Por trás das câmeras - VALU

' Cap 18 - dia de merda.

Não é possível, eu devo ser uma vagabunda mesmo; devo ser uma vagabunda que jogou pedra na cruz pra não merecer um minuto de paz nessa minha vida.

- o que você está fazendo aqui? - pergunto indignada e surpresa dela está ali.

- desculpa, eu só queria conversar com você- ela responde.

- conversar o que? A gente já falou tudo que tínhamos pra falar.

- não, eu não falei tudo que eu queria falar, por favor, me dar um minuto?! - ela implora.

Eu confesso que não consigo odia-la, mas eu sei que também não a amo mais, é um sentimento indiferente.
Mas fiquei curiosa pra saber o que mais ela tinha a dizer.

- vem. Você tem um minuto. - digo abrindo a porta e entrando, ela vem logo atrás de mim.

- isso aqui tá um pouco diferente, você fez algumas mudanças, mas eu ainda reconheço várias coisas aqui- ela diz enquanto passa o olhar por toda casa.

- então, o que você tem mais a dizer? Primeiro, como você sabia que eu ainda morava aqui? - questiono

- aquele dia que eu te encontrei na praia, vi que você estava de volta ao Rio, e imaginei que estivesse aqui, arrisquei e vim. O porteiro ainda é o mesmo de 8 anos atrás, ele me reconheceu e me deixou entrar. - ela responde.

- então, o que você quer?! - sou o mais ríspida possível.

- eu quero te dizer que desde o nosso encontro eu não parei de pensar em você. Não parei de pensar que tudo poderia ter sido diferente, mas eu fui a pessoa mais otaria do mundo e te perdi. - ela fala.

- eu não devia ficar surpresa com o tamanho da sua cara de pau, mas você ainda consegue me surpreender... uma coisa eu tenho que admitir, corajosa você é.  - respondo num tom irônico.

- eu tô falando sério Luiza, eu sei que nada vai justificar o que eu fiz, nada vai mudar o mal que eu te causei, mas eu só quero te pedir perdão, por tudo... eu sei que eu procurei te fazer mal pra você desistir de mim de vez, mas acontece que te ver de novo reacendeu alguma coisa em mim. - ela a argumenta.

- sabe o que reacendeu em você? Sua hipocrisia. Sua cara de pau. Sua falta empatia e responsabilidade afetiva com alguém que mudou a vida por você...

- eu sei, eu sei de tudo isso Luiza!! Eu sei que nada vai mudar o passado, mas a gente pode tentar de novo. Eu amadureci, você também. Hoje eu sei o o valor da mulher incrível que eu tive de corpo e alma e perdi. - ela insiste.

- para, para, para por favor! Você não tem direito de reaparecer depois de anos, depois de tudo e me dizer essas coisas. Por favor não faz isso! - imploro.

- porque não?! - ela se aproxima de mim.

- Letícia, para! Você não tem noção do quando eu esperei você me procurar; o quanto eu torci pra você ir atrás de mim em qualquer lugar do mundo, porque eu ainda seria capaz de te perdoar...

Ela se aproxima mais e põe uma mecha do meu cabelo pra trás da minha orelha.

- então, eu tô aqui agora, te pedindo perdão, te dizendo o quanto eu me arrependo de tudo...

- agora tudo mudou. Eu mudei, minha vida mudou, tá tudo diferente... - respondo me afastando dela.

- você tem outra pessoa? - ela pergunta.

Eu penso em responder que sim, mas a verdade é que eu não sei se tenho; Valentina não me deu razão nenhuma pra acreditar que ela quer ser minha além do que eu criei na minha cabeça.