- Algum problema, senhor? Alexandre,que esfregava o rosto e passava as mãos pelos cabelos,estava parado na frente de Raquel sem saber o que fazer.Nesse instante,ele voltou-se ao homem que aguardava uma resposta e justificou: - Eu não sei o que está acontecendo.Estávamos trabalhando e passamos do horário .Não têm mais condução há essa hora e.... E ela não pode ir embora sozinha.Quero levá-la e ela não aceita. O homem parou,ficou olhando para Raquel, que chorava. Por fim opinou: - Será que ela chorando por causa do marido, que pode ficar bravo? - E voltando-se para Raquel, ele tentou consolá-la : - É comum o pessoal ficar aqui trabalhando até bem mais tarde.Tem gente que passa a madrugada aqui até amanhecer. Não fique assim. - Não é isso. Ela não tem marido - respondeu Alexandre ,que em seguida pediu: - Olha,está tudo bem. Isso é emocional.Vou conversar mais um pouco com ela e ver o que consigo, certo? O segurança não disse nada e ficou olhando para a moça,que só chorava. - Pode nos dar licença? - Claro. Eu estarei ali e.. Qualquer coisa... - Ótimo.Obrigado. Com a distância do segurança,Alexandre viu-se mais há vontade.Puxando uma cadeira,sentou-se diante de Raquel,ficou em silêncio aguardando alguns instantes,enquanto refletia sobre o que poderia estar acontecendo com moça. Alexandre,com carinho,tentou pegar as mãos de Raquel,que estavam cobrindo o próprio rosto e colocar entre as suas. Houve uma reação imediata,quase agressiva, quando ela negou firme: - Não! - Tudo bem. Não precisa ficar assim. Alexandre ficou nervoso. Levantou-se e andou de um lado para outro. " Isso não é normal." pensava ele. " Mas o que está acontecendo?" Naquele instante,sentia um grande desejo de acalma-lá, enternecê-la, abraçá-la,mas não podia.Raquel de meiga,passava a ser agressiva quando ele tentava tocá-la. Alguns minutos se passaram e ela parou de chorar e olhava fixamente para o chão. Aproximando-se,Alexandre sentou-se à sua frente e procurou encará-la. Com muita calma, usando ternura na voz,ele falou: - Raquel, preste atenção.Eu não tenho ideia alguma do que está acontecendo com você.Não posso entender essa reação.Talvez seja algo muito pessoal. Se você não falar,tudo bem,eu a respeito. Mas veja, não podemos ficar aqui até amanhecer. É incabível. Ao mesmo tempo,eu não posso deixar você ir embora sozinha,correndo riscos que só Deus sabe. Eu vou levá-la para casa, certo? - Não. Alexandre,sem deixar transparecer o seu nervosismo,pensou:
" Oh,Deus! Vai começar tudo de novo.Ajude-me!" Respirando fundo,sem demostrar seu descontamento,ele insistiu generoso: - Vou levá-la sim. Confie em mim.Está tudo bem. No trajeto para sua residência,ela não disse uma única palavra a não ser para indicar o caminho e, às vezes,chorava tentando esconder o rosto. Ao estacionar o veículo na frente da casa de Marcos,Alexandre ficou assustado com rapidez com que Raquel desceu do seu carro. - Hei,Raquel? -disse ele, saindo às pressas e alcançando- a no portão. Ela voltou-se e agradeceu: - Obrigada.E,por favor ,me desculpe. - Espere - pediu ao se aproximar. - Você está bem? Envergonhada,Raquel admitiu,ao abaixar a cabeça e esconder o olhar. - Sim. Estou. - Não precisava ter ficado tão nervosa.Viu? Está tudo bem. Eu disse que poderia confiar em mim. - Desculpe-me. Alexandre esboçou um agradável sorriso e disse: - Não tem pelo que se desculpar. Mas,sabe.... Puxa Raquel,você me assustou. - Ao vê-la sem jeito,ele afirmou: - É muito bom conversar com você. Mas é ali,naquela situação,eu não sabia como reagir. Perdoe-me se fui um pouco duro com você. Mas eu não podia deixá-la ir embora há essa hora sozinha.Espero que entenda que visava sua segurança. Ela não disse nada e ele desfechou: - Agora entre,vai. Eu fico olhando. Raquel agradeceu novamente e ele ficou observando-a entrar em casa. De volta ao seu apartamento,Alexandre ficou inquieto.Tomou um banho e deitou,mas não conseguia dormir. " Raquel agiu de modo muito estranho.O que a fez agir assim?" pensava. " Vagner falou que havia chegado nela,será que ele tentou algo? Crápula! O que será que houve?" Em dado momento,Alexandre falou sozinho e em voz alta: - Chega! Já me envolvi demais. Não vou e não quero me meter na vida de ninguém. Após dizer isso,ele se levantou e, já que não conseguia conciliar o sono,foi para a sala,ligou a televisão e ficou procurando algum filme para se distrair.
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Um motivo para viver
SpiritualRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...