E assim o tempo foi passando... Com a imagem de sempre querer mais do que já possuía,sem amar o que tinha,com o desejo de vingança e ambição,tendo a maledicência como prazer,Alice se sentia insatisfeita com tudo. Eles haviam se mudado para uma casa um pouco maior por causa da exigência de Alice. Estando a sós,contemplando suas miseráveis e mesquinhas conquistas Alice pensava: " Ainda bem que não terei mais que dar um sumiço nas cartas daquela velha. Era um sufoco ter que ficar atrás daquelas correspondências antes que Marcos as visse. Ainda bem que a Célia me deu a maior ajuda,por que,trabalhando,o Marcos poderia pegar aquelas malditas cartas antes de mim. Contudo,agora chega." E após pouco tempo,continuou reclamando em pensamento; " Nas cartas Tereza só sabia perguntar da Raquel! Raquel! Raquel! Só reclamava da vida.Mulher orgulhosa,avarenta! Trouxa do jeito que o Marcos é,seria bem capaz de querer ajudar a mãe ou trzê-la para cá. Isso se não quisesse voltar para aquele fim de mundo. Prefiro a morte a voltar para lá. Ainda mais agora com o Valmor me ajudando ,não volto mesmo. Tenho certeza de que ,em pouco tempo,ele vai me propor para morar longe do Marcos.Estarei realizada!" O espírito Sissa,com extrema satisfação,rodeava Alice,que desejava e realizava tudo a seu contento. Valmor,o amante de Alice,por não controlar seus impulsos e não tendo moral,ligava-se a companheiros espirituais que o envolviam ,passando-lhes seus desejos e os impulsos mais mundanos. Alice e Valmor traíram suas próprias consciências e se emaranhavam por amargos caminhos,e por isso futuramente muito teriam que reparar. Os momentos em que juntos julgavam estar sendo felizes era ilusório e passageiro. Toda traíção conjugal traz,cedo ou tarde ,um lastro de dor e de angústia. A situação fica ainda mais difícil quando se tem de explicar aos filhos o porquê. Quis Deus que fossem dois a cuidar de um ou mais,para amá-los e tratá-los com carinho e fazê-los progredir,mas o egoísmo do ser humano não o deixava ver isso. A criatura que se deixava envolver por paixões efêmeras,que se deixa levar por um ralacionamento fora da união conjugal,traindo não só o cônjugue,mas também os filhos,quando os tem,que foram confiados á sua guarda,ao seu amparo e á sua proteção,não pode servir de exemplo nem ensinar ada sobre moral,muito menos reivindicar respeito ,até que harmonize,mesmo que a duras penas,tudo o que desarmonizou e desequilibrou. Disse-nos Jesus que: " Qualquer ,pois que violar um destes mandamentos,por menor que seja,e assim ensinar aos homens,será chamado o menor reino dos ceus". Alice não queria acreditar que para tudo o que conseguimos de modo fácil e sem cultivarmos valores morais elevados ,pagamos uma alta taxa de juros nos refazimento no futuro. Ela sonhava e não via a hora de conseguir o que chamava de liberdade. O relacionamento com o marido,havia tempos não era bom, e a cada dia piorava. Alice sempre o criticava,humilhando-oo quanto podia. Agora,ela já não ligava mais para os cuidados com a casa,como antes fazia,muito menos se preocupava em dar atenção aos filhos,perdendo horas cuidando de si e em reflexões mesquinhas. Naquele instante ,a aproximação de Marco chamou a esposa á realidade. Parecendo pensar em voz alta,o marido disse: - Como será que minha irmã está? - Eu nem acredito! - respondeu a mulher. - Depois de tudo o que ela fez você ainda se preocupa? -Fica cada vez mais suspreso com você! Nem parece que tem sentimento! Afinal de contas ela minha irmã. - Mas não deixa de ser mentirosa,sem-vergonha.Agora você sabe quem ela é.Raquel tirou a máscara e assumiu a vida fácil que sempre levou. - Tomara que esteja vivendo bem.Faço votos que ele goste muito dela.Raquel merece. - Quem ouve você dizendo isso vai até acreditar que se trata de uma menina inocente,de um donzela! Alice ofendia com palavras ásperas irnônicas e Marcos começava a se irritar: - Raquel , na verdade ,nunca teve oportunidade.Minha mãe sempre foi uma mulher muito distante,principalmente com a filha.Eu percebia isso. Quando me lembro da nossa infância,trago sempre as recordações de Raquel sendo desprezada por mim,pelo meus irmãos e primos. Ela sempre ficou com o pior.Foi posta na rua,não só por eles,mas por mim também. Eu me arrependo do que fiz. -Não seja idiota.Veja que Raquel é que não se adapta com ninguém.Você vai ver,nãodou muito tempo para ela largar o Alexandre. - Ela pode ser o que for,mas foi a única criatura que nos ajudou quando mais precisamos.Foi ela quem lhe arrumou os dois únicos empregos que conseguiu em sua vida. Não seja cruel ,Alice! Não podemos contar com mais ninguém.Meus irmãos jamais me procuraram,meu pai está inválido,minha mãe só me inscreveu duas ou três vezes nesse sanos todos.Ela nem mesmo respondeu ás cartas que venho lhe mandando.Se a Raquel não leva uma vida descente,todos temos uma parcela de culpa,principalmente minha mãe,que nunca se importou com ela. Talvez ela tenha sido coagida por meu avô,quem sabe.Prefiro nem pensar. - A verdade é que na sua família ninguém presta. Enraivecido,Marcos a segurou pelo braço,ordenando: - Cale a boca! Não fale da minha família. Não vou mais admitir isso.Nem parente você tem. Nos olhos de Alice podia-se notar a expressão de ódio que se fez. Ela ficou em silêncio ,temendo a reação de Marcos,mas seus pensamentos vibravam rancorosos contra o esposo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...