Alice a cada dia,arquitetava novo plano para se destacar na empresa em que trabalhava. Agora,por prestar serviços para a diretoria,fazia tudo para ser chamativa. Aos poucos,ela foi conseguindo atrair a atenção de um dos diretores,o senhor Valmor. Eles iniciaram um romance e começaram a sair juntos,mas por ter que chegar em casa no horário de costume,quando possível,saíam mais cedo do serviço para seus encontros. Alice não respeitava o marido nem os filhos.Eles podiam desconfiar. Em casa,como mãe,quase não dava importância aos meninos,que necessitavam de seu acompanhamento e atenção. Nilson,o filho mais velho,arrumou um emprego em um supermercado como repositor. Certo dia,Elói procurou por ela e disse: - Mãe,o Nilson está trazendo coisa errada. - O que é. - Ele traz para casa algumas coisas do mercado.Isso não é certo. - Sabe,Elói,gente honesta nesse país não tem valor,não sobe na vida,nem dorme tranquila por que vive preocupada com o despejo. - Mas mãe,a senhora não vai falar nada. Com ar de desprezo Alice perguntou: - Falar o quê. Apesar da pouca idade,Elói sentia que algo estava errado,ele tinha discernimento. Contrariado,mais tarde,quando se viu sozinho com o irmão,perguntou ,ao vê-lo: - Onde achou isso. - Não é da sua conta. - Vou contar para o pai. - Vai nada. Os adolescentes inciaram uma briga que após poucos minutos foi separada por Marcos ,que chegou para ver o que estava acontecendo. - Parem com isso vocês dois! - Foi ele que começou - alegou Elói em sua defesa. - O que está acontecendo aqui. Elói contou o que ocorria,enquanto Nilson o fuzilava com olhar. Indignado,Marcos inquiriu firme: - Isso é verdade. Alice,que se aproximava,interrompeu-os. - O que foi. - O Nilson está furtando no serviço.Ele esta trazendo mercadorias para casa. Eu nem posso acreditar numa coisas dessas. Tranquila,a esposa respondeu em tom irônico e voz debochada! - É! E o você pensa em fazer.Bater nele. Sabe,Marcos,seu filho é mais esperto que você.Ele já aprendeu que se a sociedade não lhe dá uma oportunidade,ele tem que fazê-la. - Você ficou louca,Alice. - gritou o marido. - Se ele não está contente com o que tem,que estude e trabalhe muito para ter mais. A sociedade não é culpada pelo fracasso de alguém. No mercado de trabalho existem vagas,sim,mas não tem pessoas capacitadas para as ofertas de emprego que exigem qualificação profissional ,estudo,conhecimento. Ninguém está a fim de estudar,de se esforçar para aprender e depois reclama que não consegue emprego. Quando muito arrumam um serviço e ao invés de agradecer a oportunidade respondem,são malcriados,preguiçosos,vivem reclamando do chefe,do dono. A culpa não é da sociedade,não. Mas tenha em mente uma coisa: eu não vou criar um ladrão! - Ladrão,não. Mas esperto,sim! Marcos não podia crer no que estava vendo e ouvindo. Alice lhe tirar toda a autoridade ,além de não oferecer ensinamentos morais adequados ao filho. Voltando-se para Nilson,Marcos o repreendeu,segurando-o pelo braço. - Não quero mais saber disso aqui em casa. Dou-lhe uma surra se você trouxer novamente para casa qualquer coisa que não tenha pagado por ela. O menino abaixou a cabeça sem dizer nada,mas em seu olhar podia-se notar uma expressão de insatisfação pela bronca,principalmente pelo apoio que a mãe lhe dava. Após ir atrás da esposa,Marcos a repreendeu: - Nunca mais diga aquilo.Você está incentivando o nossos filhos a agir errado. O que lhe deu Alice. Quer criar um criminoso. Se muitos pais repreendessem e orientassem os filhos quando notassem algo estranho,logo na primeira vez ,teríamos menos marginais nas ruas. Jamais devemos aceitar algo duvidoso em casa,é assim que eles começam. Alice não respondeu e Marcos continuou: - Acho melhor você parar de trabalhar para tomar conta direito desses meninos. Enrubescida,ela mirrou o olhar enraivecido e quase gritou: - Não sou sua empregada,nem dos seus filhos! Não vou me escravizar só por que você quer. Não se esqueça que sustento essa casa tanto quanto você.Eu tenho capacidade para trabalhar. - Trabalha por que minha irmã a encaixou em um bom emprego. - Canalha! Você duvida de minha capacidade,ainda. Pois eu vou lhe provar quem é incompetente aqui.Se perder esse seu empreguinho,não terá onde arrumar outro,tamanha é sua desclassificação. E quanto á sua irmãzinha,ela também não perde por esperar. - Por que você odeia tanto a Raquel. - Nunca a suportei.Nojenta,toda cheia de querer ser coitada.Cansei de ouvi-lo só falar dela. Foi bem feito o que aconteceu,você viu a cobra que estava agasalhando. - Cale a boca,Alice. - Se eu cometi uma erro algum dia,foi o de ter me casado com você. - Por que não pega suas coisas e vai embora. Alice não disse nada,virando as costas e saindo logo em seguida. Mais tarde,ao conversar com Célia,ela desabafava: -Então foi isso.Ai! Que ódio! - E seu caso com o tal Valmor. - Fale baixo!Alguém pode escutar - sussurrou Alice. - Estamos bem.Ele entende meus problemas. -Ele a ajuda. - Claro. Onde você acha que arrumei dinheiro para me vestir assim. O Valmor é muito bom,generoso. Ele me leva a lugares chiques. Parece exibir-se quando está comigo. - Ele fala alguma coisa sobre deixar a mulher para viver com você. - Não.Mas isso não importa.O que eu quero é que monte um apartamento para mim e me dê todo conforto que necessito e mereço. - Você tem coragem de largar o Marcos e os meninos. - Do Marcos eu não quero nem saber. Meus filhos já são crescidos.Eles se viram. Minha maior dificuldade é ter que chegar tarde em casa sem levantar suspeitas. - Arrume um longo tratamento odontológico para depois do serviço - sugeriu a amiga. - Célia! Sabe que você me deu uma ótima ideia! Célia não imaginava quantas amarguras estava atraindo para si mesma por oferecer sugestões que ajudassem atitudes imorais,ilícitas. Alice,então,em busca de estabilidade e falsa felicidade,não tinha resignação nem renunciava á imoralidade dos desejos vis. Ela tentava se defender e justificar alegando ter direito de aproveitar a vida. Comumente,ouve-se dizer,daquele que cometeu adultério,que tem o direito de ser feliz. Quem garante a ele que a felicidade almejada está fora da união já estabelecida e longe dos filhos que Deus confiou. Não se constrói felicidade verdadeira em cima das lágrimas dos entes que se deixou para trás e que,certamente,com o tempo,serão desprezados com pequenos atos,esquecidos ou relegados ao abandono cruel. Não se é feliz quando se é irresponsável.Isso explica o sentimento de vazio. Não encontramos paz e harmonia na consciência,muito menos a tranquilidade de um sono bom,quando abandonamos um lar,mesmo estando nele e deixando de amparar e confortar o filho que chora ,que tem medo,que precisa de orientação,seja em que fase da vida for. Aquele que busca fora do lar as falsas alegrias e dentro da vileza a felicidade momentânea tem em si a predominância do orgulho e do egoísmo. É dentro do lar que necessitamos usar a nossa força de vontade,o nosso amor verdadeiro para encontrar o equilíbrio e a harmonia da nossa vida. Não nos unimos a alguém por mera casualidade. Ninguém tem o direito de separar um casal,seja pelo qual for. Que a piedade invada nossos corações ao pensarmos na infeliz criatura que junto adultera ,que ,em lugar de se impor moralmente e se resguardar dos desejos vis de criatura pervertida,promove a desunião e desfaz um lar,condenando aquele que fica só a assumir em dobro as responsabilidades da família,o peso de conduzir sozinho o que era para ser dividido por dois.Não perguntando se o que ficou só terá forças suficientes para confortar e harmonizar tudo o que lhe restou,inclusive o coração dos filhos. Quando Deus acredita que alguém é suficientemente forte para estruturar sozinho um lar e os filhos ,retira um dos companheiros através do desencarne. O respeito e a sincera amizade entre um casal devem reinar absoluto,traduzido em mútua compreensão ,afeto sincero e fidelidade. E todo aquele que incentiva,direta ou indiretamente,uma separação,terá muito para harmonizar e a duras penar.
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Um motivo para viver
EspiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...