' Cap 46 - palavras...

4.7K 266 100
                                    

- juntas assim - ela aponta a pouca mas ainda existente distância entre nós - ou assim? - cola nossos rostos.

- Eu prefiro assim... - respondo bem próxima aos lábios dela.

- a gente pode melhorar. Que tal assim...

Ela me beija, um beijo lento mas intenso.
Estava sentindo falta disso.

- porque que a gente é assim? - pergunto ainda de olhos fechados ao finalizar o beijo.

- porque eu acho que a gente sente muito, muita coisa uma pela outra e aí a gente acaba extravasando muita coisa de forma errada. - ela responde.

- eu só quero que a gente pare de se machucar...

- de todas as formas possíveis né!! - ela faz sinal se referindo a perna machucada dela e ao meu braço machucado.

Nós duas rimos da nossa situação.

- tá vendo como nós somos conectadas, até pra ficar fudidas assim a gente fica juntas... - brinco.

- não Lu, mas falando sério agora; não desconfia de mim nunca mais, por favor. Você não tem noção do quanto doeu em mim te ouvir dizer aquilo. - ela pede.

- mas eu não disse porque eu acho que você seja, eu disse contando pro meu amigo o que eu ouvi...

- se um dia você cogitar, sei lá, vier qualquer pensamento negativo sobre mim na sua cabeça, não fica me tratando com indiferença, não fica estranha comigo, por favor, chega em mim e fala.

- você também. Eu lembro o tanto que eu lutei pra você confiar em mim e se abrir comigo em relação ao Rodrigo... - lembro.

- mas nessa questão eu só queria te proteger...

- e agora eu também só queria te proteger; só queria te poupar de ouvir essas merdas todas.

- temos um empate então. - ela "brinca"

- e que permaneça um empate então, eu não aguento mais nada...

Ela para e fica me olhando.
A expressão dela muda de um semblante tranquilo para um preocupado, triste e aflito. Não posso deixar de notar.

- que foi? - pergunto.

- você ficou na mira de uma arma, apontada por um psicopata... eu não quero nem imaginar você nessa situação. - ela diz olhando em meus olhos e segurando o meu rosto.

- então não imagina, esquece porque eu também vou tentar fazer isso. A gente não merece essas coisas negativas em nossas vidas. Eu acho que de tanto a gente pensar, de tanto a gente ter essa aflição de sempre está esperando alguma coisa do Rodrigo, é que a gente atrai todas essas brigas e mágoas desnecessárias entre nós...

- exatamente! Vamos parar de pensar em coisas ruins...  vamos focar na gente, na nossa recuperação, no nosso relacionamento, em coisas boas... - ela completa.

- olha estamos conversando... parece que nosso plano de sempre dialogar tá dando certo! Principalmente pela manhã- brinco.

- né? Estamos virando adultinhas! - sorrimos.

- sim!! Falando nisso, lembrei aqui que fui dislexia o suficiente pra não ter  perguntado seu aniversário, mesmo sabendo que tem tudo no seu arquivo na empresa.Quando é? - pergunto.

- verdade né? Já aconteceram tantas coisas nesses três meses e uma data especial que é bom, a gente não sabe... mas o meu tá longe ainda... e o seu? - ela pergunta.

Nesse momento eu caio na real que nem era pra eu ter tocado nesse assunto; desde o caos todo com a Letícia, o afastamento dos meus pais, depois de tudo eu nunca mais quis comemorar aniversário, só entrei nesse assunto mesmo porque queria saber o dela, mas óbvio que ela ia perguntar também né dã!
E aí lembro que o meu já é semana que vem! Meu Deus! Eu vou fazer aniversário já...

Por trás das câmeras - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora