No apartamento de Alexandre,Raquel preparava uma refeição enquanto conversava com ele,que se sentara na cozinha. O rapaz ainda não se sentia normal,mas para ela que ela não se preocupasse,não dizia nada sobre isso e falavam de outro assunto: - Nossa! A casa dos seu pais é linda! Ele sorriu e reparou a simplicidade de Raquel,que não estava acostumada áquele tipo de residência. Lembrando-se de repente de uma curiosidade que tivera,ele perguntou ,mudando o sentido da conversa. - Diga-me uma coisa,Raquel.A Bruna tem olhos claro. Azuis. - Sim,tem. - Como os meus. - Sim,como os seus. Como você sabe,se eu nunca falei. - Sonhei com ela. - Como tem certeza de que era a Bruna. - perguntou Raquel. - Por que ela é a sua cara.Somente os olhos mudavam.Ela é uma gracinha. -Não olhei muito para ela quando a vi.Eles a colocavam do meu lado e eu não a pegava.Não me recordo mais dela,porém me lembro dos seus olhos muito bonitos. Alexandre decidido a mudar de assunto para não vê-la melancólica,pois sentira que Raquel se arrependera do que fizera ,mudou o rumo da conversa: - Não ligue para o que aconteceu hoje na casa dos meus pais. - Ainda me sinto tão mal.Sou culpada por tudo aquilo. - Não. Você não é culpada por nada! Logo vão nos entender.Tenho certeza. Minha família é amorosa.Eles não vão ficar muito tempo longe de mim. - De quem você herdou esse olhos.São tão lindos! - Sabe que eu não sei - respondeu ele,de modo singular. - A Vilma se parece com sua mãe.A Rô tem um pouco de cada um,mas você... Ainda não sei direito. Alexandre sorriu e resolveu: - Deixe-me contar uma coisa.Eu sou filho adotivo. Raquel se surpreendeu e antes,que se recompusesse,ele contou: - Houve uma oportunidade ,eu era bebê e meus pais me adotaram. - Como foi. - Acreditam que logo após uma mulher ter dado á luz,coisa de horas,me abandonou envolto em panos com os resíduos do parto. - Onde. - perguntou ela,quase em choque. Ele sorriu e contou: - No lixo. - Alexandre!... - exclamou Raquel,boquiaberta. - Nessa oportunidade meus pais me assumiram. Depois tiveram a Vilma e a Rosana,filhas deles mesmo. Raquel ficou quieta,sem saber o que dizer,e ele completou: - Sabe que até me esqueço disso. - Deve esquecer mesmo.Seus pais o amam,Alex. Eles adoram você. - Quando perguntam a origem da minha família eu esqueço que sou adotivo e acabo dizendo que tenho antecedentes italianos,como meus pais,mas na verdade não sei. - Você conhece sua mãe biológica. - Não. - Importa-se em falar sobre isso. - De modo algum.Só evito perto da minha mãe,mesmo porque ela parece que não gosta de se lembrar disso.Para ela,sou filho dela e acabou. - Você nunca quis conhecer sua mãe. - Sabe,Raquel,não vou dizer que nunca tive curiosidade de saber como ela era,ou quem foi meu pai. Mas o amor que recebi,o carinho e a atenção de meus pais supriram todas as minhas necessidades.Eu a amo meus pais! Raquel dicou em silêncio por alguns minutos,depois lembrou: - E eu o fiz se desentender com eles. Estou me sentindo tão mal por isso! - O que aconteceu hoje foi falta de esclarecimento da minha parte. Mas eu não poderia fazê-lo sem antes falar com você. - Como assim. - Eu disse a meus pais que gosto muito de você.Nunca escondi nada deles,por isso eu queria contar tudo a respeito de você,para que eles entendessem essa situação. Raquel ficou nervosa e murmurou um pedido de lamento. - Não... Ele se levantou ,aproximando-se dela e a encarou,dizendo: - Essa é a única maneira deles entenderem e acreditarem no está acontecendo.Tenho certeza de que vão tratá-la como filha. - Sorrindo,ainda completou: - Vão adotá-la. Raquel empalideceu e trazia na face um semblante preocupado,ao responder: - Não vou me sentir bem. Tenho vergonha. - Ofegante e parecendo aflita,ainda pediu: - Por favor,Alexandre ,não me conta ainda. Ele procurou abraçá-la ,ao dizer: - Tudo bem,meu amor.Não fique assim.Não vou contar. Raquel não retribuiu o carinho,como se o rejeitasse.Alexandre compreendeu e se afastou . Nesse instante,a campainha tocou. O rapaz a encarou avisando: - Para subir assim sem o porteiro avisar,só pode ser meus pais ou a Rosana. Ele foi atender e ao abrir a porta,a sua mãe abraçou forte,sem dizer nada. Após entrarem ,o pai fechou a porta e abraçou-se a eles.Á distância Raquel espiava,em silêncio,sem ser percebida. Dona Virgínia não detinha as lágrimas. Eles se sentaram na sala,e quando o senhor Claudionor estapeava as costas do filhos,pediu: - Desculpe,Alex,por tudo o que disse.Eu não tinha o direito de... - Ora,pai! - interrompeu Alexandre. - Pare com isso. - Olhando para a mãe,que estava sentada a seu lado,pediu: - Pare com isso também,mãe. Não precisa ficar assim. Sorrindo em meio ao choro,a mulher começou a começou a mão no rosto do filho,acarinhando-o,depois o abraçou com ternura. - Onde está a Raquel. - perguntou o pai. - Na cozinha.Ela está preparando algo para nós. O senhor Claudionor se levantou e avisou,sorrindo: - Estou com fome. Nós não almoçamos e pelo cheiro,a coisa é boa! Alexandre,sem se inibir,avisou contente e vaidoso. - A Raquel cozinha bem - Vocês almoçam conosco,tá. -É lógico! - exclamou o pai,indo em direção á cozinha,e ao entrar,chamou um tento temeroso: - Raquel. - Senhor - respondeu a moça,trazendo grande expectativa e medo. - Vem cá,filha! - exclamou ele,estendendo-lhe os braços envolvendo-a num abraço antes que ela pudesse perceber. Instantaneamente Raquel começou a tremer assustada,não conseguindo corresponder ao apreço. O senhor Claudionor percebeu a rigidez da jovem e seu pânico ao vê-la chorar. Raquel parecia deter a respiração.Ele se afastou um pouco,segurou-a pelos ombros e perguntou preocupado acariciando-lhe o rosto: - O que foi Raquel. - Alexandre e dona Virgínia entraram na cozinha e presenciaram a cena. O rapaz já tinha entendido o que ocorrera.Ele sabia que todos de sua família jamais conseguiam ficar sem um toque de carinho e afeto. Com jeito ,ele pediu: - Solte-a pai.Está tudo bem. - Eu não sei o que fiz! - justificou-se o pai,sem jeito. Alexandre se aproximou ,conduziu-a para que se sentasse e Raquel,envergonhada,começou a secar as lágrimas ,sem encará-los. - Raquel,o que foi. - perguntou dona Virgínia,comovida,aproximando dela e afagando-lhe os cabelos. - Não dou nada - respondeu Alexandre. - É melhor não falarmos nisso que já passa. - Bem,vamos lá! Pai pega os copos aí nesse armário atrás de você e leva para a mesa da sala. Mãe pegue os talheres e Raquel ,vamos lá! Sejamos bons anfitriões. Os pais procuraram seguir o proposto a fim de também melhorar o ânimo da moça.
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Um motivo para viver
EspiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...