Mais tarde,em seu apartamento,Alexandre dizia para a esposa: - Vamos,Raquel.Sua mãe ficará feliz! Ela,pensativa,não se decidia. Com jeitinho o marido insistiu,dizendo: - Podemos fazer uma surpresa e chegar lá sem avisar. O que você acha? Raquel,olhando-o com expressão sentida,acabou revelando: - Daquele lugar tenho péssimas recordações.Não sei se consigo voltar lá. Temo encontrar aqueles que não quero ver. Fico pensando em como os meus irmãos vão me receber,afinal de contas,eles nem para me escrever ,não é? - Eu estarei ao seu lado todo o tempo,se aquele lugar lhe traz péssiams recordações,eu estarei lá para as boas lembranças.Suere esse medo,Raquel! Lembre-se que você vai lá para ver sua mãe.- Alexandre pensou e decidiu comentar: - Sabe,Raquel,como eu conversei outro dia com o doutor Bernardo,o psicólogo,eu penso que,mesmo dizendo que não,lá no fundo,você precisa conversar com sua mãe e dizer a ela... Sei lá... Algo que não ficou esclarecido entre vocês duas.-Nesse instante,o marido se aproximou e falou e com voz baixa: - Seu problema,Raquel,não é o de não me aceitar.Você me aceita,mas sua dificuldade é o conta é o carinho.Como já conversamos ninguém podia chegar perto de você,msmo não oferecendo perigo,Lembra? Talvez,por não ter recebido um toque carinhoso,um afago fraterno nem atenção de seus pais,e depois com tudo aquilo que aconteceu,refiro-me á violência que sofreu,além de ter descoberto que ele era seu pai e... o desprezo de seus irmãos e a brutalidade e seu avô... - Percebendo-a atenta,mas em silêncio,Alexandre prosseguiu generoso: - Isso tudo a afastou das pessoas e foi o que gerou seu medo. E o pior é que você não sabe receber um carinho porque nunca soube o que é isso.Você nunca reclamou porque aprendeu errado e achou que deveria ser daquele jeito. Lembro-me que estranhou como eu e minhas irmãs nos abraçamos,nos beijamos e brincamos,enquanto que seus irmãos a desprezou. Você acha que sexo é dor,violência,é algo brutal,em vez de acreditar que ato sexual,que a relação íntima entre duas pessoas,é confiança ,é amor,troca de carinho com quem se ama,troca de energia espirituais entre almas afins. Por isso sempre te falei para não se envergonhar e me pedir que pare,mas me guie,me conduza ao que quer que eu faça,se permita ,meu amor. Quanto a sua família,você deve pensar,Raquel,que seu pais verdadeiro foi o senhor Cazimiro,que realmente a tratou como filha.E que sua mãe era uma pessoa amendorntada,mas a quem você deveria exigir seus direitos e apoio. O medo impera em você por sua timidez.Há uma passagem no Evangelho que diz " o mal impera porque os bons são tímidos". Tudo o que aprendemos com a Doutrina Espírita resume-se no perdão e na caridade e primeira caridade,no seu caso,é a cridade para com você mesma. Perdoe-se,não se culpe por ser bonita,por atrair a atenção dos outros. Orgulhe-se da moral que tem,pois teria sido fácil você se desvalorizar,se corromper e andar com um ou outro por cusa de tudo o que te aconteceu. Você tem muita elevação,meu amor.Perdoe-me primeiro,permita-se a ser feliz,vena um medo de cada vez,reivindique seus direitos e perdoe os que não respeitaram a sua vontade. Raquel o encarou e admitiu: - Meus sentimentos se confundem quando penso nele. - Nele quem,Raquel? - perguntou Alexandre,para fazê-la vencer-se. Demorando alguns segundos para responder ,Raquel titubeoou ,mas por fim falou,mesmo com voz trêmula. - Fico cnfusa quando penso no meu tio Ladislau.Sabendo que perdeu as filhas e a mulher está desequilibrada... Chego a ficar com dó dele. entende? O sliêncio reinou. Raramente Raquel falava daquele assunto delicado e doloros sem chorar,e nunca havia pronunciado de forma srena o nome do seu agressor. - Raquel,vem cá,sente-se aqui - chamou o marido ,puxando-a para um abraço e sentando-se a seu lado,falou: - Perdoar a ponto de dizer que fará tudo por aquele homem,talvez você não consiga.Seria hipocrisia admitir isso agora. Mas eu penso que ter coragem para olhá-lo,se tiver oportunidade,encará-lo sem fugir,sem emdo,tentando não ter rancor,isso talvez a fça se sentir mais forte,mais firme.Talvez seja essa a maneira de vencer o que a vem atormentado. - Sabe,Alex,pode parecer estranho ,ms eu não posso dizer que,algum dia eu quis que ele morresse ou que sofresse o que me fez sofrer. Foi bom termos encontrado um psicólogo espírita,por que penso que outro acharia esquisita essa revelação.Eu não o odeio,mas vivo o pânico do que sofri. - Se você não o oeidaé poruqe tem um coração maravilhoso,bom.Por que você é um espírito elevado,ciente dos propósitos dessa existência,dos trabalhos que vem abraçando. - Mas acontece que ainda vivo aquela agressão,sinto... - Após pequena pausa,comentou: -Eu não lembro do rosto dele.É estranho,não é? - Não.Não é - afirmou o marido,olhando-a atento,mas com o coração apertado por ouvi-la relatar. - Eu amo você,adoro quando me afaga,desejo seu toque,mas quando nossa troca de carinho fica mais intensa,eu não suporto...vivo aquele momento violento.É como se tudo aquilo estivesse acontecendo.Aí fico magoada comigo por eu não correspeonder a você tudo o que merece e pelo que eu desejo também.Queria poder esquecer tudo,mas não consigo.Ainda me dói muito. Como eu dissenão tenho ódio dele nem me lembro de como ele era,isso se apagou. Talvez pelo conhecimento cristão que tenho hoje sinto pena dele. - Mas também não quer encará-lo? - Tenho medo. Generoso e paciente ,ele perguntou: - Medo do que,meu amor? Quem sabe vncendo esse medo... - Não sei bem o que temo. Voltar aquele lugar,percorrer aquela estrada poeirenta... só vou recrdar o desprezo de minha mãe,meus parentes...Talvez recordar ,ainda mais,a violência que sofri. Naqueles sonhos horríveis eu via isso,eu via aquele lugar e ele me atacando.Depois,algumas vezes ,os pocos sonhos que ocorreram eram os mesmos,mas de repente,era a Bruna quem estava sendo levada para aqueles maus-tratos. - Estarei com vocês.Isso não ai acontecer.Eu não vou deixar. - Eu sei,mas também não sei como iria encará-lo,se for preciso.Não imagino o que posso sentir.Não sei se tenho coragem. Quero ver minha mãe,mas se para isso tiver que encontrá-lo... - Você tem mágoa dele,Raquel? - Mágoa,sim. ódio,não. - E se você tranferir essa mágoa para um sentimento de piedade,principalmente pelo fato saber como ele está hoje,isso seria bom. Eu não creio que ele esteja sofrendo a invalidez pelo a que fez sofrer. Essa experiência é pela própria imprud~encia,nessa vida com o que fazia. Raquel com um semblante tristonho,lembrou: - De repente sofri o que fiz alguém sofrer. - Pensar nisso é viver a lei de Talião: " Olho por olho,dente por dente". Isso é ridículo. Você vai me dizer que Jesus sofreu porque precisava? - Não.Jesus é diferente! - Raquel,pense bemse os homens daquela época fizeram um espírito como Jesus sofrer indevidamente,o que a criatura humana não fez e faz a um espírito comum que ainda tem coisas para harmonizar!Se ficarmos acreditando que alguém passa por uma dificuldade porque precisa sofrer aquilo,deixaremos de ter compaixão e de praticar a caridade. Existe a " Lei de causa e efeito",sim. Mas existe também o livre-arbítrio de muitos interferindo na tranquilidade dos outros. Você não pode ficar pensando que sofreu isso ou aquilo porque merecia,pense que sofreu algo para ficar mais firme nos seus propósitos.Não somos espíritos inocentes,temos conhecimento. A esposa silenciou e Alexandre completou: - Talvez indo lá,encarando-o,se for preciso,sem exibir sentimentos de ódio,de rancor,e sim de misericórdia e piedade,você o estará perdoando e ensinando,fazendo-o refletir. Creio que mostrará a si mesma que conseguiu vencer. Ele se calou. A esposa o abraçou forte,beijou-lhe e perguntou: - Ficará comigo? - Sempre! Sempre,meu amor! Naquele instante o casal envolvido or amigos espirituais que os vinham ajudando a vencer os desafios,sentir paz e encontrar no diálogo amigo a harmonia necessária para o ganho do entendimento para a evolução. Os conhecimentos da Doutrina Espírita lhes chegavam como bençãos ao ensinar o perdão e a caridade incondicional.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...