Os meses foram passando,Raquel e dona Virgínia se davam muito bem. Agora elas sempre estavam juntas. Rosana por sua vez,havia dito á mãe que Raquel poderia lhe ser como filha,amiga e companheira e estava sendo. A mulher se apegara muito á nora,que parecia também necessitar de seu carinho. A esposa de Alexandre ainda se recuperava da perda da amiga e do filho que esperava,dedicando-se a tarefas na Casa Espírita que frequentava.Ela sempre levava consigo dona Virgínia que passou a se integrar no trabalho de assistência social e sentia-se menos deprimida pela ausência da filha e recebia,nas palestras,conforto ao seu coração bondoso. Um dia,quando estavam no Centro Espírita arrumando,carinhosamente,uma bela embalagem de enxoval de bebê,dona Conceição,a se nhora que coordenava aquele trabalho ,aproximou com o semblante triste e Raquel,percebendo,perguntou: - O que foi,dona Conceição?A senhora está chateada? - É.Estou. - O que aconteceu? - perguntou-se a moça. Sem ter mais com quem falar e por se achar isenta de alternativas,a colega revelou,quase como um confissão: - Há dois meses,minha sobrinha sofreu uma violência sexual.Foi registrada a ocorrência e...Bem ,ela engravidou e o juiz deu permissão para o aborto.Minha irmã ,que é viúva,não entende o que eu venho lhe explicando e vai levar a menina para fazer o aborto. Hoje eu as trouxe aqui para a palestra da tarde.Elas estão lá no salão.Mas minha irmã está irredutível. Raquel,tomada de uma força incomum,pediu: - Posso ir falar com elas? Surpresa ,a mulher perguntou com modos simples: - Para que Raquel?O que você diria? A companheira ignorava detalhes sobre a vida de Raquel e esta falou: - Talvez eu possa ajudar. -Como filha? - Eu posso!Acredite! - afimrou com delicado sorriso. Pela insistência e convicção de Raquel,dona Conceição procurou um local apropriado e reservado ,deixando as três conversarem por longo tempo. Dona Virgínia,inquieta,ás vezes se preocupava.Curiosa com demora,dona Conceição não sabia o que fazer.Mais de uma hora depois,Raquel abriu a porta da sala onde estavam,estampando um largo sorriso. Mãe e filha saíram abraçdas e foram ao encontro de dona Conceição que,sem palavras,com os olhos lacrimeajando,olhou para Raquel sem saber o que dizer,pois entendeu que ambas aceitaram a criancinha que estava para chegar. A mãe da moça voltou,abraçou fortemente Raquel,beijou-lhe o rosto e se foi junto com a filha,após de despedir da irmã. Mais recomposta da emoção forte,dona Conceição procurou por Raquel e lhe perguntou: - O que foi que você disse a elas,Raquel? - Eu contei a minha hsitória e no final fiz uma pergunta. - Que hsitória,Raquel? Que pergunta? - Dona Conceição,no momento eu estou emocionada e não queria chorar mais.Se me permite vou resumir o que disse a elas. - Claro,filha.O que é? - A senhora conhece a minha filha,a Bruna? -Lógico! - Ela foi concebida num estupro. A mulher ficou paralisada e Raquel continuou: - Eu contei tudo como foi e as dificuldades que enfrentei,as misérias que vivi.Contudo, a minha vida atual não seria assim se eu não tivesse a Bruna,minha filha.Depois eu mostrei essa foto - disse ela,mostrando novamente a fotografia - e perguntei se hoje alguém teria coragem de esquartejar a minha menina só por causa do modo como ela foi concebida? Só por ela ser filha de um estupro não merece viver? Merece ser sacrificada? Esquartejada ou sufocada? Ainda aconselhei se,por acao não quiserem a criança,deixe-a encontrar uma família de verdade,mas dê-lhe uma chance ,pois foi isso o que Deus deu a cada um de nós. Ainda contei que hoje,a minha filha é minha maior alegria.Bruna é a razão da minha vida e a do Alexandre também. Ainda em choque,a mulher argumentou: - Raquel ,eu não sabia.Ela até parece com seu marido. - Mesmo não sendo pai biológico,ele é o pai de verdade.Sabe,dona Conceição,a Bruna é o motivo de eu ter o Alexandre ,que na minha vida,foi a maior benção,depois dela,que recebi de Deus. A mulher a abraçou com ccarinho e com lágrimas a correr-lhe pela face,beijou-lhe por várias vezes o rosto,que prendeu entre suas mãos. Após ela ir embora,dona Virgínia se mostrou insatisfeita e comentou: -Não deveria ter contado,Raquel. - Foi preciso ,dona Virgínia.Foi por uma boa causa.Sei que não devemos dar exemplos próprios,como esse,mas elas precisavam de um motivo... Confio em Deus. - E se elas contarem alguma coisa? -Pessoas dignas e que prezem não saem falando da vida dos outros. - E se falarem? - Se isso puder prejudicar minha filha,ou incomodar o Alex,posso mudar de Centro.Fiz o que tinha que fazer aqui posso continuar fazendo em outro lugar. A sogra olhou-a e sorriu ,reconhecendo a situação. No plano espiritual,terefiros que se mantêm despercibidos para os encarnados,observavam o momento. O espírito Rosana estava presente,e companhia de criaturas queridas. Após abraçar Raquel,envolveucom ternura sua mãe. Elas não a percebiam ,mas para Rosana,quanta emoção! - Mãe,obrigada por fazer meu corpo útil após o desencarne.Senti-me tão bem com o que fizeram . - dizia ela,mesmo sabendoo que nao seria ouvida pelas encarnadas. A amiga espiritual que sempre envolvia Alexandre em momentos oportunos,estava ai lado de Rosana,e satisfeita a informou: - Você sabia que todos os órgãos doados do seu antigo corpo foram proveitosos e sem rejeição para os receptores? Rosana espantou felicidade,mas não se pronunciou,e ela prosseguiu: - Suas vibrações bondosas e o merecimento de quem necessitava auxiliaram a harmonia dessa caridade oportuna,que não só foi uma caridade,mas também uma harmonização,você sabe. - Graças a Deus todos estãos bem. Logo se aproximou delas um espírito com sorriso expresso em harmonia que a chamou: - Rosana. Esta ficou na espera e olhando para aquele que aparentava um belo moço que ela nunca tinha visto,ou pelo menos não se lembrava,ele logo informou ,após ele cumprimentar sua companheira: - Estou á sua procura,minha querida.Amigos me disseram que estaria aqui. Não pude ir visitá-la antes porque tive de acompanhar entes queridos que estão encarnados. Agora soube que estava aqui e vim lhe agradecer. - Agradecer? - questionou Rosana ,sem entender. -Sim! - respondeu ele sorridente e trazendo um semblante harmonioso e feliz. - Vou reencarnar em breve e devo essa abençoada oportunidade a Deus e a você. - A mim?! -Lógico! - afirmou ele,ao pegar em suas mãos e completar: - O coração que lhe pulsou a vida toda no corpo físico hoje habita o peito da minha futura mãe. Consequentemente na próxima vida terrena,poderei dizer que terei um pedacinho de você. Surpresa,ela não sabia como reagir,e ele prosseguiu: - Enquanto eu tiver consciência,agradacerei a Deus a caridade de seus familiares e a sua bondade de um dia ter dito a eles sobre seu desapego á matéria fisíca e afirmando que não se importaria com a doação de seu órgãos.Isso foi o que mais levaram em conta para um ato tão corajosos,tão nobre e abençoado. Haverei logo de encontrá-la na próxima e... - Ele se deteve,emocionado,mas logo prosseguiu: - Saberei mesmo insconscientemente,que lhe devo a vida. Ele a envolveu num abraço fraterno,e beijando-lhe o rosto,falou: - Aodro você,Rosana.Obrigado por tudo.Sempre vou amá-la. - Não fiz nada - justificou ela emocionada e encabulada. - Ah! Fez sim.Ainda conversaremos a respeito.Agora quero que me perdoe,mas tenho que ir.Contudo,em poucos dias vou procurá-la para conversarmos mais.Prometo. Despedindo-se da companheira de Rosana,ele voltou o olhar para esta e foi se afastando com o sorriso constante a moldar o rosto feliz de indefinido sentimento elevado. Ele se foi e Rosana sentiu-se atortodada e ainda confusa ,perguntou: - Quem é ele? A bondosa compaheira ,satisfeita e feliz,revelou: - É uma criatura querida que há muito procurar ser feliz com você.É uma alma afim,que sempre esteve ao seu lado e nas duas últimas reencarnações suas,necessitaram se separar para refazimentos e harmonizações. Rosana ainda inebriada pela forte emoção,não sabia descrever o que experimentava naquele instante. Refletindo um pouco ,ela argumentou: - Que bom,nessa última vida terrena,pude ser útil a alguém,ou pelo menos,meu antigo corpo foi. - Não,minha querida,você não foi só útil aos outros ,você foi importante para si mesma.Sua conduta moral e seus feitos,que pareceram insignificantes,surtiram resultados maravilhosos a muito. Pensamentos bons,atitudes caridosas,vibrações de amor e ensinamentos nobres impregnam a tudo a todos,a começar da roupagem que utilizou. O desapego para com tudo o que lhe pertenceu resultou em sua rápida harmonização no plano esperitual. - Então,todas as pessoas deveriam doar seus órgãos,não é? - Não foi isso que eu disse. As pessoas devem ter ,acima de tudo,o seu direito de pensamento de ação.Se alguém que não esteja preparado solicitar que seus órgãos não sejam doados,acreditamos que seu direito deve ser respeitado.Mas não é por isso que essa mesma pessoas deixará de ser bem acolhida,de acordo com seu nível espiritual e moral,na espiritualidade,quando se der esse momento.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...