Sentando-se no lugar indicado,trazendo as mãos geladas e molhadas de suor,Raquel exibia nítido nervosismo ao torcê-las. - Calma,filha. Não precisa ficar assim - pediu dona Virgínia observando sua aflição. - Só quero entender o que está acontecendo dar a minha opinião. Eu estou precoupada com o Alexandre,Raquel. Não só com o que aconteceu hoje,mas também com tudo o que vem ocorrendo utimamente.Gostaria que você se colocasse em meu lugar e procurasse me entender. - Eu a entendo ,dona Virgínia.Aliás ,gostaria de já ter conversado com a senhora há mais tempo. Não quero que pense mal de mim. - Então vamos lá.Primeiro,quero saber se vocês brigaram ontem? - Não exatamente.Eu estava chateada com algumas coissas qe andam ocorrendo no serviço - explicou com sua voz suave e temerosa. - Alexandre deve ter contado que estou morando aqui de favor e temporiamente.Se algo der errado agora eu for demitida,não sei o que vou fazer.Quero deixar esse apartamento o quanto antes.Então,ontem falávamos que não... falávamos de coisas assim.Ele ficou chateado.Depois disso,tomou banho,se arrumou e disse que não o esperasse.Perguntei se queria jantar,mas ele disse que não.Fiquei nervosa,magoada.Após ele sair,passou muito tempo e eu dormi. Acordei depois,quando ele chegou e... - E o quê? - Eu me assustei e o achei meio esquisito.Frio com as palavras e com as atitudes.- Após alguns segundos,ela revelou sempre educada e tímida: - Acho que senti cheiro de bebida.Perguntei se queria comer alguma coisa,mas ele disse que estava fazendo um lanche. Na verdade,depois disso,não dormi direito.Pela manhã eu levantei e vi que ele nem tinha comido todo o lanche que fez. - O que ele comeu aqui? - Um sanduíche de queijo e presunto.Deu uma ou duas mordidas e largou. Achei o resto aqui em cima da pia. Ele nem jogou fora.Quando achei que ele estava demorando muito para levantar ,fui ver o que havia acontecido,por que comecei a ficar preocupada,ele costuma levantar cedo sempre.Foi isso o que aconteceu. Após ouvir a história,a mulher ficou em silêncio por algum tempo e observando o nervosismo de Raquel. Pouco depois,ela perguntou: - Vocês estão juntos há alguns meses.O Alexandre,nesse tempo,costuma sair assim sem dizer aonde vai e voltar de madrugada? - Não. Ele nunca havia feito isso antes? -Olha,filha - disse a mulher,respirando profundamente -,eu não sei direito como vocês estão se relacionando... Interrompendo-a,Raquel avisou com modos simples e educado,a fim de se defender: - Não temos nada,dona Virgínia.Infelizmente eu estou necessitando de um lugar para morar. Passei e passo por uma situação difícil e o seu filho está me ajudando.Mas nós não temos nada.O Alexandre e um grande amigo,me respeita muito.Eu o respeito também.Ontem,foi a primeira vez que saiu e voltou de madrugada.Não me cabe perguntar onde ele vai ou de onde veio.Não sou nada dele para fazer isso. Enquanto vivo aqui,procuro cozinhar ,arrumar ,contribuindo ,com o que posso e da melhor maneira possível. - Sentindo-se ofedendida na dignidade,denfendeu-se ao desfechar: - Sou grata ao Alexandre,mas não me vendo em troca de nada. - Espere menina - reclamou a mãe de Alexandre,quase ofendida. - Eu não dissse isso. Você nem me deixou terminar. - Então me desculpe - pediu Raquel,abaixando o olhar. - Sabe o que é,últimos tempos só encontro pessoas que me julgam erroneamente e não conseguem acreditar,em uma grande amizade entre um homem e uma mulher sem algo mais,não acreditando que uma pessoa pode ajudar a outra sem interesse. - Mas,Raquel,você há de convir comigo que é difícil vermos um rapaz jovem e bonito,estabilizado,colocar dentro de sua casa ,onde mora sozinho,uma moça ,também jovem e bonita ,sem que haja nada entre eles. - Dona Virgínia... - Por favor,Raquel... - pediu a mulher ,com gesto singular,fazendo-a esperar. Levantando-se em seguida,continuou : - Não quero que me prove nada,mas gostaria de entender,se possível.Vou ser sincera,não vejo com bons olhos esse realcionamento,principalmente leo fato de você ter surgido repentinamente no apartamento do meu filho.Nunca ouvi o Alex falar de você.Não sei se antes vocês se conheceram o suficiente ou se namoraram. Contudo,nessas alturas dos acontecimentos,isso não me importa mais. Entretanto Raquel,ninguém pode me impedir de zelar pela segurnça e pelo bem-estar do meu filho. Meu Alex já passou por sérios problemas.Não quero v~e-lo sofrer novamente. Meu filho nunca teve que sair há noite e sem jantar para fugir de algum problema que não quisesse encarar,voltando só de madrugada. Se ele fez isso é porque aconteceu algo. Se você Raquelnão é um problema na vida do Alexandre,seja uma solução. Olhando-a bem nos olhos,dona Virgínia quase a intimidou: - Trate bem o meu filho,por favor. Se você o respeita ,seo considera por tudo o que vem fazendo e ajudando ,faça-o feliz. É o mínimo que ele merece. Após dizer isso,dona Virgínia deizou Raquel sozinha. Amoça sentia-se ofendida e humilhada.Ela não poderia tirar a razão daquela mãe,principalmente pelo fato da mesma ignorar o que estava acontecendo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um motivo para viver
SpiritüelRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...