Bem mais tarde ,Alice procurava converter a cunhada para que a acompanhasse. - Ah ! Raquel vem comigo,vai- pedia-lhe Alice com jeitinho. - Puxa Alice, não sei, não. Eu não gostei de ter ido "àquele lugar". Eu me senti tão mal depois. Passei até alguns dias meio ... deprimida,sei lá. Não seria melhor irmos a uma igreja? - Sempre fui a igrejas e o que recebi? Que nada Raquel,vai ver que você ficou ruim ou deprimida por outra coisa. Passa pela consulta e você vai ver ..... Diante da insistência de Alice, Raquel acabou por acompanhá-la até o " tal lugar",mas não aceitou passar pela consulta , mais uma vez, não se sentiu bem com ambiente por causa do nível espiritual incompatível com a sua índole. No dia seguinte,em seu trabalho,Raquel sentia-se um tanto atordoada e não conseguia ficar atenta ao que fazia. - Puxa vida! O que será que está acontecendo comigo? - O que foi , Raquel? Errou novamente? - perguntou Alexandre, que,agora,com o último remanejamento de lugares e funções na empresa, passou a ocupar uma mesa ao lado de Raquel.Somente uma divisória,de poucas proporções os separava. - Nossa! Parece que estou ficando boba! Nem acredito no que estou fazendo. Dando um empurrão em sua cadeira giratória de rodinhas, Alexandre se colocou ao lado de Raquel e propôs ajuda: - O que foi ? - perguntou ao observar mais de perto o que ela fazia. - Novamente me enganei com os códigos e essas reservas foram parar em outro lugar. Quando eu cancelar, o senhor Valmor vai ficar uma fera. - Não tem ninguém com reserva para esse lugar? Veja com os outros e,quem sabe? - Vai ser difícil - Raquel,desanimada. - Dê-me o telefone,quem sabe o Mauro tem alguma coisa para trocar com você. Raquel estava sem iniciativa. Desalentada,observou o colega agir em seu lugar. Depois de alguns minutos,Alexandre ,eficiente e animado,solucionou o problema para ela. - Obrigada, Alexandre - respondeu Raquel com sinceridade. - Você não imagina o que fez por mim. Eu acho que é a quinta vez,em menos de um mês,que não presto atenção no que faço. - Ligue para o suporte e peça para lhe fazerem um programinha em que essas tabelas fiquem reservadas com informações,daí só no fim do dia, ou quando quiser você registra e confirma tudo. Apresentando ainda nítido desânimo,ela concordou: - Vou solicitar,sim. - Após alguns segundos com o olhar perdido, ela admitiu: - Também eu era uma mera operadora e por força das circunstâncias fui mudando de setor até vir parar aqui. Pouco entendo de programas ou sistemas. - Ainda confessou: - Mas tenho que admitir que é falta de atenção de minha parte. Não sei dizer por que isso está acontecendo. Sempre tive esses códigos decorados. - Será que você não precisa e férias? Um descanso cairia bem. - Descanso agora seria impossível. Raquel suspirou profundamente,demostrando certa insatisfação pessoal com as turbulências de sua vida. Seu olhar perdido exibia melancolia. Parecia triste e até abatida ,seu coração estava apertado e com maus presságios. Revelando-se atencioso,apesar de discreto, o rapaz preocupou-se e perguntou: - Está com problemas,Raquel? Erguendo o olhar mansamente,com entonação singular na voz, ela respondeu: - Estou morando na casa do meu irmão. Não sei se você lembra, mas a Rita disse, há algum tempo,que ele iria morar comigo,mas não deu certo. Houve uma mudança de planos e eu acabei indo morar com ele. - Pelo visto não está sendo bom para você,não é? - Não mesmo. Ou melhor,com meu irmão eu me dou muito bem,os desafios que enfrento são com a mulher dele. - Ah,ele é casado? - Sim,e tem dois filhos. - Depois de pequena pausa,Raquel encarou Alexandre com olhar meigo,ofereceu um doce e singelo sorriso e, por fim, concluiu,acreditando estar incomodando-o: - Bem,deixa para lá. O amigo fez um gesto singular e, após sorrir também,voltou ao seu trabalho. Rita,que os observava a certa distância ,corroia-se inquieta pela curiosidade em saber sobre a ligeira aproximação dos dois. Mais tarde,durante o café,Rita questionava a amiga: - Qual era o assunto,então? - Ora, Rita,eu me enrolei com uns códigos e ele estava me ajudando. - É mas outro dia eu vi quando você não quis almoçar com o Vagner e acabou voltando do almoço com o Alexandre. - Nós nos encontramos por acaso,Rita. - Cansada de ser interrogada com tanta desconfiança ,Raquel reagiu: - Nossa, Rita! O que você quer, afinal de contas?! Eu já lhe disse que não estou interessada no Alexandre nem em homem nenhum. - Irritada,ela concluiu: - Olha pega o Alexandre e pendura no pescoço,tá bom? - Credo,Raquel,eu não sabia que você era tão grossa assim! - Todo mundo tem um limite,você não acha? Estou cheia desse assunto? E com um gesto que demostrava estar enfada,Raquel aquietou-se. Rita,por sua vez,sabia que não poderia brigar com a amiga,pois agora ,principalmente por Alexandre estar próximo da mesa de trabalho de Raquel,seria mais fácil,ela teria um motivo para se aproximar dele. Por isso tornou,mais branda: Raquel nada disse,e Rita continuou: - Tenho que dar um jeito de aproximar dele e, para isso,eu só posso contar com você. - Comigo ?! - Claro, Raquel! Primeiro porque você parece que é a única mulher aqui não está interessada no Alexandre,segundo porque ele está bem ao seu lado. - Não sei como posso ajudá-la,Rita. Eu e o Alexandre mal conversamos. Tentando persuadir a colega, Rita passou a chantageá-la emocionalmente,pois acreditava em seu coração emotivo. - Raquel,você é a única pessoa que pode me ajudar. Não sei mais o que fazer.Olha - dizia a amiga com modos dengosos - , a verdade é que eu não paro de pensar no Alexandre.Estou apaixonada! Sonho com ele. Imagino que estamos juntos ...... Eu ador o Alexandre. Não sei mais o que fazer. Não posso me revelar e dar uma de fácil, mas tenho que me aproximar dele.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...