Rita, no entanto,na primeira oportunidade,acabou contando o que a amiga lhe confiara,em poucas palavras,enquanto estavam no toalete , minutos antes. - O problema da Raquel é bem outro. O irmão dela está com dificuldade e por isso,vai morar com ela. Deixará de viver só! Não é Raquel? Franzindo levemente o semblante,mostrando o seu desagrado, Raquel a advertiu imediatamente: - Puxa, Rita. Como você é indiscreta. Se eu soubesse que iria espalhar para todo mundo.... Alexandre para evitar um desentendimento,procurou distrair Raquel, perguntando: - Então você mora sozinha,Raquel? Séria, sem querer alongar,ela simplesmente respondeu: - Moro. - Eu também - afirmou Alexandre. - Ah! Você mora sozinho,Alexandre? - perguntou Rita que,mais uma vez, parecia querer atrair para si a atenção. - Como disse, moro sim - respondeu o colega sem pretensões. Vagner,exibindo grande interesse em saber mais sobre Raquel ,perguntou: - Sabemos pouco sobre você Raquel.Apesar de fazer mais de um ano que trabalha conosco, desconhecemos tudo ao seu respeito.Conte-nos: De onde você é? Onde moram seus pais? Um tanto contrariada ainda, e também pelo fato de não gostar de expor sua vida,ela sem demonstrar desagrado,contou em rápidas palavras: - Sou do Rio Grande do Sul. Meus pais moram lá. - Por que não mora com seus pais ou então por que eles não vêm para cá? - tornou Vagner curioso. A moça um tanto séria,ficou ainda mais descontente pela insistência do colega. Podia-se notar em seu semblante um nítido descontentamento. E suspirando fundo, ela respondeu: - Eles moram no campo.Eu e meu irmão Marcos não nos adaptamos muito bem lá. - Mas... tentou dizer Vagner que,interrompido por Alexandre,que em socorro de Raquel,lembrou: - Gente! Estamos em cima da hora! Vamos? Nesse instante, Rita,mais uma vez arrumou um assunto para falar e todos voltaram a atenção para a sua história. Ao voltarem para o prédio em que trabalhavam e o assunto sobre a vida de Raquel foi esquecido,as moças rumaram para seu setor e Raquel, ainda magoada com a colega,não fazia nenhum comentário,enquanto Rita,parecendo não notar,admirava a companhia que tiveram. - Aí! Tomara que o Alexandre almoce conosco outras vezes. - Por não haver mais ninguém no toalete onde estavam, a moça rodopiou olhando para o alto,exibindo extrema admiração pelo ocorrido. - Estou sonhando! Com tantas por aí e o " o gato" mais cobiçado vem nos chamar! - Mirrando o olhar como a tecer planos, Rita suspirou,dizendo: - Ainda conquisto esse homem! - E fitando-se no espelho,continuou: Sou bonita,simpática,sei me comportar... O que você acha,Raquel? Sem entusiasmo,a colega comentou: - Tudo é possível. -Você não acha que sou capaz de conquistar o Alexandre? - Não sei dizer, Rita.Eu nem o conheço. Acho que conversei com ele uma ou duas vezes antes de irmos almoçar hoje.Não sei dizer se ele quer ser conquistado. Por outro lado, não duvido dos seus desejos nem da sua capacidade. - Não entendi,Raquel. O que você quer dizer? - É o seguinte: Eu vejo que a maioria das nossas colegas vive dando em cima do Alexandre. Como eu já disse, não o conheço bem, no entanto, nas poucas vezes que entrei em contato com ele, pareceu-me que é uma pessoa alegre,descontraída,inteligente,porém muito reservada. Ele é do tipo que não ser " amarrado", não quer comentar sobre sua vida íntima,entende? Apesar de educado e gentil, ele vai manter distância de quem quiser ou tentar invadir sua privacidade. - Mas,é impossível um homem desse tipo não querer ficar com ninguém e não ter mulher nenhuma,uma namorada. Tem que haver um modo de lhe chamar a atenção. - Refletindo alguns segundos,Rita observou subitamente: - Você não parece se atrair por ele,não é Raquel? Aliás,você parece não se atrair por ninguém. Sem esperar por aquela pergunta,Raquel um tanto embaraçada , tentou dissimular: -É... Talvez eu não tenha encontrado a pessoa certa. - Mas você não namora e também nunca nos falou de um antigo namorado, se é que já teve. - E,diante do silêncio da colega,Rita insistiu: Você já teve namorado,não é Raquel? Raquel pareceu ficar nervosa,enquanto Rita a fitava com os olhos ávidos ,aguardando uma resposta. Embaraçada,sentia um suor gelado umedecer suas mãos. Definitivamente ela não gostava de falar sobre sua vida. Encarando a colega e tentando disfarçar o seu estremecimento, admitiu: - Não. Não tive nenhum namorado. Por que nunca me senti atraída por ninguém. - E, impondo na voz uma energia quase arrogante,afirmou: - E não tenho intenção de me deixar atrair por homem nenhum. Essa é uma opção à qual tenho direito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um motivo para viver
SpiritüelRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...