Mais de quinze dias depois da internação do filho,o pai de Alexandre,que havia sido chamado para ir conversar com o médico,trouxe a seguinte notícia para casa: - O Alex vai precisar implantar um marca-passo. - Meu Deus! - preocupou-se a mãe assustada. - Eu sei que para nós é preocupante,Virgínia,não há como ignorar e não ficaram aflitos,mas hoje em dia isso é coisa simples. O cardiologista me disse o seguinte:quando todas as precauções e manutenções com medicamentos e hábitos de vida se revelam insuficientes para a cardiopatia ,que aponta a insuficiência cardíaca,é necessário que se estimule o coração eletricamente.Para isso eles vão implantar esse dispositivo,o marca-passo,ou sob a pele do tórax ou na axila. Esse aparelhinho,vamos chamar assim,tem uma bateria que é conectada a eletrodos que se dirigem ao coração. Creio que o Alex fará essa pequena cirurgia,para o implante,em pouco tempo,por isso ainda ficará no hospital por mais alguns dias. Segundo os médicos,depois disso: vida e normal! Sem aguardar muito tempo,o senhor Claudionor,após ouvir os pequenos comentários que se fizeram e depois de responder a algumas perguntas,verificando que elas estavam conformadas pediu: - Raquel,vem comigo até o escritório. Preciso falar com você. Temerosa,a moça o seguiu: Após entrarem na sala espaçosa,ele fechou a porta e pediu gentil: - Sente-se por favor. Ela assim o fez e o senhor Claudionor,após recostar-se na mesa,quase se setando sobre ela ,prosseguiu: - Raquel,eu a chamei aqui porque tomei liberdade de expor a sua situação e a da sua filha a um advogado muito amigo e que trabalha em minha empresa há anos. Hoje mesmo eu conversei com o Alex no hospital e ele me reforçou o pedido de atenção e algumas providências para seu caso. Ao advogado,expliquei o que pude sobre sua filhinha,mas ele precisa de maiores detalhes para as primeiras investigações e levantamentos,a fim de dar início a um processo judicial de acordo com a sua vontade,é claro! Raquel ficou paralisada.Ela não esperava por aquilo. - O que você acha,Raquel.Pretende procurar por sua filha. - perguntou o pai de Alexandre muito ligeiro. Nervosa ela respondeu,ofegante: - Quero,sim.mas estou com tanto medo. O homem contornou a mesa,sentou-se e ficando diante dela,fitou-a nos olhos e esclareceu: - O problema maior,ou seja,minha preocupação maior é se a Bruna Maria já tiver sido adotada por alguém. Poderemos entrar com uma ação e é bem provável que você ganhe,mas como arrancaremos essa criança dos braços dos pais. Apreensiva e com voz lamentosa,tetando arranjar argumentos em sua defesa,Raquel falou: - Eu sou a mãe dela.Tenho direito. - Eu sei,filha - respondeu o homem calmo e generoso. - Mas,para ela,você ainda é uma estranha. - Para fazer o que fiz tive graves motivos - esclareceu Raquel,com a voz piedosa e trêmula,quase chorando. - Eu não tiro a sua razão,Raquel. Mas Bruna nunca a viu e não sabe nada disso.Aliás,creio que jamais deverá saber. Raquel pensou e pediu-lhe ajuda. - O que o senhor acha que devo fazer. O pai de Alexandre refletiu e recomendou: - No seu lugar,eu solicitaria as investigações que vão levantar e descobrir onde está a menina e qual a sua vida atual. Se Bruna já tiver uma boa família que lhe ofereça bons princípios,por amor a ela,eu acho que você não deveria aparecer em sua vida. Raquel engoliu a seco e encheu os olhos lágrimas ,ao deparar com a opinião que pediu. E ele ainda falou: - Um dos meus três filhos não tem meu sangue,mas eu não sei lhe dizer qual de tanto que os amo. Se me ocorresse de alguém,um dia ,pleiteá-lo ,eu morreria ,Raquel.Posso garantir. Após alguns minutos de silêncio,ele perguntou meigamente compreendendo a sensibilidade da moça naquela situação difícil. - O que você decidi,filha. Quer saber onde ela está,a princípio. Depois você pensa no que vai fazer. Amedrontada,ela decidiu: - Sim.Eu quero saber onde e como ela está, a princípio. - Ótimo! - alegrou-se o senhor Claudionor. - Amanhã marcarei um horário com o Xavier e ele virá aqui. Raquel estava emocionada.Levantando-se ,ela perguntou: - Como posso pagá-lo por tudo. O homem sorriu e respondeu com ar alegre: - Com duas coisas,filha. Ela ficou na expectativa e ele falou: - Primeiro cuide do Alex. Ela vai precisar muito de você.Segundo - ele sorriu e disse: - quero um abraço seu. Raquel esboçou um sorriso tímido com lágrimas de emoção,aproximando-se dele e o abraçando,meio temerosa,beijou-lhe o rosto,dizendo; - Obrigada,senhor Claudionor,o senhor é um pai para mim. - Não por isso, filha.Não por isso - respondeu ele com lágrimas nos olhos ao vê-la vencer-se com esforço. O pai de Alexandre estava emocionado.Dono de um grande coração amoroso,ele fazia por Raquel o que faria por um dos filhos.Aliás,senhor Claudionor e dona Virgínia adotaram,em seus sentimentos,Raquel como filha. Ao observarmos certas famílias que transparecem com harmonia,união,respeito e amor,que se entrelaçam pela comunhão de pensamentos,pela identidade de gostos ou aceitações ,pela igualdade de ideias,passamos a entender claramente que os verdadeiros laços de família são os do espírito ,porque são duradouros e fortalecidos pela multiplicidade das reencarnações,onde renascidas ,essas almas queridas se buscam e se afinam para darem cumprimento á evolução individual e em grupo. É comum constatarmos no meio deles criaturas que se irmanam pela amizade sincera e fraternal. Ainda outras,que mesmo não nascendo da mesma consanguinidade,são tão amadas e tão bem acolhidas pelos corações amorosos que compõem esses grupos familiares que chegaríamos a perguntar: "Existem mesmo filhos adotivo". Sabemos que somos espíritos reencarnantes e que as verdadeiras famílias são formada pelos laços do espírito;quem pode então garantir que naquele corpinho do filho adotado não se encerra uma alma querida e que nos pertença pela afeição espiritual,única e verdadeira. Que som seria mais agradável aos nossos ouvidos do que o suave chamar: - Mamãe! - Papai! Não importando se saiu da boquinha que nosso corpo ajudou a formar ou daquela que o coração elegeu como filho e que a alma reconhece como seu! Que alegria seria maior do que reconhecê-los " filhos de alma",que não vieram pelos frágeis laços do físico,mas pelos inquebrantáveis elos espirituais,para mutuamente se ajudarem a progredir na caminhada evolutiva. Nós nos consideramos filhos legítimos de Deus,mesmo Ele nunca tendo reencarnado. Recusar o pai adotivo é o mesmo que recusar o Pai que está nos Céus,como nos disse Jesus, e que deu-nos a vida e as oportunidades mais propícias as nossas condições evolutivas.
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Um motivo para viver
DuchoweRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...