Mais tarde,chegando ao apartamento,Alexandre agia normalmente,mas Raquel parecia um tanto confusa,mais do que quando foi para lá pela primeira vez. Ele se aprontou para dormir,e ao vê-lo ir para a suíte,ela perguntou: - Aonde vai. - Vou dormir. Tomei um remédio,estou com um pouco de dor de cabeça e muito cansado. -Você está bem . - preocupou-se a esposa. - Estou .Isso não é nada.Já vai passar. Raquel assistia a televisão e ele perguntou: - Você não vai dormir agora. - Agora,não. - respondeu,sussurrando e abaixando o olhar. O marido não gostou do que ouviu,porém não disse nada e foi se deitar. Horas depois,Alexandre acordou e não encontrou Raquel do seu lado. Ele se levantou ,foi até a sala e ao vê-la encolhida no sofá,com uma mana sobre as pernas,a televisão desligada,ficou contrariado e sem demora acendeu as luzes despertando-a,ao dizer tranquilo,mais muito firme: - Raquel,acorda. Ela abriu os olhos assonorentada e o marido falou em grave tom de voz: - Vai dormir lá dentro,agora. Raquel sentou-se rápido e ficou confusa. Quando tentou falar,Alexandre a interrompeu,interrogando: - O que você pensa que eu sou.Preciso provar mais alguma coisa para você. - Eu... - tentou dizer ela,sem saber como se justificar. Muito firme,o esposo a interrompeu novamente ,dizendo: - Você vai dormir lá dentro.Se não for hoje,não será nunca mais! Daí que,quando a Bruna vier para cá,você tenta explicar a ela por que seus pais dormem separados! Você tentará explicar para os psicólogos,que eu acho que deverão avaliar o período de adaptação,por que dormimos separados e que ideia estamos passando pra nossa filha.Então ele haverão de avaliar o seu estado psicológico e as condições emocionais que você tem,ou não,para cuidar da Bruna. Raquel sentiu-se gelar. Dizendo isso,Alexandre ficou parado,sério ,encarando-a. A esposa se levantou com lágrimas nos olhos,cabeça baixa e foi para o quarto.Após entrar alguns passos,parou temerosa e ficou olhando o ambiente. Alexandre entrou,fechou a porta e parecendo bravo,perguntou: - De que lado você quer dormir. Ela gesticulou com os ombros dizendo que tanto fazia.Ele,ainda firme,sem agradar á esposa,escolheu: - Então dê a volta e deite-se lá.Prefiro ficar perto da porta. Determinado,ele deitou e apagou o abajur que iluminava o seu lado da cama. Raquel ficou em pé por algum tempo,parecendo confusa.Sabendo que ela teria que se deitar,a princípio não se incomodou,porém,por causa da demora ,pediu mais gentil: - Por favor,Raquel,você poderia apagar a luz.Essa claridade forte me incomoda.Se quiser que a luz fique acesa,amanhã providencio um lâmpada mais fraca.Agora deita,quero acordar cedo. Raquel,tal qual uma criança amedrontada,obedeceu. O marido percebeu que ela abafava o choro para que ele não ouvisse.Alexandre não se sentia bem o que fazia,aquilo partia seu coração,mas era preciso. Ele acreditou que não deveria tentar confortá-la,talvez aquele fosse o único meio dela compreender e confiar nele. Na manhã seguinte,Raquel despertou e não viu o marido ao seu lado. Ela não ouviu nenhum barulho,mas de repente ,ele entrou trazendo uma bandeja farta com suco ,frutas,e o café da manhã. Raquel sorriu sem jeito e se sentou: - Bom dia,meu bem! - cumprimentou ele estampando um sorriso e entregando-lhe a bandeja,ajudando-a a se acomodar melhor. Ele agia como se nada tivesse acontecido na noite anterior. Constrangida,ela perguntou: - Nossa! Para que tudo isso. Alexandre se deitou de bruços sobre as cobertas ficando ao seu lado e,apoiando-se sobre os cotovelos,admirando-a falou: - É o seu primeiro café da manhã em nossa casa depois de casados.Acreditei que fosse gostar. Raquel sorriu,dizendo: - Você é maravilhoso,Alexandre.Obrigada. - Sabe o que eu estou pensando. - sem aguardar pela resposta,anunciou: - Vamos dar uma passada na casa do seu irmão,avisar que chegamos e depois...sei lá! Almoçamos fora e á tadinha pegamos um cinema. O que você acha. - Seria bom,eu gostaria de ir ver o Marcos.Quem sabe ele já teve notícias da minha mãe.
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Um motivo para viver
EspiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...