No dia seguinte,a caminho da casa de seus pais,Alexandre,que conversava com Raquel,foi interrompido por ela. - Alex! Olha meu irmão! Marcos caminhava pela calçada de uma rua num bairro vizinho. - Você me falou que ele havia mudado.Deve estar morando aqui perto. -Quer que eu pare. Raquel titubeou e ele parou. Decidido,saiu do automóvel e chamou num grito: - Marcos! Ele olhou assustado e logo reconheceu Alexandre,ficando incrédulo ao vê-lo.Caminhando na direção do carro,Marcos avistou Raquel,que descia do veículo.Alexandre contornou o carro, parou ao lado de Raquel ,que se guarnecia na porta do mesmo. Bem perto,Marcos parou e perguntou,temeroso: - Como vai Raquel. Quanto tempo. Lentamente ela saiu de trás da porta e foi para perto do irmão,dizendo. - Estou bem. E você. - Com a vida de sempre. - Voltando-se para Alexandre,Marcos perguntou: - E você,como está. O rapaz sorriu,estendeu-lhe a mão e ao ser correspondido,afirmou: - Bem. Vendo que o silêncio reinava,Alexandre decidiu perguntar: - A propósito,Marcos,você se mudou. Estive outro dia,onde moravam e uma vizinha me disse isso. - Alice não lhe deu o endereço. -Não - responderam juntos Raquel e Alexandre. Marcos ficou surpreso e tentou justificar. - Vai ver que é por você não trabalhar mais lá,Raquel. - Mais eu ainda estou lá - lembrou Alexandre. Marcos ficou pensativo e o rapaz advertiu: - Cuidado,Marcos.Os fatos são diferentes dos boatos. Nesse instante ,o irmão olhou de cima a baixo para Raquel e em tom ponderado de voz,perguntou baixinho: -Você não está grávida,não é. - Não - sussurrando ela constrangida. Alexandre,mais corajosos,esclareceu: - Sabe aquele carro verde-musgo que você viu levando a Raquel para casa.Era meu! Eu o troquei por esse de cor prata. Marcos abaixou a cabeça,envergonhado-se ao lembrar do que fizera com sua irmã,depois disse: - Olha,Alexandre,naquela época eu me vi tão envolvido pelas conversas da Alice que fiquei cego.Só depois de algum tempo comecei a raciocinar.Não sei dizer o me deu. - Não faz mal ,Marcos - disse Raquel,que ao tentar continuar foi interrompida por Alexandre. - Ah! Faz mal sim.Marcos ,eu estou sabendo que foram as conversas da Alice que colaboraram para demissão da Raquel. Não que eu me importe com isso,mas foram também as opiniões dela que fizeram você se separar da sua irmã,criando todo aquele clima ruim entre nós. - Alexandre... - Espere um pouco ,Raquel - pediu ele com educação,continuando em seguida: - Por isso não quero envenená-lo contra sua esposa,mas tome cuidado .Fique mais atento. Alexandre parou e decidiu não dizer mais nada. Marcos ficou pensativo e em silêncio e Raquel logo pediu: - Pode me dar o novo endereço. - Claro! Alexandre pegou um bloco de anotações e marcou o endereço e o telefone do serviço do irmão de Raquel,passando-lhe também o do seu apartamento. Ao se despedirem,Marcos abraçou a irmã meio sem jeito,com pouco afeto e nenhum carinho. Gentil,Alexandre ajudou Raquel a entrar no carro,fechando a porta e ao se despedir de Marcos,aproveitando os breves segundos que lhes restava ,lembrou de dizer: - Não se preocupe com ela.Enquanto eu viver,Raquel estará muito bem. Você não imagina como eu gosto da sua irmã. Marcos apertou-lhe a mão,sentindo a garganta ressequida e os olhos ardendo pelos sentimentos que afloraram. Ele não foi capaz de dizer nada a Alexandre que sorrindo,se virou e foi embora. Parado na calçada ,o irmão de Raquel ficou observando o carro sumir,resolvendo os pensamentos aflitos e desordenados. Enquanto seguiam,Alexandre ainda falou: - Fiquei com vontade de falar tanta coisa para o Marcos. - Não! Você não pode contar que viu a Alice com o...Ele vai matá-la! - Não é sobre isso.Queria falar-lhe sobre o destino e a vida. Raquel ficou em silêncio. Quando chegaram em frete á casa de seu pais,Alexandre se anunciou pelo interfone e ambos aguardavam ser atendido,quando uma voz chamou a atenção deles. - Alex! Raquel se voltou, e encarou Sandra sem dizer nada ,mas seu semblante sisudo exibia insatisfação ao vê-la. - Como você está - perguntou Sandra. Ele nada respondeu e virou-lhe a costas novamente. Raquel,que segurava em sua mãe,puxou-o levemente ,como que a repreendê-lo. Ela não sabia que se tratava de Sandra. Era uma moça alta,elegante,muito bonita e bem-vestida,parecendo um pouco abatida,mas de uma ótima aparência. Ela, esboçando um sorriso,contornou-se e se colocando-se á sua frente ,disse: - Alex,eu preciso muito falar com você. Ele pareceu nem vê-la e mais uma vez não disse nada. Raquel ficou sem jeito e sem saber o que fazer. O portão se abriu, e praticamente puxando Raquel consigo,Alexandre entrou quase atropelando a mãe. - O que é isso - perguntou dona Virgínia,antes de ver Sandra. Enquanto o filho seguiu sem olhar para trás,a mulher ,surpresa com a presença de Sandra,a encarou dizendo: - O que você quer. - Preciso falar com o Alexandre - respondeu ela séria e com voz branda. - Não. Não vai,não,filha.Creio que já chega.O Alex está bem e não precisa de mais nada.Agora ,com licença. - Dizendo isso,dona Virgínia fechou o portão e entrou. Dentro da casa,cumprimentando a todos,Alexandre já se sentia animado,parecendo não se importar com o que tinha acontecido. Todos alegres se confraternizavam muito bem fazendo com que Raquel,com seu jeito recatado,se acostumasse logo e se sentisse á vontade. Vez ou outra Raquel se intrigava ,olhando para Alexandre ,observando-o propositadamente,sentia algo que não sabia explicar e o achava estranho,sem saber o que era,pois o rapaz agia normal.Bem no final da tarde,Alexandre estava sentado no chão e brincando com seu sobrinho. Raquel nem prestava atenção na conversa que seguia entre Vilma e dona Virgínia,de quem estava bem próxima.Á distância,Raquel percebia que Alexandre empalidecera e ao vê-lo procurá-la com o olhar,ela se levantou ás pressas,assustando a todos quando correu para perto dele e o segurou antes que batesse a cabeça no chão. - Alexandre ! - gritou a moça em desespero,amparando-o nos braços. O senhor Claudionor e Walter imediatamente prestaram os primeiros socorros a Alexandre,que necessitou ser ressuscitado através de respiração e massagem cardíaca antes de ser levado para o hospital.
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Um motivo para viver
EspiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...