Os dias correram céleres. Tudo certo. Alice conseguiu o emprego tão desejado e, maravilhada com êxito,na primeira oportunidade procurou por Célia,avisando-a da novidade e agradecendo sua ajuda na conquista. - Obrigada,Célia! Obrigada mesmo! Se não fosse por você ! ... Quem diria que alguém como eu, que só poderia trabalhar como faxineira, e na minha idade ,poderia encontrar um emprego como esse? - É um grande magazine,Alice! Que sorte! Promotora de vendas deve ganhar bem! Você viu como simpatia funciona? - É mesmo, né menina! Agora preciso é dar um jeito no Marcos e no emprego dele. - Ah! Isso é fácil. Só que, para o Marcos firmar no emprego e para o chefe dele dar aumento,o melhor mesmo é ir num " lugar aí" que eu conheço, que é ótimo. Após ouvir a amiga e combinarem de ir ao " tal lugar",Alice foi pra casa e contou a cunhada o que ocorrera. - Então ,Raquel,foi depois dessa simpatia que apareceu essa oportunidade de emprego. Puxa, eu nunca tinha dado importância para o lado espiritual. Raquel ouvia atentamente Alice, mas ,no decorrer do relato,aquele tipo de assunto provocou-lhe uma sensação diferente, ruim. Uma amargura começou a vibrar em seus sentimentos,chegando a experimentar um verdadeiro mal-estar. Por um instante,Raquel acreditou que não foi a simpatia que ajudou Alice a arrumar um emprego,mas sim sua manifestação no desejo de ir trabalhar. Se ela soubesse que a cunhada gostaria de encontrar um ocupação ,já teria lhe arranjado um serviço bem antes. Ela temeu fazê-lo, pois acreditou que Alice reagiria dizendo que não havia pedido nada,ou que aquilo não era de sua conta. Mas logo, os pensamentos de Raquel se voltaram para a cunhada que lhe perguntava: - Então, Célia disse que tem um " lugar aí" que é ótimo. Sabe , Raquel, eu queria tanto ir lá, mas... Ir sozinha é tão ruim. Raquel, sem expressão alguma em seu semblante,porém um tanto apreensiva, aguardou pelo inevitável e indesejável convite que ocorreu. - Ah, Raquel,vamos comigo? Titubeando e não querendo magoar a cunhada que,nos últimos dias se mostrava mais amigável, Raquel respondeu: - Não sei não, Alice. Não gosto disso. - Já foi a algum " lugar" assim? - Não. Mas a ideia não me agrada. Sabe,fui criada na Igreja Católica e... Você sabe como minha família é ortodoxa. Não gosto dessas coisas. - Ah! Vamos, vai Raquel. Se a gente não gostar do " lugar",não voltamos mais e pronto. Diante do silêncio da cunhada,que não sabia impor sua vontade, Alice chantageou , dizendo: - Você é minha amiga ou não é? Se for,não vai me deixar ir lá sozinha. Raquel, com um sorriso forçado,acabou concordando. - Está bem. Mas só dessa vez,hein. Alice se contentou, mas sua cunhada não se sentia bem com tudo aquilo. No entanto,se quisesse vê-la satisfeita, teria de ceder aos seus caprichos.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...