J U L I A
Se eu me encontrasse alguns anos atrás e me contasse onde moraria e com quem seria casada falaria que estão loucos. Penso reflexiva olhando nosso filho jogar bola em sua primeira final do campeonato de futebol do bairro com meu caçula no peito. Minha filha está de pé de mãos dadas com um homem sem camisa na minha frente. Em suas costar carrega uma tatuagem com a escrita "Numa margem distante".
Ret esta apreensivo. Mesmo demonstrando a todos sua total convicção na vitória, eu sei exatamente o que seu comportamento quer dizer. Matheus tem fome de vitoria e quer que Guilherme seja igual. Forte, determinado, destemido e inabalável.
- Toca a porra da bola Guilherme! O time não é só você não, filha da puta!- grita com as palavras mais delicadas e reconfortantes possiveis.
- Puta é sua mãe!- falo guardado meu peito vendo Theo bebado de leite. Altos shots!
- Que isso morena- ri- é so força de expressão.
- Vai ver a força de expressão quando ela dormir de calça jeans- Cobra comenta sorrindo
- Que isso menó, voz da experiência?
- Ainda filho, tua irma é piroca da cabeça e faz uma parada do nada- diz automaticamente levando um ta ligado da Joice - Coe preta, na frente da rapaziada mermo?!
- Do nada? Sonso!- fala se sentando com meu sobrinho.- O desgraçado tava dando ideia em uma mina
- Óbvio! Falou que era pra te esquecer e me botou pra fora de casa porra- se explica quando sente o olhar fuzilador do Matheus.
- Eai bofe? O cu não tem nada a ver com as calças!- cruza os braços. Luiz chega por trás da mesma a enchendo de beijo me fazendo revirar os olhos.
- I ala mané, ta revoltada Jujubinha?- Luiz debocha da minha cara
-Ta sendo mal comida é?- Joice diz. Po, tu vai lançar uma dessa é pedir pra gastar a onda no Matheus! Macaco, quer banana?!
- Porra, muita coisa- sinto o olhar em mim de forma imediata
- Ai eu quebro a costela dela dando soco, é violência domestica...- diz com aquele sorriso gostoso do caralho, sentava na cara dele absurdamente! Ret se vira pro jogo novamente fazendo meus pensamentos intrusivos se calarem.
[...]
- Maya, em nome de jesus, deixa esse garoto quieto se não vou te sentar o caralho! Porra! Ligada no 520!- estalo a língua voltando a comer. Tem necessidade acordar a porra da criança?! Me encosto no balcão da churrasqueira observando o ambiente. Amo meus filhos.
O churrasco emana união, amor, carinho...ainda mais na minha "pequena" família, rs. Gui ganhou o campeonato como zagueiro e obviamente Ret, baba ovo, pegou pra fazer um churrasco. Ja que ele nem gosta mesmo, resolveu fazer essa graça.
Já estava virada no caralho lembrando que o próprio vai ficar bebado, a menina não vem amanha e eu vou ter que limpar essa merda toda sozinha e cansada. Santo Deus, dê força a todas as mamães por que só paciência não resolve!
- Ta putinha é?- sinto sua mão na minha cintura e já abro um sorriso...meu lindo. Me recomponho antes de responder.
- Cara, vem me estressar não que você já ta com cheiro de bebida!
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Meu mundo - concluída
FanfictionJulia, uma menina que mora na barra acostumada a sempre ter as coisas do bom e do melhor se apaixonada por Ret, dono do morro da rocinha que sempre batalhou pra ter tudo o que tem na vida.