,vindo por quais meios for,é uma benção. - Não. Como nçao? Sua filha deve ser uma menina linda.Deve ser uma criaturinha delicada,frágil e que necessita da sua atenção,do seu carinho,do seu toque,contato. Como deveria ser gostoso poder abraçá-la... - E sorridno,ele amitiu: - Deve ser bonm pegá-la no colo,fazê-la rir,beijar,morder devargarzinho.... - Eu me arrependo... - respondeu ela chorosa perdendo as palavras. - De tê-la deixado no orfanato? - Sim. Mas quando eu penso... - Se você arrepende por tê-la como mãe. Vejo que você não fica pensando em como a concebeu.Isso significa que a Bruna é só sua.Você a quer bem? - Como assim ? - Sente algo bom por ela? Quer que a Bruna seja feliz? Sem titubear,Raquel respondeu: - Lógico! - Encarando o amigo nos olhos ,ela completou: - Não quero que ela tenha a vida que tive! - Então ela precisa de você,Raquel. Só assim será verdadeiramente amada. Poderá ensiná-la,orientá-la.É tão importante termos uma boa mãe. Lágrimas copiosas desciam pela face de Raquel sem que ela pronunciasse palavra alguma. Seus pensamentos eram de arrependimento por ter abandonado a filha. Agora as palavras de Alexandre faziam desejar a filhinha consigo,mas tinha medo pelo futuro inserto. Percebendo que a amiga estava atordoada e com coração oprimido,instinvamente ele a puxou para um abraço.Raquel não o repeliu,mas estava rígida e trêmula de medo. - Alexandre percebeu que ela era carente,ela nunca fora acostumada ao contato carinhoso que ocorre e conforta o coração. Afastou-se de si beijou-lhe o rosto,momento em que ela abaixou a cabeça. Abordando outro assunto para distraí-la,ele avisou: - A Rosana quer conhecê-la,Raquel. - Aí ,meu Deus! Estou tão envergonhada.Todos pensam que estamos vivendo juntos. - Ora! E não estamos? Ela se embaraçou e argumentou: - Estamos,mas... Não é assim como estão pensando. Alexandre sorriu e não disse nada. - Preciso,o quanto antes,arrumar uma casa e... - Como? - Ora,Alexandre,não me confunda. - Raquel fique tranquila." Dê tempo ao tempo." Você nem existe para alugar uma casa. - Como assim. - Dê-me sua identidade. - Ah,eu vou tirar outra. - Mas,agora,já ,nesse exato momento você não tem. Isso significa que não adianta pensar em uma casa sem antes ter o principal. - O principal mesmo é o dinheiro. - Viu? Então primeiro cuide de tirar seus documentos,depois faça uma reserva em dinheiro e a casa fica na fila. - Falando em dinheiro,amanhã acertamos as despesas das compras... - Você não ficou sem o cartão do banco? -Não. Não costumo andar com cartão nem cheque. - Que sorte! - ele exclamou. - Então amanhã acertamos as despesas... - Raquel,se falar isso novamente... - interrompeu-a franzindo o semblante de brincadeira.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...