- Ás vezes a pessoa aprende e se coloca no devido lugar só depois de sofrer um pouco. - É verdade. No entanto,agora com a saída de tantos empregados, principalmente daqueles que mais denegriram os níveis morais,a empresa ficará com um ambiente mais saudável. Haverá remanejamento de cargo e grandes oportunidades àqueles que desejam crescer. Vários cursos de atualização serão fornecidos e máquinas novas estão chegando. - É tempo de progresso! - afirmou Ivone. - Mesmo como um simples diretor,procuro agir com o máximo de justiça. Não quero que ajam injustamente comigo, e peço a DEUS para que me ajude a decidir o melhor a ser feito,quando sair,se tiver de ser demitido , quero ter meus valores reconhecidos. Sempre. O diálogo tranquilo do casal foi interrompido pela chegada dos dois filhos que, animados,relatavam as novidades ao mesmo tempo e, pelo visto, todos dormiriam bem tarde porque as histórias pareciam longas.
Na manhã seguinte,Raquel estampava na face pálida os resultados de uma noite sem o devido descanso físico. Acomodada em uma cadeira diante de uma mesa de trabalho, a moça olhava para o amontoando de papéis parecendo não entendê-los. - Nossa,Raquel! Que cara!. - observou uma colega de serviço admirada, - Parece que passou a noite em claro. Com expressão de desânimo, olhar baixo e parecendo fazer grande esforço para afirmar,Raquel explicou: - Você não está errada,Rita. Realmente não dormi na noite passada. - Algum problema? - Sim.Até parece que não vivemos sem eles - tornou Raquel esboçando leve sorriso forçado. - Tome - ofereceu a colega estendendo algumas pastas para a amiga, enquanto orientava: - O senhor Valmor, para não perder o costume, quer isso " pra ontem". Seria bom que você se animasse um pouco e ficasse bem atente,hein! Essas tabelas não podem ir para as mãos do " homem" com falhas. Concentre-se nelas. - Após alguns segundos,em que Raquel observava a documentação, Rita tornou: - Na hora do almoço eu passo aqui para irmos juntas e assim teremos mais tempo para conversar. Com o semblante preocupado, Raquel avisou: - Acho que não vou almoçar hoje. Estou repleta de serviço e ainda tenho essas malditas tabelas. - Ah ! Vai almoçar sim! Eu passo aqui e....... - Eu também vou! - interrompeu imediatamente Alexandre,colega de trabalho que aproximou e ouviu a última afirmação de Rita. As moças o olharam e, com largo sorriso,ele perguntou: - Posso, não é? - O que você pode? - perguntou Raquel com modos simples. - Almoçar com vocês,oras! Desalenta,Raquel tornou a insistir: - Talvez eu não vá almoçar. - Ah! Vai sim! -respondeu Rita, convicta,e voltando-se para Alexandre,afirmou: - Combinado.Nós nos encontramos aqui,certo? -Certo! - respondeu o rapaz,ainda sorrindo e retirando -se descontraidamente logo em seguida. Rita, virando-se para Raquel imediatamente,mirando os olhos e entoando a voz de um jeito engraçado,reclamou: - Ah!!! Eu mato você! - Por que?! - assustou-se Raquel. - Como você pode fazer pouco-caso dessa raridade,dizendo: " Talvez eu não vá almoçar!" - arremedou Rita, entoando a voz de forma debochada. - Ficou louca, Raquel? - Nossa,Rita! Que horror? - Minha filha! Homem hoje em dia é coisa rara! Ainda mais do tipo: solteiro,alto,atlético e, além de tudo, bonito. Ai! Que olhos lindos! - Rita meneou o corpo fingindo cambalear,como se fosse desmaiar. Raquel esboçou suave sorriso enquanto pendia com a cabeça negativamente,dizendo: - Que exagero,Rita. - Exagero nada. Ele é um "gato"! Você não acha? Demorado um pouco para responder,Raquel concordou: - Credo! Que falta de ânimo. Eu hein! Estranhando sua falta de empolgação. Raquel,porém , um pouco mais séria,chamou -a realidade. - Vamos trabalhar ou,na hora do almoço estarei ainda " até o teto" de serviço. Rita, sobressaltou-se,logo rumou para o seu lugar deixando a colega trabalhar tranquila. A verdade era que Alexandre,exuberante,simpático,alegre cheio de vigor,era muito cobiçado pela grande maioria das moças que trabalhavam ali e que, tentando conquistá-lo, só conseguiam animadas conversas e um pouco de coleguismo,nada mais. Ninguém sabia nada sobre sua vida pessoal e nenhuma mulher parecia ter conseguido impressioná-lo seriamente,ao menos ali no serviço. Alexandre, apesar de jovial e belo,no ambiente de trabalho jamais se aproveitou de suas dádivas para iludir ninguém,tampouco subjugou qualquer moça que tenha se atraído por ele. Talvez fosse isso que deixasse suas colegas mais interessadas e curiosas.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...