Vagner,a certa distância,observa Raquel e, bem mais tarde,quando ela arrumou para ir embora,a seguiu. Preocupada com sua condução ,a moça andava apressada pelo pátio onde haviam poucos veículos estacionados. A iluminação fraca a deixava nervosa,pois o lugar parecia um tanto sombrio por causa das árvores que impediam a luz de clarear como deveria. Vagner acelerou os passos alcançando-a e colocando-se à sua frente. - Você não deveria fazer isso! - respondeu ela,nervosa. Ao procurar sair da frente do colega para seguir seu caminho,ele a impediu segurando-a e dizendo: -Não fique assim.Vou levá-la para casa. Raquel esquivou o ombro que Vagner segurava e respondeu: - Não.Obrigada. - Hei! Espera! Que é isso? - Por favor,Vagner.Solte-me! Preciso ir! - revidou ela, quase gritando. Vagner a segurou com firmeza pelo braço e, estampando um sorriso,argumentou: -Calma ... as coisas não são assim. Apavorada,Raquel sentia seu coração acelerar.Um medo aterrorizante a dominou e ela gritou procurando reagir fisicamente. - Solte-me! Vagner a segurou com mais força,levando-a de encontro a parede do prédio,abraçando-a tentando beija-la à força. Raquel se contorceu e gritou,momento em que o empurrou.Conseguindo se soltar ,saiu correndo desesperada.Nenhum segurança estava nas proximidades. Vagner tentou alcança-la,mas ao se aproximar da portaria desistiu. Raquel,ofegante e assustada,passou pelo guarda que estava dentro da guarita que nem percebeu,pois se entretinha com um programa que passava na pequena televisão que havia lá. Ganhando a rua, ela correu até o ponto onde pegaria a condução.Apavorada,sentiu-se mas segura ali na presença de outras pessoas. Raquel tentava conter seu nervosismo e as lágrimas,mas era quase impossível. Ela tremia toda e tinha a respiração alterada. Ninguém ousou perguntar o que estava acontecendo. A custo ela conseguiu se controlar aparentemente. Enquanto isso, Alexandre,após chegar em seu apartamento,sentia que algo ainda o incomodava . Acreditou que após um banho e uma alimentação se harmonizaria. Mas isso não ocorreu; nem conseguiu se alimentar direito. Foi para sofá,largando-se na frente da televisão,no entanto sua atenção não se prendia nos programas exibidos.Seus pensamentos estavam concentrados em Raquel. " Como fora se envolver em tamanha encrenca? Jamais alguém pode se deixar prender assim." Alexandre não conseguia desviar suas ideias de Raquel. Uma irresistível atração o prendia.Ela era cativante,emotiva e meiga. - Droga ! - quase gritou ele nervoso. - Isso não vai acontecer novamente! - completou,jogando para longe de si uma almofada que antes prendia apertada ao peito. Levantando-se irritado, Alexandre andou de um lado para outro sem saber como deter aqueles pensamentos. Ele já havia sofrido muito por ter se apegado,por ter amado tanto alguém. Prometera,então,a si mesmo, que nunca mais isso iria acontecer. Contudo,sem perceber, a imagem de Raquel se fazia em sua mente, não só bela,ele a achava maravilhosa,dócil e delicada. " Como nunca tivera um namorado?" pensava. " Por quê? Uma moça aos vinte e um anos não ter namorado! Isso não deveria ser verdade." continuava ,inquieto e curioso . " E o Vagner? Ele a estava incomodando.Aquele cara não presta! Raquel é tão diferente." Tudo nela era agradável para ele. Era gostoso poder fitá-la. Queria tê-la agora consigo. Poder abraçá-la,beijá-la ... Raquel foi a única que ,até então ,não se insinuou tentando conquistá-lo. Alexandre,deslumbrado,sonhava acordado com a linda Raquel,mas repentinamente,negava tudo o que,sem perceber,formava-se em sua mente logo em seguida,independente de sua vontade. - Não! Estou ficando louco - falava ele,sozinho. -Aos trinta e dois anos não posso me deixar iludir por uma ... uma menina. Segundos depois,tornava a lutar contra si mesmo. - Mas eu tenho que ajudá-la. Raquel parece não ter experiência nem apoio de ninguém mais. Preciso conhecê-la melhor. E passando as mãos entre os cabelos,incomodado com os pensamentos teimosos. Alexandre atirou-se mais cedo na cama e custou muito para conciliar o sono.
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Um motivo para viver
DuchoweRaquel nasceu em uma fazenda,numa pequena cidade do Rio Grande do Sul.Morava com o pai,a mãe,três irmãos e o avô,um rude e autoritário imigrante clandestino da antiga Polônia russa. Na mesma fazenda,mas em outra casa,residia seu tio Ladislau,com a m...