Os companheiros espirituais que Raquel trazia consigo,e que havia algum tempo a envolviam com pensamentos tristes de maus presságios,começaram a passar suas vibrações para o rapaz que imediatamente,após os primeiros sentimentos que o amarguraram,rogou por socorro. " Deus ,me ajude" pensou. " Eu queria tanto a Raquel comigo,agora... O que está acontecendo?Prexiso de forças .Eu a amo,mas a situação é confusa,complicada e eu estou com medo de ter problemas.Ajude-me,por favor." Mesmo preocupado,Alexandre sentiu-se mais confiante. Ao percebr que Raquel saíra do banho,ele foi ao quarto levando o chocolate quente. - Raquel ,eu posso entrar? - Entre - respondeu a jovem com voz fraca. A moça estava sentada sobre a cama trazendo o semblante desolado e o mesmo olhar perdido.Ao vê-la com sua camiseta e seu agasalho,Alexandre teve a iniciativa de lhe dar uma blusa e meias de lã,uma vez que estava frio. - Toma,vista este suéter. Comovido com o estado de Raquel,que parecia fazer tudo mecanicamente,sem se constranger pegou a meias e pôs-se a colocá-las nos pés da amiga. Levantando-se,pegou a pequena bandeja que sustentava a xícara com o chocolate quente e pediu: - Beba isso para esquentar. Ela não dizia nenhuma palavra.Ele tirou a toalha que envolvia os cabelos da moça,ainda molhados e de joelhos a cama,passou secá-los.Raquel pouco se importava com que acontecia.Estava muito estranha. Ao vê-la terminar de beber o leite,ele tirou-lhe a xícara das mãos e a fez deitar.Raquel só obedecia. Ao cobri-la,Alexandre ficou de joelhos no chão ao lado da cama afagando-lhe os cabelos e o rosto.Depois de alguns minutos,ele disse: - Prcure dormir. - E tocando levemente no pequeno hematoma que Raquel tinha naface ,ele falou: - Lamento não ter nenhuma remédio para isso. Quando amanhecer,eu vou até a farmácia comprar alguma coisa. Ela permanecia em silêncio.Por fim ele avisou: - Estarei lá na sala.Vou deixar a porta aberta.Qualquer coisa ,você me chama. Forçado pelas circunstâncias,Alexandre apanhou algumas cobertas no armário,foi para sala e ajeitou-se no sofá. Insonia,pois as preocupações roubavam-lhe qualquer conciliação com o sono,Alexandre observou o dia clarear lentamente. Quando não conseguiu mais ficar deitado,ele se levantou e preparou o desejum,tentando não fazer tanto barulho para não acordar a amiga. Após algum tempo,inquieto,pos não percebia nenhum movimento da moça,ele foi até o quarto.Aproximando-se vagarosamente,observou que Raquel estava deita encolhida,na mesma posição que ele a deixou. Seu olhar estava perdido e o avermelhado denunciava que ela também não havia dormido. Ajoelhado ao lado da cama,ele acariciou-lhe os cabelos e o rosto,depois disse: - Quer levantar? Preparei algo para você comer. Maquinalmente ela sentou e para deixá-la mais á vontade,Alexandre falou: - Aguardo você na cozinha,tá? Algusn minutos depois Raquel saiu do quarto.O rapaz a recebeu na sala e a conduziu até a cozinha,fazendo-a se sentar. - Desculpe-me,não sei fazer café.Mas aqui tem chá,leite ,chocolate em pó,biscoitos,torradas... - informava ,tentando deixá-la mais a vontade. - Estou sem fome. Tranquilizando a animação de segundos antes, ele ficou sério, sentou-se ao lado e falou: - Raquel,você precisa se alimenatar.Tome ao menos esse chá,certo? - disse ele,colocando-lhe a bebida fumegante na xícara. A custo,Raquel ingeriu somente o chá,enquanto fazia sua refição quase normalmente.A situação era preocupante e ele não conseguia relaxar por mais que tentasse. Após terminarem,Raquel se levantou e sem dizer nada,automaticamente ia levando a louça até a pia quando Alexandre a deteve: - Agora não. Isso fica para depois.Vamos sentar ali na sala.Acredito que temos muito conversar. Após se acomodarem no outro recinto,o amigo tomou a iniciativa e falou: Raquel,quando chegamos aqui de adrugada,observei seu estado,as circunstâncias e vi que não era o moento de conversarmos.Sei que ainda está abalada,mas acredito que pode me contar o que aconteceu. Ela estava muito abatida e amargurada.Eles se entreolharam e o silêncio reinou por alguns segundos.A respiração curta e rápida da moça mostrava alteração de seus sentimentos e ela falou: - Estou com medo. Lágrimas copiosas rolaram em seu rosto.Ele se sentou ao seu lado e,tentando abraçá-la.foi repelido com um gesto delicado. Raquel,colocando os pés sobre o sofá,abraçou os próprios joelhos e colocou o rosto entre os braços,chorando por minutos. - Raquel - chamou o amigo mais firme. - Diga-me o que houve. Mesmo com voz chorosa ela narrou: - Ontem,depois que você me deixou em casa,eu entrei e ouvi a Alice me caluniando para o Marcos. Ela disse que nos viu juntos e nos seguiu até aqui. - E daí? - perguntou Alexandre,diante da pausa. - Meu irmão ficou uma fera e me mandou ir embora da casa dele. - Só por causa disso? - Não... - respondeu Raquel,soluçando ainda mais. - Alice disse que... - Quê?... Com a voz abafada e constrangida ,ela revelou: - que eu estou grávida e o filho é seu. Alexandre abaixou a cabeça e quase riu,não se importando com a sriedade do assunto.Mais sério,argumentou: - Raquel,não se preocupe com isso. " A verdade é filha do tempo",em breve Marcos saberá que é mentira. - A Alice disse que você estava me convencendo a tirar a criança.Ela falou ao meu irmão que fiz isso antes,que eu sou uma garota de programa. - Raquel, pelo amor de Deus! Ao invés de ficar chorando,você tem mais é que se dar por feliz pois saiu da casa deles. - Não é bem assim! - Como não é assim? Além do mais,seu irmão é muito ignorante para agir como agiu. Aproximando-se da colega,ele tocou-lhe a face machucada com jeitinho ao perguntar: - Foi ele quem fez isso no seu rosto? Marcos bateu em você? - Não. Eu fui roubada.Saí da casa dele e não sabia para onde ir. Fiquei andando e... Nem sei como aconteceu. Preocupado ,ele perguntou: - Machucaram você ,além disso? - Não. - Não mesmo? - Não. - Como você foi parar naquela praça? - Andando. - Andando?! - admirou-se o rapaz. Raquel chorava ainda e tentando consolá-la,Alexandre propôs: - Vamos resolver uma coisa de casa vez.Você vai ficar aqui comigo e necessita de algumas coisas. - Olhando-a e acreditando que Raquel estava adoravelmente linda em suas roupas,que lhes vestiam bem grandes,ele falou: - Vou buscar um remédio para passar em seu rosto,depois preciso providenciar um colchão para eu pôr no outro quarto e depois ainda irei até a casa do seu irmão para pegar suas roupas. - Não vou ficar aqui. Quase friamente,para fazê-la raciocinar ,ele perguntou: - Então onde você quer ficar,Raquel? Ela abixou a cabeça e não disse nada. A situação era constrangedora e Raquel sentia-se humilhada.Lágrimas copiosas corriam-lhe a face.Quando o amigo,como vido e carinhoso ,tentou tocar-lhe o ombro,ela se afastou e Alexandre respeitou sua vontade. Levantando-se e não se deixando abater pelas circunstâncias,Alexandre decidiu: - Tenho de aproveitar que hoje é sabádo para resolver o que lhe disse.Depois cuidamos de outras coisas. - Vendo-a ainda abraçada ao prórpios joelhos,porém mais calma,ele perguntou: - Você acha que pode ficar sozinha? - Posso. Pensando rápido,ele lembrou que alguém de sua família poderia telefonar e ao ser atendido por Raquel,não iria entender o que estava acontecendo,por isso pediu: -Vou me trocar para sair e quando eu estiver fora... Só peço uma coisa: não atenda o telefone.Se precisar de algo,ligue para o meu celular.Vou deixar o número anotado aqui. - Avisou,ao fazer a anotação num pequeno bloco que havia ao lado do telefone. - Você precisa de algo? Quer que eu lhe traga alguma coisa da rua? - Não. Obrigada. Alexandre foi para o quarto ,trocou-se e saiu.Após ir a uma farmácia,retornou logo encontrando Raquel deitada e encolhida no sofá da sala.Com o medicamento em mãos,passou um pouco da pomada no rosto machucado de Raquel,pegou uma manta e a cobriu,oferecendo-lhe também um travesseiro para que se ajeitasse melhor. - Quer que eu ligue a televisão? - perguntou solícito. Raquel fez um gesto singular,como quem diz: "tanto faz". Ele pegou o controle remoto,ligou o aparelho,deixando-o em seguida ao alcançe dela. E,informou: - Naquele saquinho,lá no banheiro da suíte,tem uma escovva de dente,que eu comprei para você. Há creme dental no armário.Vou sair para prvidenciar algumas coisas que vamos precisar.Talvez eu demore um pouco. Se precisar não hesite,ligue-me. Lembre-se de que não vou telefonar.Depois conversamos sobre isso. Alexandre se aproximou,fazendo-lhe um suave carinho,quando observou que Raquel parecia encolher-se.Despedindo-se,ele saiu rápido.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...