J U L I A
Acordo com a Maia me arranhando pedindo peito com os olhão dela aberto. Sorri de leve percebendo que atrás dela não tinha ninguém. Não quero falar nem escutar a respiração dele. O que ele fez ontem foi um absurdo! Sei como é crescer sem uma mãe presente pois não tive uma.
Onde ela está só Deus sabe e me sinto bem ao ter o poder de escolha de correr ou não atras dela. O que o Ret fez não foi nada menos que tirar esse poder de escolha do Guilherme. Que não sabe nem o que come no almoço se eu não falar. Uma criança teve a mãe morta pelo seu próprio pai? O que você faria se escutasse exatamente essa frase?
Será que ele acha que consegue esconder esse segredo do próprio filho pra sempre? Por que eu garanto que não vai. Se a alguns anos ele não contar eu mesma conto. Paro de viajar nos meus pensamentos quando sinto Maia largar o meu peito vendo que dormiu. Agradeci a Deus pelo milagre levantando devagarinho.
Sai do quarto, após fazer minha higienes e cercar a neném com travesseiros, indo em direção a cozinha vendo já o demônio sentando tomando seu café lendo jornal. Ele tem o que? Cinquenta anos?
- Bom dia morena- falou me fazendo ignora-lo completamente- Bom dia morena- repitiu.
Coloquei minha xícara de café, passei por ele me dirigindo a sala.
- Sabe se o churrasco que a gente ia nesse fim de semana ta de pé?- sentou ao meu lado.
Deu moral? Nem eu! Fiquei bem linda vendo minha série tomando meu bom cafezinho. Ret que se mate tentando falar comigo.
- Vai me responder não?- ignorei rolando os olhos- To falando com você Julia.
- Mas eu não to falando com você. - afirmei me levantando.
- Tirando Ko com a cara do CV malucona? Fumou maconha estragada? Fiz nada po- me seguiu.
- Se você acha que todas as suas atitudes estão pertinentes, continua fazendo. As vezes o equívoco é meu mesmo.
- Ta falando vários bagulho que eu nem sei o que significa, parece advogada. Que que eu fiz?- Virei olhando pro mesmo com cara de "ta falando sério?" e ele suspirou com ar de raiva. Já ta ficando putinho?
- Você não tem nada a ver com as escolhas que eu tomo pro Guilherme quando se envolve, envolvia- se corrigiu- a Soraya.
- Ta bom- me despi trocando de roupa- Maia ta dormindo, fala baixo.
- Ta bom?- concordei- Ta bom o caralho Julia, discute comigo!
- Não- olhei nos olhos do mesmo- Ret, sinceramente não estou afim de discutir com você igual crianças de quatro anos por ego. Sei que estou completamente certa do meu ponto de vista e se você quiser continuar se enganando por tal fato, continue. Eu não vou falar com você novamente até você perceber a merda que fez. Passar bem!- peguei minha bolsa colocando meu celular que estava na cabeceira.
- Morena, pelo amor deu Deus. Não podemos fingir que isso nunca aconteceu?
- Não- beijei a cabeça da Maia- Ve se não esquece de deixar ela na creche. Boa tarde- bati a porta de casa sorrindo vitoriosa. O mau do Ret é acha que eu não consigo jogar o mesmo joguinho sujo que ele porque ele é foda, bandidao e blablabla, mas esquece que ninguém é tão manipulador quanto um patricinha que sempre tem o que quer.
Dessa vez eu quero ele beijando meus pés!
[...]
- Se liga menó- Entrou na minha sala enquanto eu almoçava me dando um susto que quase engoli o sanduíche inteiro de uma vez - Você não é porra nenhuma pra achar que pode me manipular como acha que pode me manipular!
Comi olhando atentamente cada detalhe do seu drama. Às vezes gosto que ele entre em completo colapso por não saber o que passa na minha cabeça. Esquece que, assim como ele, sou indecifrável quando quero...
- Se quiser ficar ai de graça sem falar comigo ou só falar quando quer, por mim foda-se ta ligado? Só não esquece que ficando assim as mina percebe e começa a vir pra cima de mim.
- Ta falando que vai me trair se eu não voltar a falar com você?- disse calma bebendo meu suco de laranja.
- Se quis interpreta assim, pode ser isso mermo po- cruzou os braços
- Então ta, vai lá buscar em outra o que eu tenho- me levantei em direção - Pode sair agora que eu tenho que dar aula, boa tarde Ret- sorri maliciosa.
- Seu sorriso de convencida me da raiva sabia?
- Sabia- fechei a porta em sua cara.
[...]
- Filho quando for se jogar na piscina tira o uniforme por que to sem tempo de lavar, ta?- assentiu com a cabeça. Cheguei em casa no meio da tarde graças à deus! Acabei minhas aulas de hoje e resolvi fazer um churrasquinho simples aqui em casa.
Entrei no meu quarto vendo Ret e Maia brincando na cama, sorri discretamente. Agachei falando com a minha branquela e logo me virei pro guarda-roupa pegando meu biquíni . Ta um calor do caralho no Rio de janeiro. Depois que me visto tiro seu body deixando a mesma só de fraldinha com aquelas pernas cheias de dobra pra fora.
- Quem é a branquela gorda mais gostosa da mamãe?- brinquei vendo Maia sorrir- É você meu amor!- Pego ela indo em direção a piscina. Obviamente não vou colocar a querida, afinal só tem dois meses ,mas, nada me impede de tirar o mofo da criança. Uma corzinha ela tem que ter, né gente.
- Cheguei pra felicidade de vocês!- Cobra falou chegando com as carnes.
- Cadê minha amiga e teu filho?- perguntei enquanto ele temperava as carnes.
- Tão entrando, deve ta la na sala trocando a fralda do menozinho. Cadê Ret?
- Por mim? Ele estaria na...
- To aqui irmão- se abraçaram.
- Ela já sabe?- disse baixo.
- Sabe, acha que ela ta assim porque?- acende um cigarro.
- Sei lá irmão, essa sua morena é meio maluca.
- Cade a bebê da dinda?!- chegou gritando assustando a Maia que automaticamente chorou- Ai meu deus não, não, não- a pegou do meu colo.
- Oi pra você também amiga- falei rindo.
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Meu mundo - concluída
FanfictionJulia, uma menina que mora na barra acostumada a sempre ter as coisas do bom e do melhor se apaixonada por Ret, dono do morro da rocinha que sempre batalhou pra ter tudo o que tem na vida.