Só que, aquele tipo chamativo de se apresentar passou a desagradar ao colega, que, mesmo sem demonstrar,entendeu que ele era alvo do comportamento evidente ao qual Rita se forçava. Em outros dias que se seguiram e houve novamente a oportunidade dos três se reunirem para uma refeição,como antes,Rita se colocava em destaque a fim de atrair a atenção do colega. Após alguns dias ,em uma manhã qualquer,Raquel estava triste e inquieta. Nada parecia dar certo. Ela estava quase chorando pela insatisfação com seu trabalho. Percebendo o que ocorria, Alexandre perguntou: Tudo bem , Raquel? Ela não conseguiu deter as lágrimas e, com a voz embargada,respondeu: -Não... Essa droga não quer dar certo. Alexandre,mais uma vez,empurrou -se em sua cadeira para perto de Raquel a fim de acompanhar algumas planilhas que estavam sobre sua mesa. A colega procurava secar as lágrimas e esconder o rosto rubro. Ao lado de Raquel, Alexandre passou a orientá-la sobre algumas anotações, e após algumas explicações... - Entendeu,Raquel? - insistiu ele. A moça não conseguia se concentrar. Novamente as lágrimas teimosas banhavam sua face agora rosada e ela reclamou com voz abafada: - Esse serviço é novo. Nunca fiz isso e... nem sei o que estou fazendo. Não entendo nada de fatura. Alexandre,paciente e gentil , procurou explicar todo o processo de exigências para aqueles cálculos e, ao ver Raquel ainda parecia alheia,convidou: - Vamos tomar um café,Raquel? - Não. Eu tenho que... - Desse jeito você não vai conseguir nada. Vamos lá! Vem! - insistiu o colega,girando-lhe a cadeira e amparando-lhe para que se levanta-se. Procurando esconder o rosto avermelhado pelo choro,Raquel atravessou a seção seguida por Alexandre.Ao chegarem a lanchonete,que funcionava em outro andar,ele a acomodou na pequena mesa,quase escondida em um canto e foi solicitar dois sucos. Raquel , muito envergonhada,ainda procurava esconder o lindo rosto meigo em meio aos cabelos sedosos, perfumados e brilhantes que lhe cobriam parcialmente a face. Alexandre sentou-se à sua frente e,apoiando os braços sobre a mesa,passou a fixar o olhar na moça que, de cabeça baixa,não o deixava ver seus olhos. O silêncio reinou por alguns minutos e Alexandre passou a preencher sua atenção na beleza física de Raquel. Apesar de já ter percebido isso antes, agora ele tinha a oportunidade de observá-la melhor sem ter que se preocupar com os demais. A simplicidade da jovem e sua meiguice ofereciam harmonia ainda maior aos seus delicados traços. Quando Alexandre se surpreendeu em plena admiração pela moça e sentiu-se atraído por ela, respirou fundo , ergueu-se e levantou-se,caminhando poucos passos até o balcão,para ver se o seu pedido já estava pronto. Alexandre passou as mãos pelos cabelos esfregando logo em seguida o rosto, procurando raciocinar: " O que está acontecendo?" perguntava ele a si mesmo em pensamento. " Não posso sentir isso. Já me decepcionei muito em relacionamentos antes anteriores.Sou experiente e não vou me deixar dominar. Quero ajudá-la,sim mas como seu amigo,nada mais.Admiro Raquel como pessoa.Não vou me deixar envolver. " Após pegar os dois copos,voltou para a mesa,onde Raquel estava mais recomposta de emoções. - Espero que goste. É suco de abacaxi. Ela concordou acenando com a cabeça e agradeceu em voz baixa: -Obrigada. Arrastando para perto de si o copo, Raquel ficou observando,deixando seus pensamentos vagarem. Não suportando o silêncio, Alexandre perguntou: - Não é só o serviço que a deixa inquieta e amargurada,não é Raquel? Ela ergueu os olhos tristes,que novamente se rasaram de lágrimas e afirmou positivamente. Alexandre a encarou e admirou em pensamento: " Como Raquel era linda! Como era terno seu olhar e generoso o seu semblante,mesmo quanto triste". E acompanhando os contornos,observou : " Que boca bonita." Rápido, surpreso consigo mesmo, ele procurou fugir daqueles pensamentos insistentes quase sacudiu a cabeça para afugentá-los. " Sou mais forte que isso." pensava ele. " Não vou me deixar levar por isso." Em seguida perguntou: - Seu problema é por estar na casa de seu irmão, não é? Creio que seja isso que a incomoda e a faz perder a atenção no que está fazendo. Com voz rouca, ela afirmou: - Sim, é isso.Eu preciso sair de lá. Acho que já estou acostumada a morar sozinha.
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Um motivo para viver
EspiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...