Agora,com a oportunidade de manifestar, Alice colocaria em suas palavras a insatisfação com ocorrido minutos antes. Ela poderia descontar naquela situação,através da imposição da voz,toda sua ira represada: - Quero que se mate! - gritou a mulher,estremecida de ódio. - Que morra de uma vez! Será um a menos a me dar trabalho! Marcos, sem dizer nada, saiu junto com Elói para ver o que estava acontecendo. Raquel, chocada com expressão da cunhada,respirou profundamente,levantou a cabeça e saiu logo atrás do irmão. Ela não queria ficar ali com Alice. Pouco tempo depois,Marcos adentrara em casa segurando o filho Nilson pelo braço e advertindo-o. - Nada justifica isso! Estou cansado de vê-lo rolando na rua como um animal. - Ele me xingou! ... Qual é? Quer que eu seja um covarde? - Vê se me respeita,moleque! - gritou Marcos furioso. Alice , que possuía o dom de interferir negativamente,opinou: - Quer que ele seja igual a você,Marcos? Engraçado,outro dia você disse que ele já ia fazer dezessete anos e que deveria arrumar um emprego e ir trabalhar. Agora o chama de moleque! Nesse instante,entre o casal,iniciou-se nova briga. Nilson, intrometendo-se, foi punido fisicamente pelo pai,que o mandou para o quarto. Raquel, em outro cômodo,permanecia em silêncio e aflição. Tendo em vista as atitudes dos encarnados,os pensamentos queixosos e críticos, o palavreado carregado de sentimentos inferiores,no plano espiritual daquele lar,espíritos sofredores,de baixo valor moral,se achegavam compatíveis com as vibrações criadas pelos moradores dali. Nesse instante,enquanto Marcos e Alice discutiam,eles possuíam verdadeiros aliados espirituais, tal qual um grupo de torcida que vibra a fim de incentivar seu escolhido. A falta de respeito mútuo, a ausência de paciência, o excesso de reclamações,a falta de fé em Deus e de prece deixam qualquer lar à mercê da desarmonia,do desequilíbrio e de irmãos que , na espiritualidade , se aproximavam e se instalaram nesses ambientes. São espíritos que ,ignorantes e até maldosos,passam a influenciar ,a envolver através de suas vibrações e até, muitas vezes,começam a incitar os encarnados às discórdias,aos conflitos, desejando que tragédias sejam concretizadas por eles. Esses espíritos,como já dissemos,ignorantes e sofredores,se comprazem com tais acontecimentos funestos. Logo na primeira noite na casa de seu irmão,Raquel não conseguiu dormir, passando a rolar de um lado para outro em busca do sono. Em vão. Ao se levantar pela manhã,tomou somente um xícara de café e se foi. Em seguida,Alice decidiu ir buscar pão para os filhos fazerem o desjejum e saiu reclamando: - Agora vou virar empregada dessa madame aí! Nem se incomodou em ir buscar o pão e só tomou café porque eu levantei cedo e fiz! Ao retornar, antes de entrar em sua casa,uma vizinha,à qual Alice confiava alguns particulares,cumprimentando-a: - Bom dia! - Oi, Célia. - Que cara! Aconteceu alguma coisa? Alice, desviando poucos passos de seu portão,parou diante de Célia, que parecia querer puxar conversa. - Só posso estar com essa cara,né? - Quem é aquela que eu vi saindo agora há pouco da sua casa? Você recebeu visita logo cedo? - Antes fosse visita. Essa é minha cunhada Raquel. Você não se lembra dela. - Hum! ... Parece que conheço mas.... - Pois é, Célia" quanto mais eu rezo,mais assombração me aparece". Estamos numa situação tão difícil,menina... Sabe, a Raquel veio morar com a gente para ajudar com despesas. - Mais uma boca! Ajudará de que jeito? - Ajudará pagando o aluguel. A primeira ideia foi mudarmos para a casa dela. Mas,de maneira nenhuma alguma eu poderia concordar com uma coisa dessas. Daí eu falei para o Marcos que,ela quisesse ajudar mesmo,ela que se mudasse para cá! E não é que o " diabo " veio mesmo! - relatava Alice,exibindo descontentamento e mau humor. - Mas ao menos eu estou na minha casa.Aqui mando eu! Qualquer coisa eu boto ela para correr! Ai, Célia,o que eu faço? - perguntou,agora voz chorosa. - Já disse,mas você não acredita em simpatias - advertiu Célia. - Se você me ensinar uma simpatia para arrumar emprego e,se der certo,eu acredito - admitiu Alice desalentada. - Para você arrumar emprego?!
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...