Capítulo 52

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A Mari quebrou totalmente o meu gelo, me senti em casa. E ela não forçava a barra, a conversa estava fluindo e Gustavo estava radiante. Depois do farto café da manhã ficamos na parte do jardim conversando apenas as mulheres, Amanda estava evitando tocar no nome de Gabriel e nos estávamos respeitando isso. Fomos montar a árvore de natal para a noite de amanhã, e como isso mexia comigo.

Não queria demonstrar mas era algo demais pra mim, sai de fininho deixando elas na sala principal e fui para a parte externa onde havia um deck com um balanço bem aconchegante, me sentei e fiquei observando a natureza, a vista daquele lugar que era sem igual.

Gustavo: pensamento longe? -ele falou chegando de fininho e me arrancando um sorriso.

Gustavo estava sempre em alerta, e mesmo ali com a família ele não tirava aquele pose de homem mal vestido com a sua calça de sarja preta, sapatênis e uma camisa social com as mangas dobradas e aquela arma na cintura escondida, mas que eu sabia que estava lá.

Victoria: um pouquinho, eu confesso -respirei fundo ainda sorrindo me afastei um pouco pra ele sentar ao meu lado.

Gustavo: quer conversar? -sua mão repousou em minha coxa e nos olhamos.

Victoria: não sei lidar com festas em família, festas comemorativas principalmente -engoli seco- não quero que pense que não estou grata e contente por ter me convidado mas é que -respirei fundo- é tão estranho pra mim.

Gustavo: entendo -ele falou sem tirar os olhos de mim- e não te culpo por isso -sua mão tocou a minha e seus dedos deslizavam pela palma da minha mão- não quis te pressionar trazendo aqui e conhecendo a minha mãe, mas é que -ele deu uma pausa e passou a mão entre seus cabelos e um sorriso tímido nada típico de Gustavo- não consigo pensar mais em ficar sem você do meu lado.

Senti um arrepio, um frio na barriga e uma vontade de abraçá-lo e não deixar escapar de mim. Eu sorri entrelaçando os nossos dedos e deitei a cabeça em seu ombro.

GUSTAVO

Vic já havia passado por tanta coisa e isso me deixava louco, queria ter o poder de tirar todos os pensamentos e coisas ruins que ela já viveu e sentia raiva de não poder fazer isso. Ficamos ali sentados juntos até o sol se pôr, e foi a vista mais linda que eu já vi mesmo indo todos os anos para aquele mesmo lugar. Eu nunca parei, eu nunca tive um momento assim de paz, me desligando totalmente do mundo e ela trouxe à tona um lado meu que nem eu sabia que existia.

Minha mãe e Amanda apareceram lá fora empolgadas e sorrindo felizes após montarem a árvore de natal, era uma tradição das duas desde quando Amanda entrou para a família. Elas começaram a fofocar sobre os famosos, novelas e foi a minha deixa para levantar deixando as três a vontade e fui procurar Gabriel. Ele estava no escritório do nosso pai sentado em sua poltrona fumando um dos seus charutos super caro e importado.

Gabriel: ele nos xingaria se pegasse a gente aqui -ele falou rindo e estendeu o charuto na minha direção e peguei.

Gustavo: com certeza sim -eu ri e dei uma puxada.

Gabriel: posso te fazer uma pergunta?

Gustavo: Gabriel perguntando se pode perguntar algo? Isso é raro. - ri e me aconcheguei na poltrona em frente a mesa do nosso pai.

Gabriel: engraçado você -ele falou resmungando e por fim riu- você acha que foi certo deixarmos Igor sumir do mapa?

Gustavo: foi um puta de um erro meu -falei com sinceridade e ele balançou a cabeça afirmando.

Gabriel: A Vic te tranquiliza até demais, está te tirando da sua vamos dizer zona de conforto? -ele fez uma pausa e cruzei os braços- não é zona de conforto, mas te tirando do seu verdadeiro "eu".

Gustavo: ela me devolveu um lado bom que eu nunca pensei ter.

Gabriel: você está bonzinho demais mano -ele riu e revirei os olhos negando com a cabeça.

Gustavo: só estou pensando mais antes de agir, antes de fazer algo por impulso. Não temos mais o nosso pai aqui para passar o pano nas merdas que a gente fazia Biel, essa é a real.

Gabriel: você acha que ela da conta da vida que levamos? -senti uma porrada no estômago ao ouvir essa pergunta dele.

Não soube o que responder, eu balancei a cabeça e ri de nervoso porque ele tinha noção. Amanhã ou depois ela poderia se cansar de viver aquilo e ir embora pra sempre. Eu nunca tive nada tão próximo de um relacionamento como eu tenho com ela, e não é nada definido ainda e aquilo fez eu me sentir um merda.

Gustavo: acredito que sim, ela se saiu bem na boate. Principalmente no dia em que fomos até o El inferninho e ela, bom.. caramba ela se saiu bem demais.

 caramba ela se saiu bem demais

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