Alice queria que Raquel recebesse ajuda afim de conseguir sair de sua casa,ela queria se ver livre da cunhada. Raquel,que se incomodava com aquela conversa,repentinamente pediu: - Não quero mais falar nesse assunto, Alice.Por favor. Sem dar atenção ao que Raquel pediu, Alice continuou: - Você perguntou alguma coisa para ela? - Não. - Ah! Aí está o problema. Se você perguntasse,ela diria. - Se eu lhe perguntasse ela teria detalhes. Pedindo detalhes,ela teria uma série de informações,depois iria me dar opiniões como se adivinhasse minha vida. Sabe,eu deixaria de acreditar do mesmo jeito. Foi melhor eu ter ficado quieta,assim economizei tempo. -Olha, Alice,quer saber de uma coisa,não vou mais lá! Para mim chega! Arrependi-me de ter ido. Só gastei dinheiro e perdi meu tempo. Por favor,não me chame mais.. Cheguei tarde,estou cansada e, além de tudo,não gosto de sair à noite. Alice nada comentou,ficou somente olhando contrariada para Raquel. Uma sensação odiosa começou a envolver o seu coração que,agora ainda mais,indignava-se com Raquel. Isso ocorria principalmente pelo fato de Sissa estar animando essa discórdia,pois Raquel,apesar de nenhum entendimento,possuía um coração puro e poderia orientar Alice para o que era certo e errado. - Ela não é sua amiga. Raquel não pode mais ficar aqui. Ela vai acabar estragando tudo. Vamos dar um jeito nela. Naquela noite, Raquel custou a adormecer. Mesmo o fazendo,no meio da madrugada,perturbada por um sonho ruim que era induzido por espíritos inferiores,Raquel passou a dizer: - Não... Sai de perto... Não! Até que acordou todos com um grito. Marcos correu para a sala e,ao lado da irmã ,que já estava sentada,a chamou: - Raquel! Raquel! Está tudo bem! Acalma-se. Ele tentou abraça-la,mas Raquel o empurrou. Ela parecia confusa. Com a respiração alterada e os olhos arregalados, Raquel circunvagava o olhar pela sala, procurando reconhecer o lugar,enquanto passava a mão pela fronte,que lhe parecia escaldante. - Clama, Raquel. Foi só um sonho - dizia Marcos com suavidade na voz,procurando enternecê-la. Alice, ficou de pé,olhando friamente a cena,não dizia nada. De repente foi até a cozinha e votou com um copo de água. Após tomar alguns goles, Raquel se acalmou. Passando um tempo,tudo ficou tranquilo e ela voltou a se deitar,depois que se desculpou com todos. Marcos e Alice voltaram ao quarto e,a o perceber que o marido estava acordado,ela decidiu comentar: - Marcos estou preocupada com Raquel. Interessado no assunto,ele ficou atento para não ceder ao sono, e Alice continuou: - Não quero magoá-lo,mas você acreditou nesse pesadelo? - O que você quer dizer,Alice? - perguntou ele quase irritado. - Sabe o que é,eu andei conversando com a Raquel. Coisa de mulher.Entende? - Não, não entendo. Dá para ser mais clara? Exibindo nervosismo e inquietude, Alice torceu as mãos a fim de mostrar ao marido sua preocupação com Raquel. Tomando cuidado com as palavras,continuou em tom brando e baixo: - Sabe, Marcos,eu não tenho gostado de algumas coisas que venho percebendo na Raquel. Ela vem chegando de carro com um e com outro. - Que eu saiba ,ela só pegou carona naquele dia. - Não é problema ela pegar carona. É que Raquel vem mentindo para nós. Lembra-se,anos atrás ela apresentava traumas,desequilíbrios emocionais,pesadelo e o que lhe falei?- Sem espera resposta do marido, Alice continuou: - Falei que não acreditava nela. Lembro-me de ainda ter dito que, se ela mentiu ou não,não tinha problema,mas o que me irritava era o fato dela nos abalar,nos deixar nervosos e preocupados. - Onde você quer chegar ,Alice? - Vendo-a chegar de carro com um e com outro,eu fui falar com ela. Raquel me respondeu mal. Disse que fazia da sua vida o que queria. - Não posso acreditar nisso. - Então espere um pouco. - Alice se levantou e,sorrateiramente ,foi até a sala espiar para garantir que Raquel estava dormindo,caminhou um pouco mais,pegou a bolsa da cunhada que estava sob um móvel ao lado da sua,e voltou. Entrando no quarto,fechou a porta e acendeu a luz.Sentou-se na cama e,como se revirasse a bolsa que segurava,tirou alguns preservativos e mostrou a Marcos ,dizendo: -Para que alguém carrega isso se não vai usar? Marcos ficou paralisado. Sentindo-se enganado pela irmã,ele não respondeu nada. - Raquel não é santa, Marcos? Tudo bem. Ela faz o que quiser de sua vida,mas... Ela está mentindo para nós.Ela mentiu o tempo todo. Marcos ficou alterado.Levantou-se,andou de um lado para outro do quarto. - Não posso acreditar que Raquel tenha mentindo para mim. - Agora mesmo,com esse falso pesadelo,ela mentiu para ter a sua atenção.Mentiu para que você não acreditasse em mim,pois ela sabia que eu iria contar para você sobre seu comportamento,sobre suas mentiras. Vá lá na sala e veja por você mesmo. Alguém que acabou de ter um pesadelo horrível iria dormir tão rápido? Inconformado com a apresentação dos fatos,Marcos saiu do quarto e foi até a sala onde Raquel dormia profundamente.Olhando fixamente para sua irmã,ele comprovou que ela estava serena e tranquila. Alice ficou no quarto aguardando.Sabendo que Raquel tinha o sono perturbado,ela já esperava por aquela situação.Agora seu plano havia dado certo. Ela colocara algumas gotas de sedativos na água adoçada e Raquel,nervosa,nem percebeu o que bebera.Ao voltar ao quarto, Marcos não viu a esposa esconder um sorriso cínico. - Viu como tenho razão? - argumentou Alice com voz branda e melancólica.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...