- Se ele tiver namorada? - Não tem. - Como você pode ter certeza disso, Rita? - Eu sei que ele não tem ninguém. Parece que nunca teve namorada firme. Ele não se prende a ninguém. - Ora,Rita ,então por que insistir? - Porque eu adoro ocara! Você nunca se apaixonou por alguém? - Não - admitiu com simplicidade. - Não! Nunca? - Nunca. Olha,Rita,veja se você não vai se humilhar. Eu acho que, como mulher,você devia se valorizar mais. Tenha auto- estima. - Eu estou gostando do Alexandre,Raquel. Se você nunca se apaixonou por alguém,não sabe como é . Ajude-me,por favor! - pediu Rita com voz piedosa. Raquel se comoveu e,sem alternativa,concordou: - Está bem. Mas veja lá,não quero me envolver em encrencas! - Que encrenca,Raquel? Você só estará me ajudando. - Após pequena pausa, Rita, com os pensamentos fervilhando de ideias, propôs: - Convide-o para almoçar hoje,certo? - Eu?! - Claro! Você não quer me ajudar? - Como? Eu não tenho cara para chegar no Alexandre e convidá-lo assim,sem mais nem menos! - Mas você disse que iria me ajudar! Contrariada e pensativa,sem esconder seu descontentamento,Raquel falou: - Olha ,Rita, não posso garantir nada.Vou ver. - Vai ver nada! Você tem que conseguir... Raquel e Rita retornaram aos seus devidos lugares. Ao ocupar sua mesa, Raquel,pensativa no desejo da amiga, não tinha coragem de sequer olhar para Alexandre,que estava ao lado. Voltando-se para Raquel,ele chamou dizendo: - Raquel, o senhor Valmor a procurou duas vezes enquanto você estava fora. - Puxa! Demorei no café,não foi? - Demorou mesmo - concordou Alexandre sem exaltação. - A primeira vez que ele a procurou,informei que você estava no café ; na segunda , disse que havia voltado,mas precisou sair novamente. Perdoe-me,mas eu falei que você havia ido ao toalete. - Obrigada - agradeceu Raquel,pensativa. - Já sei o que ele quer, eu tenho que entregar algumas tabelas de estatísticas comparadas com as das duas última férias do mesmo período do ano. - Estão prontas? - perguntou o colega. Raquel sorriu sem jeito e,desanimada,afirmou: - Não.Não estou conseguindo.Não sei o que está acontecendo comigo. - Já disse,você está precisando de férias. - Após poucos segundos ele perguntou: - Quantas tabelas são? -Seis. Duas férias por ano: deste ano e dos dois últimos. Animado,como sempre,Alexandre pediu: - Dê-me três.Eu ajudo.Vamos começar agora e em meia hora terminamos. Raquel se entusiasmou,ela não esperava por aquele auxílio. Rapidamente ambos trabalhavam no serviço que pertencia só a Raquel e que estava atrasado. No final de meia hora estava tudo pronto. Raquel abriu um largo sorriso de satisfação ao ter em mãos o trabalho que agora levaria para seu chefe. Após retornar da entrega das referidas estatísticas para o diretor,Raquel ainda exibia um sorriso de satisfação. Voltando-se para o colega,ela mais uma vez agradeceu: - Obrigada,Alexandre. Nossa! Nem sei como lhe agradecer. - Eu sei! - anunciou o rapaz sorridente. - Como? - Pagando o almoço! Está na hora,vamos almoçar? - convidou com modos simples e sem pretensões. Raquel lembrou-se imediatamente de Rita e concordou: - Claro! Só espere um minuto,pois eu tenho que chamar a Rita, combinamos de ir juntas hoje. - Tudo bem. Chame-a logo - concordou ele,avisando em seguida: - A história de pagar meu almoço é brincadeira. Logo os três saíram juntos e, como sempre Rita atraía para si toda atenção.
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Um motivo para viver
EspiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...