Mais tarde,o casal chegou á casa de Marcos,que se sentia constrangido ,vez ou outra,pois se recordava do passado,quando a ofendeu. O marido de Raquel mostrava-se á vontade sem se importar com o que tinha acontecido entre eles. Raquel parecia iluminar-se ao saber notícias de sua mãe,porém ficou triste ao tomar conhecimento da morte do pai e da avó. - A mãe também disse que o avô está numa cadeira de rodas.Ele não anda e nem fala .Você leu aí,né - perguntou o irmão. - E quem está tomando conta dos negócios. - perguntou Alexandre. - Deve ser meus irmãos,Pedro e Tadeu,junto com nosso tio,eu acho.Minha mãe não entrou em detalhes - respondeu Marcos. Raquel ficou contente em ter notícias de sua mãe. Ela jamais a condenara,julgando-a culpada por tudo o que lhe ocorrera. - Raquel - chamou o irmão informado -,eu escrevi respondendo a ela que você estava muito bem. Disse que as melhores novidades você mesma contaria. - Você não contou que nos casamos! - admirou-se Alexandre. - E tirar esse prazer de vocês.Lógico que não! - Virando-se para a irmã,perguntou: - Você vai escrever para ela,não vai. Quem sabe até mandar foto. - Claro! - concordou Raquel. - Sempre quis fazer isso,mas,por não termos notícias dela pensei,assim como você,que a mãe não queria mais saber de mim. - Não é verdade,Raquel - disse o esposo. - O Marcos já explicou que as correspondência foram desviadas. - É,agora eu sei. Eu vou escrever sim,e mandarei foto - animou-se Raquel. - Raquel - disse Marcos-, a mãe pergunta sobre a ...- O irmão de Raquel deteve as palavras porque a presença do cunhado o inibiu. Alexandre entendeu o que seria perguntado e para demonstrar que o assunto não o incomodava,fez questão de assumir ao dizer: - Então dona Tereza se interessou em saber sobre a Bruna! Que bom saber disso! Assim que tivermos uma foto com a nossa filha,eu mesmo faço questão de escrever e enviar para ela. Surpreso,Marcos olhou para a irmã,e Alexandre revelou: - Não sei se a Raquel lhe contou,mas já assumi a paternidade da Bruna. O cunhado ficou perplexo,ele não sabia que Alexandre chegaria a tanto. A chegada de Elói,muito animado,chamou a atenção de todos,que o cumprimentaram com satisfação.Empolgado, o rapazinho se interessou: - Aquele carro lá fora é seu. - É . confirmou o marido de Raquel com simplicidade. - Puxa! Que legal! É um carrão,né. Compreendendo a carência do adolescente,misto á curiosidade natural,e percebendo que deveria deixar os irmãos conversarem mais á vontade ,Alexandre convidou: - Quer dar uma volta! - Sério! - Vamos lá! - convidou Alexandre levantando-se. Ao se ver a sós co a irmã,Marcos admitiu: Você não imagina, Raquel,como eu estou feliz em vê-la com alguém tão íntegro como o Alexandre.Eu não poderia imaginar que houvesse alguém assim. Até a menina ele assumiu como se... Raquel abaixou a cabeça e Marcos argumentou ainda: - Inclusive a família dele,que gente boa! Deu para perceber que eles gostam muito de você. Fez um ótimo casamento,Raquel! Ao reparar em sua irmã,Marcos a chorar. - O que foi,Raquel. Eu disse algo errado. - Não. Você não disse nada errado. - avisou secando as lágrimas. - Então por que você está assim. - preocupou-se o irmão. - Você não o ama. - Amo sim. Eu adoro o Alexandre,mas ele merecia alguém melhor,Marcos.Não sou mulher do Alexandre.Nunca fui.Não posso. O irmão ficou confuso e em choque. Ele se levantou e vagarosamente andou de um lado para outro da cozinha,depois se sentou ao lado dela e perguntou: - É por causa da violência que sofreu. Ela afirmou com um aceno de cabeça e Marcos,incrédulo,falou: - Raquel,isso não é verdade.Não pode ser.Diga que é mentira. Ela abaixou a cabeça e procurou secar as lágrimas teimosas que rolavam. - Raquel esse homem a ama! Ele tem feito tudo por você! Você não pode fazer essa barbaridade! - Eu sei! - afirmou ela quase num grito.E,com a voz embargada,continuou: - Não me torture mais.Eu sei disso.O Alexandre me tirou da rua,era de madrugada e eu estava numa praça cheia de travestis. Ele me levou para o seu apartamento,cuidou de mim,me deu sua cama para dormir,sempre me respeitou,me entendeu... Ele me ama tanto que até agora respeita meus limites,meus medos... Marcos se aproximou e abraçou a sua irmã,foi quando ela chorou mais ainda. Ele estava incrédulo,aquilo não poderia ser.Suspirando fundo e ainda sem aceitar,ele perguntou: - Como vocês se casaram.Como foi surgir essa ideia. Raquel se afastou do abraço e com o rosto rubro e as lágrimas correndo,ela o encarou e respondeu: - Alexandre ainda estava acamado,depois de sair do hospital.Ele disse que me ama a ponto de ser feliz somente por minha presença ao seu lado.Analisei tudo o que tem feito...Havia prometido que faria tudo por ele,tudo o que me pedisse,mas jamais imaginei que fosse me pedir isso.Eu não sei como aceitei! Fiquei atordoada na hora,vi o quanto ele gostava de mim e me respeitava,então concordei.Marcos! - exclamou ela em desespero. - Eu não sei como fui aceitar! Quando vi já estava casada! Eu amo o Alexandre,mas como é que posso fazê-lo feliz! - Calma,não fique assim.Vocês só têm uma semana de casados e... Ele deteve as palavras ,mas depois prosseguiu: - O Alexandre é um bom homem e eu acredito que tenha até se casado com você de caso pensado. - Como assim. - Casados,ele poderá se aproximar de você,entende. Conquistá-la.Poderão fazer uma terapia,sei lá. Mais calma,ela revelou: - Ás vezes parece que me esqueço,quero abraçá-lo... Porém,há momentos em não consigo me controlar,choro,entro em pânico. - Vocês estão dormindo em quartos separados. - Não. Na noite passado,eu até... Raquel contou o que se passou na noite anterior,quando o marido praticamente a intimou a ir dormir no quarto. - Ele me disse que só teria essa exigência como meu marido.Nada mais. Marcos não disse nada. Ele entendeu os planos do cunhado.O marido a estava conquistando,com certeza;fazendo os planos que se acostumasse com ele. Um barulho no porão os fez notar que Alexandre e Elói já haviam chegado. Ao entrar ,Alexandre se aproximou da esposa e afagando-lhe o ombro,perguntou,quase sussurrando: - Tudo bem. - Sim. Está - respondeu ela constrangida. Marcos olhava para o cunhado e o admirou como nunca fez com ninguém. Sem perceber que era observado,Alexandre se curvou ,beijou os cabelos da esposa e perguntou baixinho: - Vamos. - Vamos,sim - aceitou levantando-se. - Não! Fiquem para almoçar aqui. - Oh, Marcos,agradeço muito - respondeu Alexandre -,mas é que já fiz alguns planos para hoje á tarde. Sabe,fiquei muitos dias sem sair de casa por causa do problema cardíaco,depois fomos viajar.Eu queria dar uma volta pela cidade,pegar um cinema.Fica para outro dia. Raquel lembrou e interrompeu-os dizendo: - Na próxima semana irei ver a Bruna. - Iremos - corrigiu Alexandre,sorrindo. - Estou com tanto medo - ela revelou com certa timidez. - Eu não! - avisou Alexandre. - Estou ansioso.Não vejo a hora. - Estou torcendo por vocês! - afirmou Marcos,satisfeito. - Vai dar tudo certo. Raquel se despediu do irmão e foi á procura do sobrinho para dizer adeus. Nos poucos minutos que ficou a sós com o cunhado,Marcos aproximou-se e deu-lhe um forte abraço,que durou algum tempo,e disse: - Obrigado.Parabéns por você ser assim.É difícil encontrar alguém tão digno,Alexandre. - Eu! - respondeu o rapaz,sem entender do que se tratava. -Sim.Obrigado por tudo o que fez e está fazendo por minha irmã. Alexandre sorriu e sem se constranger afirmou: -Eu adoro a sua irmã,Marcos.Eu disse a você que cuidaria dela.Faço tudo pela Raquel. - Estou vendo. Alexandre desconfiou que a Raquel deveria ter contado algo ao irmão. Ele chegou a essa conclusão não só pelo comportamento do cunhado naquele instante,mas também por ter visto sua mulher com rosto vermelho,como quem tivesse chorado. Raquel retornou e disse: - Vamos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um motivo para viver
DuchoweRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...