Julia, uma menina que mora na barra acostumada a sempre ter as coisas do bom e do melhor se apaixonada por Ret, dono do morro da rocinha que sempre batalhou pra ter tudo o que tem na vida.
Chego no hospital sentindo a pior dor da minha vida. Nem eu sei como estou tão calma... sem dúvida deve ser por que estou surtando por completo internamente mas ai nós focamos no exterior pra manter a pose de patroa.
Meu tampão saiu dois dias atrás mas não dei muita importância, afinal, estava preocupada demais com o sumiço do Gui. Mandei foto pra minha doutora e ela falou que era normal e qualquer hora é hora...mal sabia que estava tão perto assim.
Minha cólica era constante não aquelas que vem e vão. Alguns minutos antes do Ret chegar elas começaram uma seguida da outra. Realmente é maior dor do mundo, pelo amor de deus!
Assim que cheguei já havia uma banheira quente me esperando junto com a minha doutora. Como minhas contrações eram muitas em um curto espaço de tempo ela logo achou que a Maia estava aqui, mas não, estava com apenas 3 centímetros de dilatação.
Muita contração e pouca dilatação!
Entrei na banheira vendo o Ret mais nervoso que nunca, so de olhar me deixava nervosa! A cada contração que vinha enfermeira me fazia uma massagem que juro, não teria como me aliviar mais.
Conforme a dor foi aumentando eu sai da banheira por não estar aguentando mesmo.
-Doutora pelo amor de Deus me dá a analgesia- pedi a ela que fazia massagem nas minhas costas.
- Tem certeza?
- Ou vai ser isso, ou cesárea porquê eu realmente não to aguentando mais. Ta doendo muito, acho que cheguei no meu limite. Eu to exausta!
- Calma Ju, você aguenta- sussurou em meu ouvido com sua voz rouca.
- Tudo bem então, chama o doutor Ricardo pra dar o analgésico- falou com a enfermeira.
Acho que nunca vou agradecer a alguém como eu agradeço a essa homem! Que anjo meu deus!
Como a analgesia não é anestesia ela não tira completamente a dor também mas eu te garanto que alivia demais!
- Você pode descansar um pouquinho, quer tentar?- assenti.
Os mesmos apagaram tudo e deixaram uma música ambiente o que me fez relaxar até dormir.
Meu sono não durou muito. Na minha percepção no máximo umas duas horas, acordo novamente com muita dor.
- Doutora, eu to com muita dor de novo, eu quero cesárea pelo amor de deus!
- Calma, vamos ver a sua dilatação- colocou a luva fazendo o exame de toque- dez centímetros Ju, vai nascer!
- E o que que eu faço agora?!- olhei espantada.
- Você vai saber a hora de empurrar, sente seu corpo!
- Vamo Juliana, eu to aqui. Não posso te ajudar muito mas to aqui o tempo todo e não vou sair do seu lado- me falou enquanto estava em lágrimas.
Minha cabeça estava a milhão, não sabia como seria daqui pra frente, e se eu falhar com ela? E se eu não for uma boa mãe? Onde tem o botão de cancelar operação?!
- Eu não consigo, não vai dar certo doutora. Não tenho força.
Não conseguia pensar em nada, nem conseguia deixar meus olhos abertos. Era um turbilhão de dores, sentimentos e emoções no mesmo segundo.
Admiro quem tem plano de parto porque, pelo amor de deus, como vocês conseguem?!
- Empurra! -repetiu pela última vez.
E foi ali que eu renasci. Foi ali que eu senti o maior amor da minha vida. Foi ali também que eu cai em lágrimas ao senti o nosso primeiro contato. Seu choro era aliviante.
Olhei pra cima vendo o Ret cair em lágrimas junto comigo.
Ela nasceu perfeita! Tão perfeita que nasceu mamando tanto que até regurgitar ela regurgitou.
- É nossa, Loirão- fez carinho em sua cabeça.
- Ela é nossa, branquelo- sorri com lágrimas escorrendo pela minha bochecha.
- Parabéns papais- sorri serenemente.
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