Minutos depois,pela emancipação que ocorre durante o sono,ele se vê no plano espiritual envolvido por aquela generosa entidade que sempre lhe acolhia no estado de sono. Alexandre não era adepto de nenhuma religião,mas possuía uma fé inabálavel em Deus. Nem sempre havia sido assim. Tempos antes Alexandre era um rapaz vaidoso, que orgulhava de sua aparência,de suas dádivas naturais, da inteligência que possuía. Sendo de uma família financeiramente bem estruturada,ele nunca tivera frandes dificuldades,não sabia o que era isso. Nunca levou a sério nenhuma namorada,mesmo por que,as moças que se interessavam por ele não se davam ao respeito. Ele também não se preocupava em ter uma qualidade religiosa de vida. Com o tempo,conheceu sua ex-noiva, e por gostar muito da moça,começou a ficar mais responsável. Nessa época acreditou que era sério,Sandra era importante para ele.Estava apaixonado por ela. A decepção com a traição que sofrera levou-o a tentar o suicídio,que quase se consumou. Alexandre teve uma terrével exériência que jamais poderia esquecer e nunca conseguira,com palavras ,descrever. Algo mudou nele.Tudo o fez despertar para a vida,despertar para Deus. Mas ainda lhe faltava algo. Passou a ser mais calmo por que seu problema cardíaco exigia isso. Começou a lembrar de Deus ,não só nos momentos de insegurança como também para agradecê-lo pela segunda ou terceira oportunidade de vida que ele acredita ter. Poderia ter desencarnado coma parada cardíaca ou com as tentativas de duicídio,mas não. Alexandre realmente fora envolvido,principalmente agora,pela sua fé,sua gratidão ao Pai e por sempre se religar a Ele através da conversação que soava como uma prece. Mas ainda havia algo a fazer. Alexandre precisava ter conhecimento. Talvez ele não tivesse sofrido tanto se buscasse Deus em seu coração há mais tempo,porém agora,após passar por dificuldades incríveis,estava refeito,protno para o entendimento das verdades sublimes e consequentemente,para as provas com o trabalho redentor. Esse era o momento. Com carinho inenarrável ,próprio de entidades superiores de elevada envergadura,aquele ser que sempre o socorria quando ele ,pelos pensamentos elevados em prece,buscava Deus,punha-se novamente a enternecê-lo nos braços,tal qual a mãe que agasalha em seu aconchego o filho querido que lhe pede amparo. Acarinhando Alexandre,que aiinda estava um tanto adormecido naquela encarnação,essa criatura o observava com ternura e amor. - Alexandre - chamava-o. - Sou eu ,filho. Como que assonorentado,ele sorriu ao vislumbrar tão grande beleza. - Meu querido,sei o quanto seu coração está dolorido.Sei também do seu amor verdadeiro,das suas dúvidas,dos seus medos.Enfrentará situações difíceis,mas continue com fé.Busque,Alexandre,busque o conhecimento dos fatos. Procure entender o porquê da vida.Nada é por acaso,meu filho. Quando entender e aceitar,estará pronto para trabalhar,e só assim será verdadeiramente feliz. Alexandre a fitava,até que tranquilamente argumentou: - Eu a amo tanto - disse,referindo-se a Raquel. - Não quero vê-la sofrer.Preciso protegê-la. - Você vai conseguir entender a vida,se aceitar os ensinamentos de Jesus. - Quero ficar com ela... - Terá que conquistá-la filho.Eis seu desafio.Mas somente a tarefa produtiva pode oferecer recompensas.Ensine-a sobre o por quê da vida,dê-lhe razões para ocupar a mente de forma produtiva e oportunidade para o trabalho útil. E para isso terá que aprender primeiro. Eu insisto,procure conhecer os ensinamentos de Jesus. Nesse momento ,até que tudo se tranquilize,vamos envolvê-la.No entanto,Raquel terá de vencer as dificuldades por si mesma,despertando sua fé e acreditando na justiça de Deus. Raquel não crê.Não como deveria.E por ter descido seu nível de pensamento a ponto de se deixar envolver por criaturas espirituais tão ignorantes,ela mesma ,pelas próprias forças,tem que reverter esse quadro. Você pode e deve ajudá-la,afinal ,foi a isso que propôs diante de quaiquer dificuldades que pudessem ocorrer.No entanto,somente ela poderá se erguer. - Ás vezes tenho medo... Tenho dúvdas. - Você sempre terá amparo,meu filho,enquanto estiver agindo corretamente. - E meus pais?.... Minha família? - Isso é algo que você terá que resolver.Aja sempre com bons propósitos.Tenha fé e não seja insolente,você não precisa disso,não é? Beijando-lhe na testa com imenso carinho e como despedida,ainda argumentou: - Precisa de repouso ,filho querido.Cuide de sua saúde. - E,passando-lhe delicada mão sobre o rosto de Alexandre ,completou: - Agora adormeça,você está protegido e amparado por causa da sua fé.Eu o amo muito. Adormecido e recolocado em seu leito para a cevida recomposição,Alexandre teve um sono tranquilo e reconfortante. Na manhã seguinte,ele acordou cedo e sentindo-se muito be,ficou algum tempo em sua cama pensando em tudo o que acontecera com Raquel. Alexandre não se recordava de nehum sonho. Lembrou-se então que prometera para sua mãe que iria almoçar com ela.Mas, e Raquel? Ele precisava falar com sua amiga e explicar que tinha de conversar com sua família,mas ela nãopoderia se sentir um incômodo. O rapaz pulou da cama,e sem se importa com o frio,sentia-se animado e disposto. Ás cezes ele era abatido por algumas lembranças sobre as dificuldades que Raquel relatara. Quanto sofrimento! Como ela deveria padecer moralmente pelo que lhe ocorrera.Que constrangimento! Que humilhação!Como poderia haver homens tão indecentes ,tão cafajestes ,capazes disso? Alexandre estava indignado,tanto que se pegava vez ou outra ,com um nó na garganta que o fazia chorar.Queria apagar das lembranças de Raquel ,aqueles sofrimento.Mas não poderia.De repente,acreditou ter ouvido um barulho e foi ver o que era. - Raquel? - chamou ao se aproximar da porta do quarto. - Alexandre! ... - exclamou a moça com a voz chorosa. Entrando ligeiro na suíte,ele se sentou na cama,perguntando: - O que foi? O que aconteceu? O choro não lhe deixava falar. Levantando-se,o amigo abriua janela do quarto fechando o vidro para o frio não invadir o recinto e puxando parcialmente as cortinas para que a luz entrasse. Ao retornar,observou que ela já se refazia. - Veja,já amanheceu.Acho que estava sonhando.Não pe nada.Esse sentimento já vai passar. - E com ternura na voz,pediu: Levante ,tome um banho,vamos nos alimentar e... - afastando-lhe os cabelos lindamente desalinhados,falou: - Espero por você na cozinha,tá? Raquel disse que sim e ele a deixou só. Logo após tomarem a primeira refeição,Alexandre pediu: - Raquel,ontem eu pedi para que não atendesse ao telefoone,pelo fato de niguém saber que você está aqui, e diante de tanto para realizar e esclarecer ,me fariam muitas perguntas ás quais eu nem teria respostas,no momento. É o seguinte:minha mãe é exigente,preocupa-se comigo .Isso não tem jeito de mudar,já me acostumei. Ela vai querer sabe quem é você? De onde veio?Por que está aqui? Como estamos envolvidos? Só que eu tudo isso ela vai querer saber de uma vez só. - Espere,Alxandre - interrompeu Raquel-,talvez você nem precise dizer. Quero sir daqui o quanto antes. Vou arrumar uma casa e.. - Como? Como você vai arrumar uma casa? - perguntou ele friamente,porém muito educado. - Você tem alguma reserva em dinheiro? Tem móveis e utensílios e básicos?Perdoe-me a franqueza,Raquel.Sejamos racionais.Pelo que vejo,você vai precisar fficar aqui por um bom tempo. Não que isso me incomode .Aliás ,essa proposta eu já lhe fiz tempos atrás,lembra-se? - Vou incomdá-lo... - Não! Não vai.Eu só tenho que tomar algumas providências para que não ocorram surpesas desagradáveis.Já imaginou:minha mãe ou minha irmã entrando aqui num domingo de amnhã e nos pegando tomano café?O que vão pensar? Sou maior de idade,sou independente financeiramente,mas ligo-me a eles no lado moral. Emocionalmente preciso de minha família. Eles são importantes para mim. Devo-lhes certas satisfações porque os amo muito. Nem para minha irmã,Rosana,a quem nunca escondi nada,falei sobre você. Aconteça o que for,garanto que a Rô vai nos dar a maior força. - Eles não vão entender,Alexandre.Ninguém entenderia? - Quando eu lhe disse para vir morar comigo,Raquel,eu pensei em avisá-los,evitando alguma surpresa.Mesmo que não gostasssem da minha atitude estariam cientes de que você moraria por algum tempo. Eu já tinha isso em mente.O que mudou é o fato de você estar aqui e eu não ter tido tempo para avisá-los e a qualquer hora eles podem chegar aqui sem saber o que está acontecendo ,entende? Vou falar com eles. Ou melhor ,vou avisá-los.Se vão entender ou não,se vão aceitar ou não,essa situação é problema deles.Tenho que fazer a minha parte. Após poucos minutos de silêncio,Raquel perguntou: - Por que está fazendo isso,Alexandre? Seus olhos se encontraram e ele,sinceramente falou: - Por que gosto muito de você,Raquel. - Você não pode... - murmurou ela. - Por quê? - Não quero que se magoe comigo. - Como é que você me magoaria? Por acaso pretende me trair?Mentir para mim?Ofender-me com agressões ou palavras?Somente essas coisas me decepcionariam muito. Raquel tinha um nó na garganta,e com a voz trêmula,argumentou demostrando-se embaraçada. - Não quero que se apegue a mim... Não quero que se apaixone,jamais poderei corresponder á nobreza dos seus sentimentos. Olhando com firmeza e austeridade,ele afirmou: - Raquel,quero que isso fique bem claro:jamais eu farei algo para você ou por você com algum interesse próprio ou com segundas intenções.Quem pensar isso estará me ofendendo.Não faço isso nem por você nem por ninguém,entendeu? Se eu a ajudar,será por vontade própria,e não para teralgo em troca.Se você acredita que eu tenho algum sentimento nobre,deve reconhecer que a nobreza de um amor fica evidente pela falta de interesses que escravizam. - E tomando coragem,admitiu: Não vou negar que gosto de você.Não posso mentir para você,que foi tão sincera comigo.Um dia,se você gostar de mim e quiser ficar comigo,será por livre escolha sua,jamais irei pressioná-la a isso. Isso seria agredi-la. Alexandre silenciou. Ela ficou parada e confusa. Não sabia o que pensar.Como poderia haver alguém como ele? Como ele poderia querê-la consigo,enfrentando dificuldades com a própria família,em troca de nada? Raquel sentiu nos olhos de Alexandre uma ternura sem igual,e acima de tudo,um grande respeito.Seus olhos brilhantes se concentravam na imagem do rapaz,que agora se nublava por causa das emoções. Muita abalada e envergonhada com tudo o que lhe ocorrera ,ela sofria constrangida.Raquel chrou muito. Entendendo seus sentimentos,ele a deixou expressar as emoções o quanto foi necessário.Alexandre era capaz de compreender sua dor,seu desespero,em meio a tantas dificuldades.As decepções,os maus tratos,as baixezas das atitudes alheias e tudo mais machucavam o coração de Raquel,que não conseguia alívio,não conseguia esquecer. Vendo-a mais recomposta,ele perguntou: - Você está melhor? Ela respondeu com um balançar de cabeça e Alexandre propôs: - Lave o rsto e arrume-se.Nós vamos sair um pouco. - Eu não quero . Ele sorriu docemente para animá-la e avisou: - Se não quer ,vai morrer de fome.Por que não tem comida pronta e eu levá-la para almoçar. Pizzaria não funciona no horário do almoço. Procurando sorrir,ela falou: - Eu sei cozinhar.Posso preparar algo. - Com o quê?Já olhou a despensa? - E após rir,explicou: - Sabe,eu não dou muita importância para a comida,sozinho eu nunca me preocupo.Bem isso é algo que precisamos resolver e eu quero a sua ajuda. Agora,vamos!! Vá se arrumar para sairmos,tá?Vamos dar uma volta,depois almoçamos. Mais tarde eu a deixo aqui e voou até a casa dos meus pais para conversar,certo? Raquel concordou e foi se aprontar.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...