J U L I A
Laço?
Como assim?! Eu não sei como é isso, não sei ter um relacionamento, não sei como não enjoar de alguém, fudeo!
Chegamos em um lugar que vendia pastel no morro. Várias pessoas pararam pra olhar. Sai da moto arrumando meu cabelo de cabeça baixa.
Morro de vergonha po, ta amarrado! Acabei de chegar e não quero sentar na janela. Sem dúvida tem meninas que ficam de olho nele desde que se conhecem por gente, afinal, o Ret, querendo ou não, é um homem gostoso pra caralho.
Ele desceu logo em seguida passando o braço por mim me fazendo segui-lo.
Nós sentamos um do lado do outro, continuei de cabeça baixa, tá maluco...
- Quer o que loira?
- Pode ser pastel de queijo- falei baixinho.
- Qual foi loca? Tu não é assim.
- Já te falei que fico muito desconfortável quando essas pessoas ficam me olhando- mexi no meu cabelo olhando pra ele.
- Quero tu normal carai, ta te incomodando? Eu resolvo agora.
- Não precisa- nossos pasteis chegaram e ele começou a comer que nem um monstro- tem comida em casa não filho?
- Só tu mermo- me gastou fazendo com que desse um tapa fraco em seu braço
Ficamos em silêncio olhando pra cara um do outro por alguns minutos.
- Porque você não me fala teu nome?
- Um bagulho muito íntimo.
- Ret, tu me fala que quer tentar um bagulho mas não tenta se abrir. Ai fica difícil comigo- Terminei de comer- Eu também tenho dificuldade nisso.
- Ninguém nunca se importou comigo paty, não sou acostumado a ter alguém me chamando pelo nome perguntando como eu to, ta ligada?- assenti.
- E a Joice, o Cobra?
- Eu sempre demonstro estar bem até quando estou mal. Eles não precisam saber dos meus problemas, não agregam em nada a vida deles.
- Mas me agrega. Eu quero saber a partir de hoje Matheus- sorri dizendo seu nome fazendo o mesmo sorrir de lado também.
- Como tu sabe meu nome demônia?- cruzou os braços me olhando
- Joice fala que "Matheus isso" "Matheus aquilo", eu só tive que associar a alguém e parece que acertei- disse com um tom vitorioso.
- Já sei que não posso esconder os bagulhos de tu- me puxou fazendo eu encostar a cabeça em seu peito
- A base de tudo é a confiança e você pode confiar em mim Ret.
- Tu quer mermo tentar paty? Se não quiser não vou te forçar a nada.
- To gostando de ter isso aqui contigo mas...- olhei pro mesmo- Eu sou uma confusão Ret, você não vai querer isso pra você .
- Loirão - coloquei seu cabelo loiro atrás de sua orelha- Você é a confusão mais linda que eu já vi.
- Então não reclama quando eu tacar copo de vidro em você, te caçar do nada, te ameaçar de morte e muito menos quando a gente brigar do nada- disse séria e ele riu desviando o olhar pra chamar o garçom.
- Tu é maluca po, gosto assim- selou nossos lábios.
Nesse momento todos viraram pra cochichar e eu antes de eu voltar a abaixar minha cabeça Ret se levantou batendo forte na mesa me assustando.
- Sem fofoca nessa porra! Se chegar no meu ouvido que tão falando merda vou levar pra boca pra resolver lá. Não quero o nome da mina na boca de vocês não- disse ríspido se levantando me fazendo o olhar.
- Achei tão meigo, carinhoso mesmo, sabe?
- Bobona tu- subiu na moto e eu fiz o mesmo- Quer ir pra casa agora?- neguei fazendo mesmo dar partida.
Fomos para o alto do morro, um lugar lindo que dava pra ver a Rocinha toda iluminada o que me fez sorrir comigo mesma.
- Aqui é lindo demais
- Pra porra né? Meu lugar de refúgio- se sentou na mureta.
- Já trouxe quantas aqui?
- Uma lerdona ai.
- Me fala dela...
-Ela loira, magrinha, mora na barra, chata pra caralho- revirei os olhos e o Ret me puxou para um beijo calmo.
- Acha que estamos indo muito rápido?
- Acho que tamo nosso tempo, a culpa não é nossa que somos intensos.
- Verdade- me abraçou por trás ficando um tempo calados vendo a vista- Vou pintar meu cabelo.
- Pra que? Ta gatona assim.
- Não agora, mas eu vou pintar.
- Se tu pintar eu pinto de verde.
- Agora mesmo que eu pinto- ri- Quero te ver em uma vibe mais vegana mesmo.
- Brinca mais que a brincadeira tu né?
- Tenho esse dom- ri
Ficamos um tempo mais conversando até que fomos pra casa dele. Chegamos rápido e então eu fui pro meu banho. Que não demorei muito também. Quando voltei pra cama me deparei com uma surpresa.
-Que isso?
- Ele teve um pesadelo- beijou a cabeça do mesmo- Tem problema dormir aqui?
- Claro que não- afirmei indo ao guarda roupa- Onde fica as suas blusas?
- Vai pegar não po- ligou a tv e eu fiquei esperando vendo ele bufar- Na porta da direita.
Sorri vitoriosa pegando uma preta mesmo me deitando junto a eles. Gui desgrudou do Ret me abraçando ficando com a cabeça no meu peito junto ao seu paninho e chupeta
Em pouco tempo vi meu sono chegar...
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Meu mundo - concluída
FanfictionJulia, uma menina que mora na barra acostumada a sempre ter as coisas do bom e do melhor se apaixonada por Ret, dono do morro da rocinha que sempre batalhou pra ter tudo o que tem na vida.