Capitulo XVIII

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A palavra de uma mulher sempre será contestada, sempre haverá dúvida, sempre terá que ser provada, ninguém acredita de primeira quando uma mulher fala que foi violentada, ela precisa se submeter a exames invasivos para se provar vítima de uma doen...

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A palavra de uma mulher sempre será contestada, sempre haverá dúvida, sempre terá que ser provada, ninguém acredita de primeira quando uma mulher fala que foi violentada, ela precisa se submeter a exames invasivos para se provar vítima de uma doença nojenta que é o estupro, quando falamos que sofremos assédio nas ruas temos que provas para a sociedade que não aconteceu por conta da nossa roupa, quando engravidamos e trabalhamos ao mesmo tempo, precisamos provar que damos conta de tudo isso, porque se não somos mandadas embora, quando somos simpáticas com alguém, nos chamam de fácil ou falsas, se falamos o que queremos, somos as loucas e dissimuladas, se não aguentamos mais em um relacionamento abusivo ao extremo e resolvemos nos separar, apontam o dedo em nossos rostos e falam que jamais teremos uma pessoa melhor.

Eu lembro da minha infância, meu pai não deixava eu ter amizade com os meninos, eu não tinha a liberdade de brincar de médico, porque apesar de ter somente cinco anos, os adultos já colocavam maldade em uma brincadeira, tudo se resumia a "esse é o seu namoradinho Any?", como se o sonho da minha vida fosse crescer e me casar, e quando eu disse que não queria isso como prioridade da minha vida tive que escutar de uma tia que minha mãe não havia criado uma mulher certa para se casar, na época eu não entendi muito bem, o porque de sempre em meus aniversário eu ganhar cozinhas, bonecas, louças, mini vassouras enquanto os meus primos ganhavam kits de química, carrinhos legais e bonecos de ação que faziam de tudo, mas quando você cresce um pouquinho tudo começa a fazer sentido.

Aos quinze eu me rebelei aos olhos dos retrógradas da minha família, quando fiz minha primeira foto de biquíni em um estúdio para o meu photobook recebi olhares estranhos em todos os almoços de família, falando que jamais me daria ao respeito, a minha resposta na época os calou "eu só preciso de um respeito para viver, e é o meu próprio ", meus pais nunca ouviram tanto na cabeça deles sobre sua filha ser uma linguaruda mal educada, porém pelas notícias que eu andei recebendo em minhas ligações, os meus tios andam falando sobre o sucesso da sobrinha famosa que ficou rica e famosa sendo uma modelo e obviamente falando sobre o herdeiro que ela havia conhecido no caminho.

O mundo jamais esteve preparado para as mulher fortes que viveram, eles a amarram e tacaram fogo as chamam de bruxa, a apedrejaram em praça pública por conta dos pecados que cometiam que eram iguais aos dos apedrejadores, era mais fácil apontar os erros de uma mulher, porque no final das contar sempre seremos julgadas como erradas.

"Talvez a capitu nunca tenha traído o bentinho, mas ninguém vai pensar por esse lado ".

Josh havia me ligado, pedido para que eu encontrasse com ele no local onde haviam ido resgatar as meninas, Ivan passou o caminho todo em silêncio, já dentro da minha cabeça a gritaria dos meus pensamentos não me deixava pensar, eu precisava ser forte para aguentar o que veria atrás daquelas paredes, mais uma vez eu provaria para mim mesma e para eles que eu poderia me virar com toda essa confusão, porém eu sempre precisei me provar internamente das coisas, muito mais do que para as pessoas, eu era a minha pior inimiga e a única que não tinha forças para duelar.

Angel- Beauany Fic Onde histórias criam vida. Descubra agora