Dificuldade iminente 1

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Era início de noite e Raquel,após chegar do serviço,como de costume,realizava suas atividades habituais,preparando o jantar e arrumando alguns detalhes de sua simples casa.
De repente,a jovem teve sua atenção voltava para a voz que,diante do portão gritava seu nome.
- Ah! Marcos! - reconheceu rapidamente e foi recebê-lo com um belo sorriso estampado no rosto.
Para Raquel a visita de seu irmão era uma situação comum,muito corriqueira. Entretanto,após entrarem na casa,antes mesmo de Marcos se acomodar em uma cadeira que puxara,Raquel teve a certeza de perceber que uma tristeza indefinível,mesclada de melancolia e preocupação,emoldurava a face de seu irmão,anuviando seu sorriso.
Sem questionar sobre o que o incomodava,Raquel serviu-lhe um café, serviu-se também e escolheu uma cadeira,sentando-se próxima a ele de modo a te-lo diante de si.
- E lá na empresa,Raquel,como está?
- Tudo bem- ela afirmou,com modos simples. - É a rotina de sempre.
- Não posso dizer o mesmo.
Fixando o olhar em seu irmão,serenamente ela aguardou que Marcos continuasse,o que ocorreu após breve intervalo.
- Nos últimos dias nem estou conseguindo dormir. Estão mandando muita gente embora. Cada dia é um. Vivo em constante pesadelo,pois,a cada manhã,penso que serei o próximo.
O pobre homem tinha lágrimas nos olhos e contava tudo com a voz trêmula.
Após ligeira pausa,Marcos continuou:
- Como se não bastasse,lá em casa está um inferno. - Encarando a irmã ligeiramente e tomando suas mãos,ele pediu: Desculpe-me,Raquel. Acho que você está cansada de ouvir reclamações da Alice.
- Você só está desabafando,Marcos. Eu entendo. Afinal de contas,se você não falar comigo,vai conversar com quem? - argumentou a moça tentando consola-lo.
Marcos,por sua vez,largou as mãos de Raquel,tornou a pegar a xícara com café e, após ingerir mais um pouco da bebida,continuou comentando exibindo tristeza em seu tom de voz.
- Meu casamento com Alice foi um erro. Você bem sabe. Ela é geniosa, exigente,orgulhosa. É terrível conviver com ela. Nos últimos tempos vem se queixando das condições em que vivemos,reclama da falta de dinheiro, de luxo,de riqueza. Só que,não move uma palha para me ajudar.
Em defesa de Alice,para procurar amenizar os sentimentos do irmão,Raquel expôs-se favorável a cunhada .
- Mas Alice cuida bem da casa e dos meninos. Ela é muito caprichosa,Marcos. Isso você não pode negar.
- Caprichosa com a casa,sim. Isso ela sempre foi. Mas, com os meninos,ultimamente está deixando a desejar. Alice vive brigando com eles, gritando,xingando..... Não há coisa pior do chegarmos em casa e depararmos com uma mulher nervosa,irritada,reclamando de tudo. Estou saturado,Raquel. Só quero ver hoje,quando chegar.
- O que tem "hoje"?
- O nosso aluguel subiu. Não teremos como pagar. Não tive aumento de salário e ainda corro risco de ficar desempregado. Como se não bastasse essa situação crítica,ainda terei que ficar ouvindo os gritos da Alice.
- O que você vai fazer,Marcos?
- Não sei. Há tempos não compramos roupas,não passeamos,ultimamente comemos mal e agora não terei como pagar o aluguel.
- E se mudarem para uma casa menor e em outro bairro? Talvez o aluguel seja mais baixo.
- Não tenho dinheiro para pagar o depósito do aluguel. Além disso, Alice vai se revoltar mais do que já está. - Após ligeiros segundos de silêncio ele completou: - Se não fosse por meus filhos.....
Raquel se preocupou. Levantando-se,caminhou vagarosamente pela cozinha,recordando a ajuda que recebera daquele irmão em um período muito crítico de sua vida.

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